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O ministro do Trabalho, Luiz Marinho.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho.| Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil.

O ministro do Trabalho, em apenas nove meses de governo, conseguiu um feito incomum – é quem mais prejudica os trabalhadores do Brasil, pelo que fala e pelo que faz. Agiu, desde o começo, para ressuscitar o “imposto sindical”, um confisco direto contra o bolso de quem tem um emprego – por lei, o pagamento era voluntário, mas a associação governo-STF impôs de novo o desconto obrigatório em folha. Acaba de agredir, agora, a fonte de renda de 1.600.000 brasileiros, todos eles pobres, que trabalham através de aplicativos de transporte de passageiros e de entregas a domicílio com motos ou bicicletas. “Se a Uber sair do Brasil, problema dela”, disse o ministro, que tem entre suas metas principais impor às empresas da área obrigações trabalhistas que tornam inviável a sua atividade.

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É grosseiro e estúpido. “Dane-se” a Uber, avisa o ministro. Mas quem se dana não é a Uber, que está presente no mundo inteiro e não precisa do governo Lula para sobreviver. Quem se dana são os 1,6 milhão de brasileiros que vão ficar sem a sua renda – e sem meios de subsistência. O “problema” não é da Uber. É do trabalhador.

É um retrato perfeito do governo Lula: obriga-se os trabalhadores a terem direitos que eles próprios não querem ter.

Da mesma forma, o ministro do Trabalho não cuida dos interesses práticos de quem trabalha. Cuida exclusivamente dos interesses dos sindicatos. No caso, não se conforma com o fato de que toda aquela multidão trabalhe por conta própria, fora do controle dos sindicatos e das CUTs e do Ministério – não aceita, sobretudo, que esse povo fique livre da maciça extorsão legal que se pratica contra os trabalhadores de carteira assinada. É um retrato perfeito do governo Lula: obriga-se os trabalhadores a terem direitos que eles próprios não querem ter.

Os motoristas da Uber, os motoboys e os ciclistas são pobres, mas não são idiotas. Sabem que os “direitos” forçados em cima deles não são direitos – são obrigações. O direito não rende nada; fica na discurseira de Lula. A obrigação aparece todo mês no seu bolso, com os “descontos trabalhistas” em folha. É exatamente por isso que não querem os “direitos” do ministro.

As diversas pesquisas feitas até agora comprovam que entre 70% e 80% dos trabalhadores em aplicativos querem continuar como estão; é difícil achar uma maioria tão clara como essa. A vontade do governo Lula é exatamente o contrário da vontade de quem trabalha. O presidente diz que os aplicativos são “trabalho escravo”. E o que Lula sabe de trabalho, se ele próprio não trabalha há mais de 45 anos – e não conhece absolutamente nada sobre o assunto? Nunca viu um motoboy na vida, mas acha que pode mandar nas suas escolhas.

“Se eu quisesse um trabalho com carteira assinada eu iria procurar um emprego com carteira assinada”, diz um trabalhador da área. “Como eu não quero, acho que está ótimo assim”. Não poderia haver uma maneira mais racional de resumir a questão toda. É um tipo de argumento que simplesmente não passa pela cabeça de Lula, do seu ministro e do resto do governo. O cidadão quer continuar trabalhando como prestador de serviço porque ganha mais com esse sistema. Se tiver os direitos que querem lhe impor, vai ganhar menos. Será que é tão difícil de entender? Mas ninguém no “campo progressista” quer entender nada. Não querem nem ouvir. Querem apenas que o trabalhador obedeça – e pague pedágio para trabalhar.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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