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José Pio Martins

José Pio Martins

Produtividade e desenvolvimento

A educação e o crescimento econômico

(Foto: Lineu Filho /Tribuna do Paraná)

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De forma simples, a economia é um sistema estruturado para produzir bens materiais e serviços, por meio da combinação dos quatro fatores de produção: recursos naturais, capital físico, trabalho e iniciativa empresarial, cuja finalidade é atender necessidades múltiplas e ilimitadas da população.

O fator “trabalho” tem uma característica peculiar: ele é composto de pessoas que são parte do conjunto da população a quem a produção é destinada. Segundo o IBGE, a população brasileira encerrou 2024 com 212,6 milhões de pessoas, as quais precisam ter suas necessidades atendidas.

Desse total da população, 105 milhões compõem a força de trabalho do país. Os outros 107,6 milhões não compõem a força de trabalho, pois são crianças, inválidos, aposentados, prisioneiros etc. O número médio de horas trabalhadas por uma pessoa no ano é de 2.000 horas, logo a força de trabalho nacional total equivale a 210 bilhões de horas/ano.

Mas o país não trabalha 210 bilhões de horas por ano, pois há desemprego e afastamento por razões de saúde e outras, o que faz variar o número de horas efetivamente trabalhadas pela população. Dividindo o Produto Interno Bruto (PIB) pelo número de horas trabalhas, tem-se a produtividade (produção por hora trabalhada).

Até o início do século 17, o fator principal determinante da produtividade era a terra, o clima, as chuvas, ou seja, o conjunto de recursos naturais físicos. Na sequência, a humanidade passou a inventar instrumentos de produção (capital) e, no século 18, era grande o estoque de ferramentas manejadas pela energia humana (foice, machado, martelo), pela força de animais (carroças, arados), pela força da água (rodas, bombas, pilões) e pela força dos ventos (moinhos).

Essa realidade levou observadores econômicos a estudarem a contribuição do trabalho, das ferramentas (instrumentos movidos por energia humana) e das máquinas (instrumentos movidos por energia não humana) na determinação da produção e da produtividade.

No início do século 18, as ferramentas e as máquinas eram simples, de forma que a produção e a produtividade dependiam expressivamente do trabalho na determinação da quantidade produzida por hora trabalhada (a produtividade).

Em 1712, Thomas Newcomen, inventor e mecânico inglês, usou a energia do vapor para bombear água de uma mina para sua casa, dando os primeiros passos para a Revolução Industrial, que foi acelerada pela máquina a vapor, a estrada de ferro, o trem de ferro e o navio a vapor.

O aumento da produção por hora trabalhada após o início dos anos 1800 ensejou a possibilidade de aumentar o consumo por habitante, estimulando os estudos para medir a contribuição do capital físico para a produtividade. Por sua vez, o economista Alfred Marshall (1842-1924) quis entender o impacto da educação sobre a produtividade, assunto que se dedicou a pesquisar e estudar.

Impressionado com a revolução causada pela eletricidade e o motor a combustão interna, Marshall desenvolveu métodos, entre 1860-1870, para medir a contribuição da educação e qualificação do trabalhador no aumento da produtividade. Naquele momento já se identificava a importância da educação para a produção e o crescimento econômico.

Há quem defenda a tese de que a explosão da tecnologia e das inovações podem aumentar a produtividade mesmo com trabalhadores sem elevado nível educacional, mas apenas com habilidades para operar, de forma repetida, máquinas e sistemas inteligentes.

Para ilustrar, podemos pensar na fabricação de um produto sofisticado, caso do avião, e imaginar que ali todos os operários são uns gênios. Mas não. Claro que há engenheiros e técnicos de alto nível, mas as linhas de produção são operadas por operários normais.

As tecnologias avançadas e as máquinas modernas de uma linha de produção funcionam com divisão do trabalho, cada operário se especializa em dada tarefa e se torna eficiente pela repetição.

Por fim, embora sem solução definitiva, é bastante defendida a tese de que o mundo pode elevar a produção e a produtividade com pessoas normais, desde que tenham boa educação básica, treinamento profissional e qualificação em sua atividade. Ademais, educação é requisito para elevar o ser humano emocional e espiritualmente, não se trata apenas de uma questão produtiva.

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