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Haddad Lula
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cumprimenta o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva: queda de arrecadação fiscal, desaceleração do PIB e guerra no Oriente Médio pioram expectativas para a economia em 2024.| Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Os economistas, tributaristas, comentaristas, jornalistas, analistas e especialistas que se aglomeram para nos explicar a “reforma tributária” falam, falam, falam e não dizem nada, como anotava Nelson Rodrigues. Não só isso. Falam de tudo, menos da única coisa que realmente vai acontecer ao Brasil e aos brasileiros ou, mais precisamente, contra eles: os 800 bilhões de reais a mais em impostos, ou algo assim, que o governo e o Congresso querem arrancar do bolso do cidadão não vão servir para nada.

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Ou melhor, não vão ser utilizados para minorar, e muito menos resolver, um único problema real da população brasileira – nem um que seja. Vai ser tudo entregue para os gatos gordos, e gordíssimos, que mandam no Brasil. Como o viciado em drogas que precisa de doses cada vez maiores para manter o vício, a máquina pública precisa de cada vez mais dinheiro para continuar viva; só consegue respirar se as suas despesas estiverem em expansão permanente, como na galáxia.

Um país com um mínimo de decência exige que se apresentem explicações e algum tipo de raciocínio para se cobrar mais imposto.

Essa aberração se deve diretamente a uma visão patológica do que deve ser a sociedade deste país. A elite política, os sultões do alto funcionalismo público e as classes intelectuais do “campo progressista”, no fundo, entendem que a população brasileira só tem uma função real: trabalhar e entregar metade do que ganha, ou mais, em impostos para sustentar o Estado. Não serve para mais nada.

Não serve, principalmente, para ter nenhuma opinião sobre as questões que mais a interessam – a começar pelo pagamento de impostos. Também não pode ser ouvida quanto ao aborto, à liberação de drogas “em pequenas quantidades” ou o pagamento da “contribuição” sindical. Querem tirar sua liberdade de se manifestar nas redes sociais. Cassam mandatos de quem o brasileiro elegeu e o proíbem de votar em candidatos “não aprovados”. Como diz o presidente do STF: “Perdeu, mané”.

Qual o sentido que faz, pela lógica elementar e pela moral comum, cobrar mais impostos num país em que os governos, em seus três níveis, já arrecadaram 2,5 trilhões de reais – isso mesmo, trilhões – só nos dez primeiros meses deste ano? Se os donos do sistema não conseguem pagar suas contas com essa dinheirama toda, por que iriam se contentar com os 800 bilhões a mais que estão querendo?

Um país com um mínimo de decência exige que se apresentem explicações e algum tipo de raciocínio para se cobrar mais imposto. Algo assim: “Precisamos de 800 bi para executar este projeto que está aqui, com tais e tais detalhes”. Mas não há o mais remoto vestígio de nada que se pareça com um projeto público na atual “reforma tributária”. O que eles dizem é o seguinte: “Precisamos de 800 bi. Podem ir pagando, manés”.

Hoje a quantia é essa. Daqui a pouco vai ser mais. Claro que sim – eles querem mais imposto porque precisam pagar, entre um milhão de despesas do mesmo tipo, uma magistratura que tem dois meses de férias por ano, “adidos militares” em países como a Polônia e a Guatemala, um Poder Judiciário e um Congresso que estão entre os mais caros do mundo. É um país em que o presidente da República e a sua mulher querem comprar um novo Airbus de 400 milhões de reais, para brincarem de milionários de Terceiro Mundo em seu programa de uma viagem internacional a cada vinte dias. Não há “arcabouço fiscal” que aguente.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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