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Dezenas de igrejas católicas já foram destruídas ou vandalizadas no Canadá nos últimos anos. Imagem ilustrativa.
Dezenas de igrejas católicas já foram destruídas ou vandalizadas no Canadá nos últimos anos. Imagem ilustrativa.| Foto: Marcio Antonio Campos com Midjourney

No início de dezembro, duas igrejas foram incendiadas em zonas rurais do Canadá. As autoridades locais dizem que foram atos criminosos. Somente na província de Alberta, onde os templos foram atacados, outros 13 terminaram reduzidos a cinzas desde 2018. Em todo o Canadá, cerca de 90 igrejas foram destruídas nos últimos anos.

Os incidentes mais recentes foram registrados nas cercanias das terras indígenas das nações métis e inuit. Acredita-se que o vandalismo esteja diretamente relacionado à questão indígena naquele país, que tem passado por um processo de radicalização como resultado de políticas reparatórias e acusações contra os “brancos”, os “europeus” e “cristãos”.

Os movimentos indígenas e a esquerda canadense acusam os católicos de terem promovido “genocídio cultural” e extermínio físico de milhares de crianças indígenas entre o fim do século 19 até os anos 1990.

Segundo a denúncia, mais de 150 mil crianças indígenas foram privadas do convívio com seus pais e a comunidade para serem educadas em escolas católicas que as obrigavam não só a converterem-se ao cristianismo, como também a renunciar ao seu idioma e cultura ancestrais.

O Canadá tem passado por um processo de radicalização como resultado de políticas reparatórias e acusações contra os “brancos”, os “europeus” e “cristãos”.

Como se não bastasse a violência cultural e religiosa, os nativos eram, segundo a mesma denúncia, vítimas de maus-tratos. Apareceu uma estimativa de que 6 mil crianças teriam morrido sob a guarda de padres e religiosos. E, como se a tragédia não fosse suficientemente sombria, os indígenas, seus apoiadores em ONGs, imprensa, parlamento e o governo local encamparam a história de que existiam pelo menos 1,3 mil sepulturas de crianças enterradas como indigentes e outras tantas valas comuns, onde os corpinhos dos curumins canadenses foram jogados sem que seus pais nem sequer soubessem do ocorrido.

As “evidências” do genocídio foram apresentadas por uma antropóloga que, sem ter feito nenhuma escavação e baseando-se apenas em sinais de um radar de solo, lançou a hipótese das milhares de mortes e sepultamentos de crianças nos arredores das escolas católicas. As descobertas ganharam destaque na imprensa e foram validadas pelo primeiro-ministro Justin Trudeau.

A onda de revolta contra a Igreja foi a origem da onda de intolerância. Em 2022, o papa Francisco esteve no Canadá para pedir desculpas. Acreditando ele que tudo que se dizia era verdade.

Passados dois anos, 90 igrejas queimadas, um mea culpa papal, uma onda de intolerância contra cristãos, nenhuma sepultura foi efetivamente descoberta. As tais valas comuns foram escavadas, mas nelas não havia corpos. Objetivamente, nenhum vestígio humano foi identificado onde deveriam estar alguns dos milhares de corpos das vítimas.

Mas não importa. As escolas existiram. Não é mesmo? As crianças viviam nelas em regime de internato. O que é fato. Os estudantes foram catequizados e educados segundo o currículo e regras de qualquer outro canadense. Ninguém nega. Com tanta base na realidade, a tese do genocídio ficou fácil de ficar de pé. É mais ou menos assim: Se tanta coisa, não necessariamente ruim, de fato aconteceu, por que duvidar de algo que, apesar de não ter prova alguma, se encaixa tão bem na história?

A primeira-ministra da província de Alberta, Danielle Smith, usou sua conta no X para manifestar sua preocupação com a intolerância contra os cristãos. “Aos paroquianos dessas igrejas e à comunidade cristã em toda a nossa província, me solidarizo com vocês contra todas as formas de ódio”. Mas e daí? As igrejas continuarão ardendo no Canadá.

O fenômeno canadense, que parece se agravar, parece irremediável. Os cristãos, que já enfrentavam um crescente estrangulamento do Estado por se manifestarem contra pautas progressistas, como o aborto, parecem abandonados. As notícias sobre o vandalismo e intolerância praticamente não existem.

Nos Estados Unidos, cristãos tradicionalistas entraram na mira do FBI. Fala-se em radicalismo e em terrorismo católico. Segundo o FBI, comunidades católicas que celebram a missa tridentina, como é chamada a liturgia católica anterior à reforma de 1969, podem se converter em nicho de extremistas com potencial de realizar atentados domésticos.

Passados dois anos, 90 igrejas queimadas, um mea culpa papal, uma onda de intolerância contra cristãos, nenhuma sepultura de crianças indígenas foi efetivamente descoberta perto de escolas católicas no Canadá

O sabichão que acha que velhinhas com terço nas mãos e véu rendado na cabeça podem ser uma versão do Talibã fez muita gente na polícia federal americana trabalhar pesado para mapear as comunidades tradicionalistas e seus membros.

É verdade que há registros de ataques a clínicas de aborto realizados por cristãos tomados de raiva, confusão mental e extremismo religioso. Mas criar o rótulo de cristão radical para aqueles que celebram a eucaristia segundo o rito tradicional é abusivo e pode ser uma ponte perigosa para perseguição religiosa.

As autoridades americanas têm mais zelo com os antifas que com os beatos.

Ser cristão parece estar se tornando um problema no ocidente. Nas origens da religião, as primeiras comunidades, frente à perseguição, se reuniam nos subsolos de Roma. Nesta semana em que se comemora o nascimento de Jesus Cristo já é proibido fazer celebrações natalinas em escolas de diversos condados dos Estados Unidos. É ofensivo para os não cristãos, dizem as normas.

Vou parar por aqui. Apesar de tudo, Feliz Natal.

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