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Depois da queda de quase 70% desde o recorde em dezembro, o bitcoin valorizou 20% só na última semana. Agora volta a tocar os 10 mil dólares.

Esse movimento me faz lembrar a foto que viralizou semanas atrás de uma mulher séria numa montanha-russa da Disney. Enquanto os outros visitantes do parque parecem ter o coração saindo pela boca, a americana Jordan Alexander não exibe outra emoção senão o tédio. É mais ou menos assim que os investidores deveriam se comportar na montanha-russa do bitcoin.

O conselho é antigo e bastante repetido: compre na baixa, deixe os sentimentos de lado, mantenha a calma e venda na alta. “Compre ações ao som dos canhões e venda ao som dos violinos”, diz a frase atribuída a Warren Buffett. Ou: “Tenha medo quando os outros estão gananciosos e ganância quando os outros estão temerosos.”

Mas é incrível a quantidade de gente que ignora essa dica e se deixa levar pela euforia e o pânico dos loopings do mercado.  

Quando o bitcoin batia recordes e valorizava 1000 dólares por semana, corretoras de criptomoedas não davam conta da quantidade de cadastros. “Como faço para comprar esse tal de bitcoin?”, me perguntavam amigos, primos, minha tia e o papagaio da minha tia.

Mas no começo deste ano, com o bitcoin em promoção, o interesse desapareceu. Parentes e amigos não querem mais ouvir falar de criptomoedas. “Se planeja comprar, talvez esta seja a hora”, disse eu para ouvidos céticos que meses atrás estavam entusiasmados.

Parênteses: na verdade este meu raciocínio é um tanto óbvio, pois o preço é em si próprio um reflexo da atitude dos investidores. O preço cai justamente porque as pessoas deixam de se interessar. Se muita gente seguir o conselho de Warren Buffet e comprar na baixa, o preço sobe – a baixa simplesmente deixa de existir. Fecha parênteses.

Dá para entender o súbito desinteresse em relação ao bitcoin neste começo de ano. Se um ativo é volátil a ponto de subir e descer 70% em poucas semanas, não é um bom destino das nossas economias. E não é mesmo: para investidores com respeito e carinho pelo dinheiro que conquistaram, seria loucura investir mais de 5% do patrimônio em criptomoedas.

Mas também há nesse comportamento uma mistura de medo de perder o bonde quando o preço sobe e medo de entrar no bonde quando ele vai ladeira abaixo. A euforia dos tempos de alta é irmã gêmea do pânico dos tempos de queda. A euforia faz o bem subir mais do que deveria; o pânico provoca quedas bruscas demais.

Por isso é mais fácil ganhar dinheiro nesse mercado se o investidor conseguir comprar durante as quedas e vender nos momentos de pico. Como a mulher brava na montanha-russa, é preciso manter o sangue frio enquanto as pessoas ao redor oscilam entre o pânico e a euforia. 

 

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