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Jocelaine Santos

Jocelaine Santos

Liberdade de expressão é condição necessária para a democracia

E não é só ela

Débora, uma das muitas vozes caladas pelo Supremo

Débora é só mais uma das vozes silenciadas pela toga suprema. E quantas mais já não foram? Nem sabemos. (Foto: Débora Rodrigues/Arquivo Pessoal / Joedson Alves/Agência Brasil )

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Graças a Deus (sim, porque só Ele mesmo), que deve ter conseguido conseguiu colocar uma gota de humanidade no Supremo Poder, Débora Rodrigues, condenada por esse mesmo Olimpo togado, poderá cumprir sua inacreditável pena de 14 anos – sendo 12 anos e 6 meses de reclusão e mais 1 ano e 6 meses de detenção – em casa. E tudo isso porque ousou o crime hediondo de escrever, com batom, na estátua da Justiça em frente ao STF, a terrível e insuportável frase: “perdeu, mané”. Crime de lesa-pátria, como se vê.

Ao menos, a criminosa perigosa agora poderá ficar perto dos filhos, dos quais foi separada por mais de dois anos à espera do julgamento. Mas não se iludam: a outra pena, aquela disfarçada sob o eufemismo de “medidas cautelares”, continua firme e forte. A mesma fórmula mágica aplicada a todos os condenados pela tal “tentativa de golpe” do 8 de janeiro. Débora foi promovida a pária digital: silenciada pela sanha censória dos juízes supremos, que agora exercem o monopólio da fala.

Nada de redes sociais, nada de entrevistas – oficialmente, ela pode dar entrevistas desde que o próprio Supremo, em sua magnanimidade, conceda permissão, o que ainda não fez e duvido que faça. Amigos? Só com autorização expressa. E, claro, sua versão dos fatos daquele fatídico 8 de janeiro não pode ser contada a ninguém. Caso contrário, a mãe de família volta para a cadeia. E qual mãe em sã consciência arriscaria rever os filhos atrás das grades apenas para narrar sua história?

Pode parecer detalhe, mas não é: trata-se de uma morte social em câmera lenta. A pessoa é arrancada da vida em comum, transformada em invisível, em fantasma vivo. É cruel, é desumano, mas virou regra. Afinal, tudo é justificável quando se trata de alguém que, segundo a narrativa do Supremo Poder, “atentou contra o Estado Democrático”.

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Ser calado virou regra de ouro para o Supremo Poder. Quem critica, quem questiona, quem reclama da suposta democracia e suas instituições, entra na lista do cala-boca e corre sério risco de ter suas redes sociais riscadas do mapa digital. Vão justificar que isso protege a democracia – pura balela. Foram exatamente tais excessos, arbitrariedades, que acumulados, ajudaram acabaram com a democracia brasileira. Débora é só uma das vozes caladas pelo Supremo. Há muitas outras – nem sabemos quantas.

Ser calado virou a nova regra de ouro do Supremo Poder. Quem ousa criticar, questionar ou simplesmente reclamar dessa “democracia” de fachada e de suas instituições impecáveis entra imediatamente na lista do cala-boca e corre o risco de ver suas redes sociais sumirem do mapa digital. A justificativa, claro, é sempre nobre: “proteger a democracia”. Balela. Foram justamente esses excessos e arbitrariedades, repetidos à exaustão, que ajudaram a enterrar de vez a democracia brasileira. Débora é só mais uma das vozes silenciadas pela toga suprema. E quantas mais foram? Não sabemos.

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