• Carregando...
(Laurence Griffiths/ Getty Images)
(Laurence Griffiths/ Getty Images)| Foto:
(Laurence Griffiths/ Getty Images)

(Laurence Griffiths/ Getty Images)

A Premier League anunciou, semana passada, a divisão dos R$ 7,65 bilhões pagos em direitos de televisão pela temporada 2014/2015. O valor recebido pelos clubes dá bem a dimensão da diferença dos critérios entre Inglaterra e Brasil na hora de ratear o dinheiro das transmissões.

 

O Chelsea, clube mais agraciado pelo dinheiro de transmissão, recebeu R$ 473 milhões. É uma vez e meia a mais que o time com menor receita, o Queen’s Park Rangers, que ficou com R$ 310 milhões. Ou seja, o time com menor cota recebeu 65% do campeão de receita. Ou ainda, o Chelsea ficou com 6,2% do total da cota, enquanto o QPR embolsou 4%.

 

Agora, vamos para o Brasil. O contrato que entra em vigor ano que vem prevê uma distribuição bem menos equilibrada. Estudo feito pelo consultor de gestão e marketing esportivo, Amir Somoggi, indica que, entre 2016 e 2018, Corinthians e Flamengo receberão R$ 170 milhões cada um por temporada. Este valor é uma vez e meia maior que os R$ 110 milhões do São Paulo, terceiro time mais agraciado na distribuição das cotas. Ou seja, a proporção entre o mais rico e o mais pobre na Premier League é igual à relação entre os dois mais ricos e o terceiro no Brasil.

 

Para a última faixa da divisão, onde está a dupla Atletiba, com R$ 35 milhões, a proporção é de praticamente cinco para um. Outros dados evidenciam essa desproporção. Corinthians e Flamengo embolsam, cada um, 13% do R$ 1,3 bilhão a ser distribuído entre as equipes. Percentualmente, é o dobro do que o Chelsea recebe na Premier League. Na outra ponta, a fatia que cabe individualmente a Atlético, Coritiba, Goiás, Bahia, Sport e Vitória equivale a 2,6% do bolo do contrato – pouco mais que a metade da fração a que o QPR teve direito na Inglaterra.

 

A discrepância é fruto da estratégia totalmente distinta de negociação. Na Inglaterra o contrato é negociado coletivamente. Metade do dinheiro é dividido igualmente entre os 20 clubes. O número de jogos transmitidos dita a distribuição de 25% e outros 25% respeitam a posição dentro de campo.

 

No Brasil, desde 2011 os clubes negociam individualmente e o único critério é o potencial de audiência dos clubes e o quanto eles estão na tela da TV. Antes, com o Clube dos 13, já funcionava exatamente assim, embora com valores mais próximos entre uma faixa e outra. Em momento algum o critério técnico balizou a partilha. O contrato ainda prevê que clubes na Série B recebem dinheiro de transmissão da Série A. O Botafogo, por exemplo, tem em 2015 na B a mesma cota que teria na Primeira Divisão. Se ficar mais um ano, o valor cairá para 50%. Se emplacar o terceiro ano, nova redução pela metade. Apenas se emplacar quatro temporadas seguidas na B o clube passaria a ter a mesma cota dos seus concorrentes.

 

Ou seja, além de distorcer a partilha no andar de cima, a negociação individual contamina o equilíbrio financeira da Segunda Divisão nacional.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]