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Tapete ou maquiagem? Intervenções não vão além da estética. (Foto: André Feiges/Facebook)
Tapete ou maquiagem? Intervenções não vão além da estética. (Foto: André Feiges/Facebook)| Foto:
Tapete ou maquiagem? Intervenções não vão além da estética. (Foto: André Feiges/Facebook)

Tapete ou maquiagem? Intervenções não vão além da estética. (Foto: André Feiges/Facebook)

Ciclistas dos quatro cantos do Brasil e do mundo convergem nesta semana para a capital paranaense durante o 3.º Fórum Mundial da Bicicleta, evento independente e autônomo que reúne cicloativistas e busca discutir formas de dar mais equilíbrio às formas de viver e se locomover nas grandes cidades.

Na abertura oficial do evento, na quinta-feira (13), estará sentado à mesa cerimonial o prefeito Gustavo Fruet (PDT) que, muito provavelmente, chegará ao Teatro da Reitoria pedalando, tal como fez na cerimônia de sua posse no Palácio 29 de Março em 1.º de janeiro de 2013.

A cidade que se converte em Capital Mundial da Bicicleta, entretanto, está longe de servir de modelo de mobilidade urbana sustentável.

Para brindar os que pedalam, a prefeitura de Curitiba investiu em duas frentes de trabalho: a maquiagem e a publicidade institucional. Na primeira frente, às vésperas do evento, mandou pintar de vermelho alguns dos cruzamentos do ramal cicloviário Rodoferroviária-Parque São Lourenço na região central da cidade.

Bicicleta gigante em frente a prefeitura de Curitiba: ações no plano simbólico.

Bicicleta gigante em frente a prefeitura de Curitiba: ações no plano simbólico. (Foto: Doug Oliveira/Photopak)

Há quase dois anos, a Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu (CicloIguaçu) apresentou ao poder público um relatório detalhado com as melhorias necessárias naquele mesmo trecho. Dos oito pontos listados no documento, apenas dois foram atendidos. O resto é apenas maquiagem para ciclista ver, provando que se gasta muita tinta em projetos, mas pouca coisa sai efetivamente do papel. E quando sai, a maquiagem é incapaz de resolver problemas simples, como as guias elevadas no trajeto das ciclovias – algo que exige mais boa vontade do que cimento ou recursos.

Na frete da publicidade, a prefeitura usou seus canais oficiais de comunicação para dizer que está “acelerando projetos de ciclomobilidade”. A notícia fala de projetos já foram anunciados em meados do ano passado e alguns já estão com o cronograma estourado. Mesmo assim, tudo é vendido como coisa nova. No jornalismo, chamamos essa prática de “requentar a pauta”. Para que os leigos entendam do que se trata, é dar à informação o mesmo tratamento que é dado àquele resto de comida fria e azeda da geladeira, que é colocada no microondas e servida à mesa como se fosse algo fresco e apetitoso. Já no mundo político, o engodo é chamado eufemisticamente de “estratégia de comunicação institucional”. Para ambos os casos, haja estômago.

De tudo isso, fica evidente que há um nítido descompasso entre a demanda da sociedade civil sobre duas rodas e a capacidade do poder público municipal em desenvolver ações que garantam condições seguras de uso da bicicleta nas ruas da cidade. Não se pode ignorar que há avanços pontuais e, sobretudo, uma notável mudança de postura do governo municipal frente a causa da bicicleta. A manifesta antipatia e indiferença de Ducci deu lugar a uma “simpatia à causa” pelo governo Fruet.

Mas ainda não é o bastante. Fica nítido que os avanços e conquistas são muito mais resultados da mobilização cidadã do que necessariamente de um trabalho afinado do poder público em fomentar a bicicleta como alternativa de transporte. Por sorte, o Fórum Mundial das Bicicletas pode ter um incrível poder catalizador de forças, surgindo como o marco de uma transformação para uma Curitiba mais amiga da bicicleta, com menos maquiagem e propaganda e mais bicicletas.

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