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Vilson Ribeiro de Andrade, presidente do Coritiba e da Comissão de Clubes: após dias de confronto, diálogo conciliador. (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)
Vilson Ribeiro de Andrade, presidente do Coritiba e da Comissão de Clubes: após dias de confronto, diálogo conciliador. (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)| Foto:
Vilson Ribeiro de Andrade, presidente do Coritiba e da Comissão de Clubes: após dias de confronto, diálogo conciliador. (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

Vilson Ribeiro de Andrade, presidente do Coritiba e da Comissão de Clubes: após dias de confronto, diálogo conciliador. (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

Após duas semanas de conflito, a conciliação. O adiamento da votação da Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte (LRFE) para depois das eleições devolveu a negociação da dívida dos clubes para a mesa de debate. Um processo que será conduzido pelo Ministério do Esporte, com dirigentes e jogadores nos extremos. Ao menos no discurso, com ampla disposição dos clubes para conversar. Quem garante é o presidente do Coritiba, Vilson Ribeiro de Andrade, principal articulador dos clubes na discussão da lei.

Foi uma surpresa não ter a votação da lei essa semana?

Na sexta (1º de agosto) a gente já sabia que não ia entrar em votação porque o Ministério da Fazenda não havia se manifestado pela proposta dos clubes quanto a multa e correção. Se não fossem aprovadas aquelas condições, não haveria como ser votado. Tive essa informação antes e até por isso nem fui.

 

Então é equivocado dizer que o adiamento da votação foi uma vitória do Bom Senso?

Não tem mocinho e bandido nessa história. Os jogadores têm boa intenção, os clubes também. Todo mundo está procurando trazer uma boa perspectiva para que a lei atenda todas as partes. Tenho conversado muito com o Alex. A gente tem um diálogo muito franco e tranquilo. Vamos achar um caminho bom para todos. O diálogo facilita o entendimento e, nesse momento, não existe confronto. Há, sim, ideias que precisam ser depuradas. No fundo, os clubes dependem dos jogadores e os jogadores dependem dos clubes. Somos uma única estrutura.

 

É ruim a votação ficar para depois das eleições?

Não. O adiamento é muito relativo. Se tiver consenso, é só uma questão de operacionalidade e data. Havendo consenso e o governo tendo interesse – e tem -, anda muito rápido.

 

Como os clubes recebem o desejo do governo de reduzir o prazo de pagamento para 20 anos e passar a taxa de juros para a Selic, maior que a TJLP?

Os clubes concordaram com isso. A única diferença é em relação ao critério de avaliação da origem da dívida. O governo tem uma política que adotou no Refis da Crise e em todos os outros, de multa de 70% e débitos corrigidos com desconto de 30%. É o que os clubes querem.

 

A CBF quer incluir a retomada da Lei do Passe no pacote da Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte. É um caminho adequado?

Precisamos evoluir. O modelo que está aí não é adequados, não permite muita chance de melhoria aos clubes. Temos de blindar os clubes formadores, senão a dificuldade será cada vez maior. A Lei Pelé estabelece uma série de brechas que favorece o empresário e precisamos achar uma fórmula para combater isso. Não podemos mais conviver com essa situação.

 

Mas a LRFE é a lei para tratar desse problema?

Tem de fazer um trabalho específico, discutir o assunto com todos os segmentos. A lei tem grande chance de moralizar o futebol brasileiro, mas outros aspectos devem ser tratados numa discussão específica.

 

O que mais precisa melhorar?

A grande questão é a blindagem dos clubes, estabeceler um equilíbrio nas relações entre empresários, clubes e investidores. É preciso rever a legislação trabalhista em relação à alta performance, precisa ter índice de produtividade na avaliação. Você assina contrato de cinco anos e não tem como rescindir. Você tem jogadores com sérias dificuldades médicas que ficam muito tempo parados e não há um instrumento de proteção ao clube, que acaba arcando com todas essas despesas. Também é preciso rever os campeonatos regionais. Para clubes como Coritiba e Atlético, é prejuízo. Precisa achar uma solução para que o campeonato não morra e os clubes não tenham prejuízo.

 

Teve reunião com a Globo para tratar de melhorias no produto futebol?

Não teve reunião, mas toda conversa é positiva. A Globo é o grande investidor do futebol brasileiro e pode procurar entender os clubes, que têm seus problemas, e principalmente o cliente final, o torcedor. Vindo do maior investidor a iniciativa de conversar, é muito bem-vindo. É o momento de colocar as coisas nos devidos lugares.

 

A curto prazo é possível reduzir o abismo das cotas de tevê?

Não porque os contratos estão todos assinados. Precisamos reavaliar isso, sim, para o futuro. Encontrar uma fórmula menos desigual, mas que prestigie os clubes de maior torcida. A gente não pode ser hipócrita e deixar de levar em conta essa fator. O caminho é trabalhar o pay-per-view para reduzir a diferença.

 

Há ambiente para retomar o Brasileirão por mata-mata?

Tudo é possível ser discutido, mas o pontos corridos dá oportunidade para a competência. O resultado do mata-mata às vezes não traduz o melhor grupo. É possível estudar uma mudança, sim, mas tem uma questão importante. Nos dois últimos anos, com Copa das Confederações e Copa do Mundo, os investimentos foram inibidos. As empresas deixaram os clubes em segundo plano para investir nesses eventos. A paralisação do Brasileiro também trouxe um custo alto e os clubes passam por dificuldades financeiras em função dessas paradas, o que influi no espetáculo.

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