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Doria
João Doria comemora vitória nas prévias tucanas, após um sistema de votação conturbado.| Foto: Divulgação / PSDB

O governador de São Paulo, João Doria, é enfim o candidato do PSDB para presidente da República – falta a decisão oficial da convenção, é claro, mas o jogo já acabou. Partindo desse ponto, a pergunta seguinte é e daí?

Um observador neutro, e que contasse só com números para basear sua opinião sobre a cena eleitoral do Brasil, poderia não se impressionar muito. Afinal, o PSDB perdeu cinco eleições presidenciais seguidas, uma depois da outra, numa sequência de quase 20 anos: perdeu em 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018, quando conseguiu a proeza de ficar com só 4% dos votos. Se é esse o currículo de realizações que o partido tem a apresentar para 2022, por que todo esse barulho em torno da candidatura Doria?

A visão convencional da política brasileira de hoje mostra dois candidatos de verdade, o presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula – e depois, numa salada de nomes que inclui Doria, uma penca de candidatos disputando a medalha de bronze. Essa é, naturalmente, a situação como ela aparece hoje, um ano antes da eleição. A experiência mais elementar exige que se considere todos os cenários eleitorais de hoje como momentos de um filme que está em realização. Um ano, para uma eleição, é tempo demais – quem sabe o que vai acontecer até lá? Cuidado, portanto.

Nessa briga pelo terceiro lugar – ou, talvez, coisa mais gorda do que isso –, Doria parece ser o que tem mais volume de jogo, como dizem os locutores de futebol. Precisa ver, é claro, se tem voto, e voto do Oiapoque ao Chuí – é isso o que resolve, e não papagaiada na mídia.

Mas, por estar no governo de São Paulo, Doria tem chances de apresentar um bom show para o público no ano que vem – obras dignas de um Cirque du Soleil, por exemplo, e mais uma avalanche de comerciais mostrando as máquinas do Instituto Butantan em plena explosão produtiva da vacina. Seus adversários não têm nada parecido – só conversa. Doria vai fazer, também, o número clássico na política brasileira dos últimos anos: “ou eu ou o Lula”. Não vai deixar esse filé só para Bolsonaro.

O problema de Doria, como candidato, é o seu opaco lugar nas pesquisas, como elas estão hoje; se ficar nisso que tem agora, sua candidatura não ganha musculatura e os que disputam o bronze com ele tendem a se firmar como a “alternativa” a Bolsonaro e a Lula – a tal “terceira via” da qual você já se cansou de ouvir. É trabalho duro. Para alcançar seu competidor Sergio Moro, por exemplo, Doria tem de aumentar umas 10 vezes de tamanho.

O resto não parece interessar muito – é uma tiriricada do “Centrão”, com essa tal de “União Brasil” que pretende juntar numa candidatura só as piores figuras do Congresso e as centenas de milhões de reais que vão faturar com o fundo eleitoral. Disso aí, possivelmente, vai sair muita gente rica – mas presidente, mesmo, não sai.

Doria e Moro, portanto, é a corrida a acompanhar – quer dizer, para quem acha que vai haver uma outra corrida que não seja Bolsonaro x Lula.

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