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(Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)
(Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)| Foto:

O prefeito Rafael Greca (PMN) disse na terça-feira (7) que não confia na bilhetagem automática do sistema de ônibus de Curitiba. A declaração do prefeito seria aceitável se tivesse acontecido na primeira semana de gestão, não um ano e oito meses após assumir o comando da capital. Desconfiar é ação que cabe a nós – passageiros de ônibus e espectadores do poder; ao prefeito o que cabe, em casos de desconfiança, é averiguar e agir. E isso não foi feito.

Em fevereiro do ano passado, a gestão Greca prometeu lançar em até dois meses um edital para contratar um novo sistema de bilhetagem. Até agora isso não foi feito.

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A desconfiança de Greca não é em relação às empresas operadoras da bilhetagem, mas às fraudes que passageiros cometem para não pagar as passagens. A tese não é nova e encontra respaldo no que dizem as empresas que operam os transportes. O argumento é de que muitos passageiros usam cartões-transporte de terceiros que são beneficiados por alguma gratuidade. A isso, Greca chamou de “fura-catracas eletrônicos”.

“A bilhetagem de qualidade é aquela que permita a identificação do passageiro no cartão pelo reconhecimento facial, aquela que não permita falsificação, aquela que não permita os fura-catracas eletrônicos – que os há – e que coloque ordem num sistema que pertence a todo povo, porque toda gratuidade forçada por mão grande é uma gratuidade que beneficia quem está roubando, mas só prejudica a cidade inteira”, disse o prefeito no evento em que foram entregues 14 novos ônibus para a cidade.

O prefeito tem razão no diagnóstico. Qualquer pessoa que ande de ônibus percebe que são raros os cobradores que exigem algum documento de passageiros que entram nos veículos ou nas estações tubos portando algum cartão de gratuidade.

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O problema da declaração não está na constatação do problema, mas na inércia da prefeitura em solucionar uma fraude que desconfia haver. Enquanto o Executivo não age, os passageiros pagam a conta. Isso acontece porque as chamadas gratuidades são de fato gratuitas apenas para os seus beneficiários. As empresas recebem para transportar os passageiros desobrigados de pagar a tarifa. Esse custo está embutido na tarifa do passageiro pagante.

A lógica de penalização do usuário pela falta de fiscalização adequada das gratuidades é a seguinte: quanto mais gente andando de ônibus sem pagar – legal ou ilegalmente – menos gente para dividir a conta no final, portanto uma conta mais cara para quem paga.

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