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Aos 20 anos, Jean Chera é dispensado do 11º clube da carreira
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Jean Chera foi dispensado do Cuiabá. A décima primeira camisa vestida pelo meia de apenas 20 anos. Antes, Jean passou por Adap Campo Mourão, Santos, Genoa, Flamengo, Atlético, Cruzeiro, Oeste de Itápolis, Universitatea Craiova (Romênia), Pinheiros-SC e Paniliakos (Grécia). Da maioria saiu dispensado, em vários casos sem nem jogar. Foi assim, por exemplo, no Atlético. No Cuiabá, segundo o GloboEsporte.com, passou apenas 41 minutos em campo. Teve problemas de adaptação ao estilo jogo do time, problemas com a balança, problemas disciplinares.

 

É o típico caso de carreira prejudicada pela elevada expectativa da família. Escrevi duas matérias grandes com o Jean Chera em 2005. A primeira, em janeiro daquele ano, quando ele tinha 9 anos e bombou mundialmente em um vídeo na internet – o YouTube seria lançado um mês depois, então foi no site da Adap mesmo que a coisa viralizou em um tempo em que ninguém sabia o que era viralizar, ou ao menos ninguém usava o termo. Jean era o primeiro aspirante a jogador de futebol a ganhar projeção mundial graças à internet. Falava-se até em interesse do Manchester United à época. Grande história.

 

Eu e o fotógrafo Rodolfo Bührer pegamos um carro da firma, fomos a Campo Mourão tentar falar com Jean – e lá fomos muito bem recebidos pela dupla Dirceu Portugal e Dilmércio Dalleffe, correspondentes da Gazeta em diferentes épocas. Chegamos no CT da Adap sem marcar hora e a muito custo conseguimos falar com Jean e seu pai, Celso. Lembro de ter chegado a Curitiba no início da madrugada de um sábado, vim para a redação logo cedo e escrevi uma página inteira para o caderno de Esportes de domingo.

 

Alguns meses depois, novamente com o Rodolfo, fui a Santos atrás do Jean. Ele já era aspirante a novo menino da Vila. Era bem mais badalado que Neymar, que já estava por lá, também na base do Peixe. Lembro de ter me assustado com a maneira como Jean havia se tornado o centro da família. A mãe e o pai tinham deixado de trabalhar para viver em função dele – a madeireira da família, em Sinop, era administrada por um tio de Jean. O pai se deslumbrava até com a “potência” do chute de pé esquerdo do caçula Pablo nas brincadeiras pelo apartamento. E nos meses seguintes, sempre que falei com Celso, ele tinha um clube europeu novo na ponta da língua como futuro destino de Jean. Não tinha como dar certo. Não deu.

 

Sinceramente, não sei se ainda há uma carreira pela frente para Jean no futebol. Espero que sim. Ou que ele consiga construir uma boa carreira no segmento que for. Certo mesmo é que jogadores, dirigentes, psicólogos, técnicos, jovens jogadores e pais de jogadores deveriam olhar com extrema atenção para o caso de Jean. Definitivamente, a história dele é um case. E não é de sucesso.

 

P.S.: Aproveitei para revirar o arquivo da firma (Grazie, Methode!) e resgatar as duas matérias que escrevi sobre Jean em 2005. A primeira, em Campo Mourão. A segunda, em Santos, dentro de uma série que tinha também o Nikão, hoje meia do Atlético. Vale o replay – já pedi ao astuto Adriano Valenga que imprima as duas para eu ler na volta pra casa; quero ver se pelo menos naquele tempo eu escrevia direito.

 

Dica: cliquem com o botão direito na imagem e abram em nova guia ou aba para ler estas belas peças jornalísticas.

24-ESP-01-04-Capital

 

 

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