Enquanto apurava as informações para escrever a reportagem Os empreendedores do pedal, acabei descobrindo outras iniciativas empresariais interessantíssimas que, infelizmente, por uma questão de espaço, acabaram não entrando na matéria da edição impressa do dia 14/08. Por isso resolvi colocar algumas delas aqui, como conteúdo extra no blog.
São iniciativas que provam que, além dos benefícios já conhecidos, as bicicletas também podem estimular a inovação e criar empresas economicamente viáveis.
Em Portugal a multinacional Liberty Seguros, por exemplo, criou o Liberty Bike, uma modalidade de seguros específica para ciclistas que garante a cobertura contra roubo e acidentes pessoais, a terceiros e envolvendo outros veículos de transportes. O valor anual da apólice para uma bicicleta de 1 mil euros (aproximadamente R$ 2.300) é de 76,11 euros (R$ 175) ao ano.
No Brasil, a corretora Kalassa, com sede em São Paulo, é a única seguradora do país com um produto específico para bicicletas, oferecendo cobertura em casos de roubo ou furto.
O seguro, entretanto, é seletivo e cobre apenas bicicletas com valor entre R$ 5 mil e R$ 40 mil. Nos últimos meses a seguradora garante de indenizou 11 apólices, totalizando mais de R$ 180 mil, incluindo uma Specialized Tarmac no valor de R$ 25,3 mil.
Além do seguro das magrelas, a empresa também oferece seguro de vida para praticantes de esportes radicais.
Já na Espanha a empresa de aluguel de carros Hertz – presente em outros 145 países do mundo – incluiu as bicicletas em seu portfólio a partir desse verão. São nove modelos elétricos Flyer, ao custo de 28 euros (cerca de R$ 65) a diária.
“A eficiência nos deslocamentos, economia de dinheiro, energia, menos poluição, ruído e a aposta em uma mobilidade sustentável são apenas algumas das vantagens das bicicletas elétricas, sem contar o valor agregado que representa para nossa saúde”, diz a empresa em seu site.
Outro uso inteligente das bicicletas é inseri-las como elemento de auxílio ao transporte público. A capital colombiana, Bogotá – uma das três cidades mais bike-friendly do mundo –, vem incentivando o usos dos Bici-Taxis, alternativa barata para deslocamentos em curtas distâncias.
A receita é simples: uma bicicleta adaptada com uma cobertura e uma pessoa disposta a pedalar para levar os passageiros de um lugar para outro. E se engana quem pensa que essa é uma alternativa “de país pobre”. Berlim, Barcelona, Nova York e Tóquio também tem suas versões de táxis movidos a arroz e feijão.
A capital alemã, aliás, também tem bicicletas de aluguel e um passeio turístico palas ruas da cidade em uma bicicleta coletiva, pedalada simultaneamente por até 8 pessoas.
Enquanto um passageiro vai no “volante”, dirigindo, todos os outros pedalam para o veículo se locomover. O passeio custa 50 euros por três horas – o equivalente a R$ 100 ou R$ 12,50 por passageiro.
Já em Frankfurt, o governo local criou um sistema público de bicicletas de aluguel integrado ao metrô, chamado de “Call a Bike”.
O usuário pode ligar para o telefone da empresa, que informa qual a bicicleta disponível mais próxima do usuário. O ciclista recebe então uma senha para liberá-la e paga cerca de 30 centavos de euro por hora de uso (R$ 0,70), que é debitado no cartão de crédito, ou pode pagar uma mensalidade e usá-la livremente por cerca de R$ 30 euros (R$ 70).
A única obrigação do usuário e deixar a bicicleta em uma das esquinas ou cruzamentos da cidade depois de usá-la para que outra pessoa possa pedalar. Se nao cumprir a regra, uma multa é debitada no cartão no fim do mês.
Quando estive em Frankfurt para uma entrevista no KfW – banco alemão equivalente ao BNDES –, o consultor que seria entrevistado chegou pedalando, de terno e gravata com uma bicicleta do sistema. Diante da minha surpresa e curiosidade ele respondeu: “Aqui, diferente é quem ainda anda de carro”.
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