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Texto acompanhado de um vídeo do New York Times alega que a eleição no Brasil definirá o futuro do planeta, devido à situação da Amazônia
Texto acompanhado de um vídeo do New York Times alega que a eleição no Brasil definirá o futuro do planeta, devido à situação da Amazônia| Foto: Reprodução/The New York Times

Enquanto o presidente russo Vladimir Putin ameaça usar bombas atômicas e líderes mundiais falam do risco de um armagedon nuclear, o jornal americano The New York Times publicou um texto acompanhado de um vídeo em que os autores apresentam o que eles consideram que definirá o futuro do planeta: a eleição no Brasil.

Há uma discussão sobre a ameaça do uso de armas nucleares no contexto da invasão russa na Ucrânia, mas os editores do jornal avalizaram e permitiram pendurar em sua marca a tese de que o futuro da humanidade está condicionado à eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao estilo Zé Carioca, o vídeo mostra um Brasil que parece emergir de cartazes da Embratur dos anos de 1970, com mulheres de biquíni nas praias do Rio de Janeiro, mulatas (termo fora de uso, mas adequado ao contexto usado pelo filme) sambando, Pelé e a seleção brasileira.

O insólito é que, embora esteja publicado em um jornal americano, o material é obra de brasileiros. Uma patota que não consegue (ou não quer) descrever o Brasil para além do estereótipo que, por sinal, serviu (e ainda serve) de cartão de visita para muito turista sexual. Isso é apenas a introdução.

O tema central da mensagem é a Amazônia. Ou mais especificamente, a destruição da Amazônia no governo de Jair Bolsonaro. Por mais de seis minutos, a floresta é mostrada em chamas, sendo pisoteada por bois e sendo picada por motosserras. Mais uma alusão ao Brasil matagal, que engana bem quem não faz a menor ideia do que vem a ser o Brasil e muito menos a Amazônia.

Como não poderia faltar, há algumas imagens de arquivo de indígenas. Para ilustrar a tragédia, os autores não foram à floresta mostrar índios que são atacados por garimpeiros, traficantes de drogas e grileiros. A opção foi mostrar passeatas de indígenas em Brasília, com cartazes contra o genocídio e a destruição global promovidos pelo governo atual. Em resumo, só Lula salva. Apesar de ter sido o presidente com maior taxa média de desmatamento anual em seu currículo, além de outras máculas.

O jornal, os ativistas e tudo e todos que seguem a mesma toada ignoram que o Brasil não é um matagal. Que a Amazônia não é um matagal. Além de um bioma complexo, a região abriga cerca de 30 milhões de pessoas. Ao contrário do que a maioria é levada a pensar, os índios não vivem apenas em um “estado natural”, como se estivessem no paraíso. Aqueles que estão mais próximos do modo de vida ancestral estão em risco. Têm expectativa de vida em níveis pré-colombianos e estão sob a mira de criminosos que atuam na floresta. Seja para roubar seus recursos, seja para valer-se de seus intrincados rios para traficar. Milhares de indígenas vivem em cidades. Muitos são favelados. Vivem empilhados em áreas sem saneamento ou água tratada e encanada.

As vilas e cidades que se espraiam pelas margens dos rios amazônicos são o lar de ribeirinhos e caboclos que nasceram da mestiçagem que o ativismo tenta apagar. Gente que é tão ou até mais desassistida que os povos indígenas, mas que são invisíveis. As cidades pequenas, médias e até mesmo as metrópoles, como Manaus, são ambientes complexos à espera de desenvolvimento.

O desenvolvimento que falta à Amazônia, por sinal, é a chave para salvar a floresta e quem vive nela ou nas suas franjas. A devastação, fruto da exploração predatória, é reflexo direto da pobreza. Não vale a pena gastar mais uma gota de saliva para demonstrar que, sob Lula, a floresta padeceu. O tal desenvolvimento sustentável nunca chegou.

Para além das bobagens, o vídeo postado pelo The New York Times é relevante, pois mostra com muita precisão como, depois de escapar da Lava Jato, Lula e seus seguidores partiram para Operação Lava-Biografia.

Para contrapor a Jair Bolsonaro, foi preciso sacralizar Lula de tal maneira que uma ameaça nuclear se torna menor diante do sagrado ato de votar e eleger um salvador.

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