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Em síntese, o Ippuc fugiu do debate
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Reprodução/ciclobits.blogspot.com
Ciclovia da Toaldo Túlio é interrompida por painéis publicitários. “Quando se fala em planejamento das cidades não basta ser pioneiro. É necessário inovar sempre”.

A página de Opinião da edição de hoje da Gazeta do Povo abriu espaço para o debate sobre a ciclomobilidade em Curitiba.

De um lado, o texto Novos caminhos para a bicicleta, de autoria do coordenador-geral Associação de Ciclistas do Algo Iguaçu (CicloIguaçu), Jorge Brand (Goura Nataraj) e do coordenador jurídico da entidade, Rodolfo Brandão de Proença Jaruga, fala da necessidade de se pensar a bicicleta como meio de transporte na capital paranaense e cobra ousadia nos projetos de ciclomobilidade da cidade, propondo, por exemplo, que a ciclofaixa de lazer se torne permanente.

Do outro lado, o texto O desafio da mobilidade multimodal, escrito pelo presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Cléver Ubiratan Teixeira de Almeida, é sintomático.

Convidado para debater a ciclomobilidade, ele cita a bicicleta pela primeira vez apenas no quinto parágrafo do texto. No discurso aparece o projeto do metrô, os biarticulados, binários e a maior frota de carros do país.

Quando resolve se ater ao tema proposto pelo debate, Almeida fala com um pretenso orgulho dos 120 quilômetros de ciclovias da cidade. Provavelmente, ele leva em conta apenas os desenhos dos mapas e maquetes do Ipucc, sem ter conhecimento do estado precário em que a rede se encontra da cidade real.

Essa rede “que liga a cidade de ponta a ponta” sequer credenciou Curitiba no ranking internacional de cidades amigas da bicicleta do instituto Copenhagenize.

O critério de elegibilidade do estudo é justamente oferece uma infraestrutura cicloviária que permita aos seus cidadãos se deslocarem “de uma ponta a outra” em uma bicicleta.

Além disso, a segunda maior malha cicloviária do país não foi pensada para ser funcional, e sim para o lazer. Ótimo. Mas é preciso ousadia para que as bicicletas ocupem, de forma segura, as ruas da cidade.

Como bem lembrou o tesoureiro da CicloIguaçu, Divo Maia, “essa falácia dos 120 km é repetida como um mantra”. Porém, o esboço do Plano Diretor Cicloviário, documento elaborado pelo próprio Ippuc, aponta que Curitiba tem hoje 28 quilômetros de ciclovias exclusivas e mais uns 70 km de passeio compartilhado.

Assim, mesmo se considerarmos as calçados como vias cicláveis, ainda faltam 22 km para que o discurso da propaganda encontre respaldo no mundo concreto.

Mesmo que considerássemos esse número razoável, ainda assim caberia a autocrítica por parte do Ippuc, já que a infraestrutura cicloviária disponível é praticamente a mesma há quase duas décadas.

Também não é preciso nem mesmo pedalar até os bairros mais afastados para encontrar razões para reclamar. A rede cicloviária de Curitiba está em estado precário pela falta de investimentos, de manutenção e de sinalização adequada ao Código Brasileiro de Trânsito.

Promover o debate é importante. Porém, a boa vontade expressada pela prefeitura ainda não se traduziu em ações concretas. Quem pedala por Curitiba sabe do que eu estou falando. Além do mais, de bons projetos, o Ipucc está cheio.

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