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Ônibus invade ciclofaixa durante Bicicletada em Curitiba
| Foto:
Alexandre Costa Nascimento/Ir e Vir de Bike
Ligeirinho invade trecho da ciclofaixa da Marechal colocando em risco integridade dos ciclistas: “Tenho horário para cumprir”, justifica o motorista.

A primeira Bicicletada de Curitiba em 2012 pedalou 20 quilômetros para uma vistoria na ciclofaixa da Marechal Floriano. No trajeto, os ciclistas enfrentaram três momentos de conflito; todos eles envolvendo ônibus do sistema público de transporte.

A situação reflete a realidade enfrentada no dia a dia de quem usa a bicicleta como meio de transporte – e ajuda a explicar fatalidades como a que vitimou o ciclista Edimar Nascimento, há exatamente uma semana.

O caso mais grave ocorreu justamente no trecho mais estreito da ciclofaixa, em que a largura da área útil (faixa vermelha) varia entre 73 centímetros e 75 centímetros.

Um caminhão estava estacionado em fila dupla, fazendo a manutenção da fiação elétrica. Neste momento, um motorista do Ligeirinho não quis saber de esperar, invadiu a ciclofaixa com duas rodas e tocou o veículo de 10 toneladas sobre os ciclistas, que trafegavam em fila indiana.

“Tenho que cumprir meu horário”, justificou o motorista da linha Boqueirão Centro Cívico — veículo EL 300 placa AUL-6039 — , quando questionado por um dos ciclistas, que pedia calma e paciência. A frase é reveladora e mostra que não basta apenas mirar no motorista — que sim, é um mentecapto – mas é também o elo mais frágil de um sistema alimentado por uma lógica perversa.

A questão toda começa com a própria estrutura do sistema de transporte curitibano, que penaliza o elo mais fraco – e mais ignorante – e terceiriza a responsabilidade por falhas de planejamento e gestão.

Penalizar o motorista em seu salário por atrasos é um estímulo à agressividade no trânsito e a uma disputa por espaço que acaba justificando sinais vermelhos furados ou transitar em velocidade acima da máxima permitida.

Problemas de atraso se resolvem com mais ônibus circulando nas principais linhas. O mesmo vale para reduzir filas e ônibus lotados.

A situação só se agrava com a total falta de preparo desse pessoal. Motoristas de ônibus devem ter a completa noção de que transportam vidas e de que transporte público é parte do trânsito. Entretanto, os motoristas profissionais – que deveriam ser exemplos de civilidade – são na verdade uma ameaça ambulante.

Faz-se urgente uma requalificação desses profissionais – com cursos e palestras. Algumas delas com foco especial na bicicleta que, sim, ao contrário do que muitos motoristas pensam, também fazem parte do trânsito.

O desconto do salário é uma medida punitiva legítima e eficaz apenas quando houver o descumprimento da legislação de trânsito – o que inclui jogar um ônibus sobre dezenas de ciclistas que trafegam sobre uma ciclofaixa.

A questão só será resolvida com reforço nas áreas de educação, fiscalização e punição. Apenas em uma sociedade onde impera a barbárie é que alguns segundos justificam a perda de vidas humanas.

Vistoria da Ciclofaixa

Cortesia: Bicicleteiros.com.br
Em janeiro, Bicicletada percorreu 20 km para fazer vistoria na ciclofaixa da Marechal Floriano.

Não vou me estender muito na questão. A vistoria na ciclofaixa da Marechal pela Bicicletada provou que este blog estava errado. Ao contrário do informado, a largura mínima verificada no local não é de 75 centímetros. É, sim, de 73 cm – medido e constatado pelos ciclistas com fitas métricas e trenas.

A experiência da Bicicletada provou que a via é sim insegura e muito estreita– opinião de 10 em cada 10 ciclistas que estiveram no local. Provou também que não basta apenas controlar a velocidade lindeira (o que também é necessário). Para evitar acidentes graves no local, será preciso, sim, refazer a obra já executada, implantando uma faixa de, pelo menos, 1 metro de largura de área útil.

Veja mais fotos da Bicicletada de Curitiba no site dos Bicicleteiros

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