
Há fartos exemplos na experiência mundial mostrando que o governo é eficiente na arte de empobrecer os ricos, mas não é eficiente na arte de enriquecer os pobres. Quanto mais dinheiro toma da população por meio de tributação crescente, mais o governo incha a máquina estatal e mais dinheiro dá para determinadas castas de funcionários públicos nos três poderes, o que contribui para piorar a concentração de renda. Vale lembrar que no próprio setor público há categorias de servidores mal remuneradas.
As intervenções governamentais deletérias geralmente vêm na forma de políticas e medidas que inibem o espírito de iniciativa, aumentam a insegurança jurídica, diminuem a confiança dos agentes econômicos nas leis e nas instituições e, não raro, geram inflação, tributação excessiva e hostilidade à atividade empresarial livre.
Essa realidade existe em muitos países, mas sobretudo com ênfase na América Latina e na África. As políticas econômicas e as medidas que criam distorções na economia e na distribuição de renda prejudicam em especial a população mais carente e, mesmo quando a economia cresce, a parcela de pobres e miseráveis não diminui.
Uma lei somente pode ser autêntica se for uma norma geral de conduta justa, igual para todos, aplicável a um número desconhecido de casos futuros e direcionada à preservação da vida, da liberdade e da propriedade
A economia é como uma máquina que, se bem lubrificada e bem regulada, funciona com eficiência, mas, se é contaminada por regras ruins e instáveis, a máquina emperra e produz mal. Uma das falhas dos políticos é o entendimento sociológico da economia e de seus agentes, além do desconhecimento sobre o que é a economia como um sistema de partes complexas eivadas de atritos.
É por essas e outras que, numa sociedade livre, é importante limitar os poderes do governo, e esse é um dos papéis da democracia. Em regimes democráticos autênticos, devem estar presentes pelo menos quatro características: liberdade de expressão e opinião, eleições livres e voto secreto, existência de oposição e rodízio de lideranças.
A obtenção desses instrumentos, sem os quais não há democracia, depende de leis votadas pelos representantes do povo e do funcionamento do Estado de Direito. Mas não se trata de qualquer lei. Uma lei somente pode ser autêntica se for uma norma geral de conduta justa, igual para todos, aplicável a um número desconhecido de casos futuros e direcionada à preservação da vida, da liberdade e da propriedade.
Os defensores da liberdade não são antiestado, mas preconizam um Estado que não pode tudo, que esteja confinado a determinadas funções coletivas e com poderes limitados, pelo fato de que a arte de governo implica necessariamente a concentração de poderes. Aqui entra a questão da tributação e da reforma tributária.
O governo, braço executivo do Estado, não deve ter o poder de instituir tributos. Essa competência deve ser dos representantes do povo. Neste momento, o Congresso Nacional está dando andamento à reforma tributária, cuja carga sobre a população ninguém sabe qual será. O fato é que o Brasil nunca fez reforma tributária que tenha diminuído a carga de impostos pagos pela população.
Em importantes revoluções nacionais, a revolta contra os impostos esteve presente. Por exemplo, na Revolução Inglesa (1689), na Revolução Americana (1776) e na Revolução Francesa (1789), uma das causas foi a revolta contra a pesada tributação.
Na Revolução Inglesa, havia revolta contra os altos impostos cobrados pelo rei. A Inglaterra vivia sob a monarquia absoluta, o rei detinha poderes plenos e não se submetia às mesmas leis impingidas aos cidadãos. A revolução pôs fim à monarquia absoluta, implantou a monarquia parlamentar e parte dos poderes do rei foi transferida para o parlamento. Nascia o princípio de que não pode haver tributação sem representação.
Sem freios, o governo é perigoso e inclinado a usar suas armas contra a população, e a favor do Estado. E uma das armas poderosas é o poder de tributar
A Revolução Americana foi impulsionada pela “Revolta do Chá”. A coroa britânica havia sobretaxado o chá exportado para os Estados Unidos, provocando indignação geral em 1773, inclusive entre os próprios ingleses que haviam emigrado para a América do Norte.
Na Revolução Francesa, produtores enraivecidos se rebelaram contra o aumento de tributos e contra a figura dos contratadores (ou rendeiros gerais), que detinham o direito, cedido a eles pelo rei mediante pagamento, de cobrar tributos sobre determinado produto ou região. O cientista Antoine Lavoisier, considerado pai da química moderna, foi guilhotinado pelos revoltosos, em dezembro de 1771, porque era um contratador.
Sem freios, o governo é perigoso e inclinado a usar suas armas contra a população, e a favor do Estado. E uma das armas poderosas é o poder de tributar, como alertou Antonio Gramsci (1891-1937), que orientou os comunistas a abandonarem a ideia de estatizar os meios de produção e que tomassem a propriedade pelo aumento da tributação.
-
Economistas veem risco de “contabilidade criativa” em fundo do governo para o ensino médio
-
Indicação de Dino para o STF também desagrada petistas e ativistas de esquerda
-
Lula na COP 28: as diferenças entre discurso e prática no Brasil
-
“Libertar Lisboa”: propagandistas russos defendem anexação de Portugal como escalada para invadir os EUA
Empresário que ficou conhecido como “homem da rampa” segue preso como terrorista
Advogado consegue absolver clientes de acusação de crimes do 8 de janeiro
Corretor de seguros é condenado a 17 anos de prisão, sem ser ouvido pelo STF
Estudante de Medicina da USP ficou 7 meses presa por ter rezado no Senado