Com Júlio Filho
Verbalizado este ano pelo ex-gerente de futebol Marcus Vinícius, o temor de o Paraná encerrar as atividades virou argumento do clube para anular o leilão da Vila Olímpica do Boqueirão. O pedido de embargo apresentado nessa segunda-feira (15) na Justiça trata claramente deste risco. Não é o ponto central da defesa, baseada em questões muito mais técnicas (impedimento do juiz, irregularidades no edital, sub-avaliação do terreno, desproporção entre dívida e valor do imóvel). Mas nitidamente um apelo emocional para reforçar o efeito nocivo da confirmação do leilão.
O começo dessa parte da argumentação menciona o atendimento de crianças nas escolinhas do clube mantidas no Boqueirão e também das categorias de base que treinam e jogam no estádio. Confiram a argumentação (os negritos são do blog):
“Na sede da Vila Olímpica do Boqueirão, o executado mantém não só o estádio e seu valor histórico, mas principalmente lá fazem esporte mais de 300 crianças semanalmente, sendo o palco das escolinhas de futebol, que contam com muitas crianças pobres, e ainda as categorias de base do futebol de campo do Paraná Clube.
O Paraná Clube detém o certificado de clube formador, sendo que o incentivo e o investimento nas categorias de base são fundamentais para toda sociedade. Neste momento, retirar do patrimônio do clube o complexo da Vila Olímpica do Boqueirão é praticamente encerrar as atividades do clube, de uma forma geral.
Não há como se sustentar e de quitar suas obrigações sem as categorias de base. Da forma como posta, retirar do clube o seu estádio e sua sede trará como consequência direta a impossibilidade de cumprimento do objeto social, e o encerramento das atividades torna-se algo palpável e evidente.”
A defesa também menciona o processo da União de reintegração de posse da Vila Capanema. E lembra que a combinação entre leilão do Boqueirão nas condições realizadas e retomada da Vila deixariam o Tricolor sem ter onde jogar.
“Numa análise primária, vale relembrar ao Julgador que o Paraná Clube enfrenta atualmente outra demanda judicial, onde a União Federal pleiteia a devolução da área do estádio da Vila Capanema. Tal demanda já possui decisão desfavorável ao ora executado…
Neste norte, fica evidente que a expropriação neste momento do outro estádio do executado, a Vila Olímpica do Boqueirão se traduz em prejuízo incomensurável, já que ao ver arrematado o bem por preço vil, e sendo o único imóvel com estádio que irá lhe restar, pois o outro estádio (Vila Capanema) o mesmo possui a posse mas não a propriedade, em curto espaço de tempo irá acarretar que o clube não terá sequer local para jogar as partidas da equipe profissional de futebol e das próprias equipes amadoras.”
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