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Dilma com representantes do Bom Senso: compromisso de aprovar a LRFE. (Valter Campanato/ Agência Brasil)
Dilma com representantes do Bom Senso: compromisso de aprovar a LRFE. (Valter Campanato/ Agência Brasil)| Foto:

O esporte ficou à margem do debate eleitoral e, diante da enorme lista de problemas para o governo federal resolver, é possível que permaneça assim durante boa parte do segundo mandato de Dilma Rousseff. As exceções devem ser a Olimpíada de 2016 e a renegociação das dívidas dos clubes. Dois pontos de uma pauta bem mais ampla de desafios que o esporte põe diante da petista. A maioria já conhecida, mas em regra ignorada no plano de governo da petista. O Intervalo lista dez pautas esportivas que, de alguma maneira, precisam ser enfrentadas ao longo dos próximos quatro anos. Relembre o plano de governo de Dilma para o esporte.

Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte

Dilma com representantes do Bom Senso: compromisso de aprovar a LRFE. (Valter Campanato/ Agência Brasil)

Dilma com representantes do Bom Senso: compromisso de aprovar a LRFE. (Valter Campanato/ Agência Brasil)

É a primeira pauta esportiva pós-reeleição. O novo projeto, com o acréscimo das sugestões apresentadas pelo Bom Senso FC, deve entrar em discussão na Câmara ainda esta semana. Os clubes contam com a sanção presidencial da lei ainda este ano. Os jogadores confiam na aprovação do texto com as contrapartidas indicadas por eles, compromisso assumido por Dilma em um encontro no Palácio do Planalto, em julho. A entrada em vigor da lei devolverá aos cofres públicos, ao longo dos próximos 15 anos, cerca de R$ 4 bilhões devidos em impostos.

 

Fiscalização da CBF

No calor do 7 a 1 para a Alemanha, o ministro Aldo Rebelo falou em retomar devolver ao Estado o poder legal de “zelar pelo interesse público dentro do esporte”. O plano de governo de Dilma fala que “é urgente modernizar a organização e as relações do futebol”. Há no Senado um projeto em tramitação, de autoria de Alvaro Dias (PSDB-PR), que aperta a fiscalização das contas da CBF e das federações, pauta que deve ganhar o apoio de Romário (PSB-RJ), eleito ao Senado. São pontas soltas, que caberá ao governo federal decidir se pretende juntar.

 

Rio-2016 (desempenho esportivo)

A Olimpíada de 2016 é o carro-chefe do plano de governo de Dilma. A joia da coroa é o Plano Brasil Medalha, que promete, ao longo do atual ciclo olímpico, uma injeção de R$ 1 bilhão no esporte, fora os patrocínios estatais. Em troca, há uma cobrança de o Brasil ficar entre os dez melhores no quadro de medalhas. A conferir como será tratado o desempenho no Pan do ano que vem diante da iminente chuva de medalhas: se com o ufanismo que marca todo o Pan e a Olimpíada trata de esfriar ou com a prudência de quem sabe que está em uma competição de um nível bem inferior.

 

Rio-2016 (organização)

Orçamento em alta, obras em ritmo lento. O cenário da Copa se repete na Olimpíada de 2016. A conta já está em R$ 36,7 bilhões e mais da metade das obras está atrasada. No plano de governo, Dilma dá a entender que a aposta é de que o desfecho seja o mesmo da Copa: o sucesso do evento se sobrepondo ao que o governo embalou como mero “pessimismo”. Apostar que o raio cairá duas vezes no mesmo lugar, porém, é no mínimo imprudente.

 

Rio-2016 (legado)

O Centro Olímpico de Saltos Ornamentais: qual o projeto para depois dos Jogos? (Francisco Medeiros/ Ministério do Esporte)

O Centro Olímpico de Saltos Ornamentais: qual o projeto para depois dos Jogos? (Francisco Medeiros/ Ministério do Esporte)

O legado urbano está diretamente ligado ao ritmo das obras. Assim, é de se esperar que, na incapacidade de entregar algo até o início dos Jogos, seja requentado o discurso da Copa de que as obras não são exclusivamente para a Olimpíada, mas para a cidade e que se não fosse a Olimpíada, aquela obra não seria feita. No aspecto esportivo, o legado principal será medido pela conclusão dos centros olímpicos prometidos Brasil afora e o uso que será dado a eles. É necessário que todos tenham um projeto que tenha a Olimpíada como alavanca e ponto de partida. Até porque não há tempo para os novos centros formarem atletas para 2016.

 

Patrocínios estatais

Banco do Brasil, Caixa, Petrobras, Eletrobras, Correios… É ampla a lista de empresas estatais que patrocinam o esporte brasileiro. Após a Olimpíada de 2016, é inevitável uma revisão na política de patrocínio dessas empresas – hoje voltada inteiramente para o alto rendimento. No futebol, a Caixa entrou com força a partir de 2012, com contratos que, em sua maioria, se aproximam do fim.

 

As contas da Copa

Financiada em boa parte pelo BNDES, a construção de estádios e as intervenções urbanas entram na fase mais árida: o pagamento de todo o dinheiro emprestado. A missão é afastar qualquer sombra de anistia das dívidas tomadas pelos construtores privados e públicos.

 

Violência no futebol

A cena mais marcante da barbárie em Joinville: muita comoção e pouquíssimo resultado. (Albari Rosa/ Gazeta do Povo)

A cena mais marcante da barbárie em Joinville: muita comoção e pouquíssimo resultado. (Albari Rosa/ Gazeta do Povo)

A briga generalizada entre torcedores de Atlético de Vasco, na última rodada do Brasileiro-2013, desencadeou uma ação conjunta dos ministérios do Esporte e da Justiça, elencando nove medidas de combate à violência no futebol. A pancadaria está perto de completar o primeiro aniversário e, até o momento, quase nada saiu do papel. Somente a criação da Comissão Nacional de Prevenção da Violência e Segurança nos Espetáculos Esportivos avançou. Pontos cruciais, como a criação de delegacias especiais em todos os estados e a instalação de sistemas de segurança padrão Fifa em todos os estádios, não viraram realidade. Há, ainda, um projeto em tramitação na Câmara que aumenta as punições previstas no Estatuto do Torcedor a quem se envolver em brigas de torcedores.

 

Êxodo de jogadores

Outra ideia que surgiu no calor do 7 a 1. Tanto Dilma como Aldo falaram em ajustes que evitassem o êxodo de jogadores. Parte dos ajustes passa pela modernização da gestão. A outra parte, por criar mecanismos legais que combatam a saída de meninos com menos de 18 anos. Nenhuma ideia concreta foi apresentada.

O novo ministro

O perfil dos 12 anos de PT no governo foi de apostar em ministros políticos para o esporte. Passaram pela pasta Agnelo Queiroz, Orlando Silva Júnior e Aldo Rebelo. A ver se Dilma manterá esta linha – e se o ministério seguirá na cota do PCdoB.

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