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(Imagem: Divulgação/Netflix)
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**ALERTA DE SPOILER**

Há pouco mais de um mês eu escrevi o post Por que o retorno de “Gilmore Girls” é um erro, um dos mais acessados do blog e, sem sombra de dúvidas, a maior polêmica do Limonada até agora. No fim de semana passado eu terminei, finalmente, de assistir ao revival. A série estava disponível na Netflix desde o dia 25 de novembro, mas optei por não fazer binge-watching porque 1) não tive 9 horas seguidas disponíveis em praticamente nenhum dia (eu gosto de dormir, sabe?), e 2) eu queria conseguir diferenciar cada episódio, não ficar com a sensação de que tudo foi um enorme filme. Introdução feita, alguns dias pra pensar se passaram e achei que já podia vir aqui dar meu “veredicto”.

Quando fiz o outro post em novembro, muitos leitores disseram que eu morderia a língua. Como eu tinha a audácia de emitir algum juízo de valor sem sequer ter visto o programa pronto? Eu própria torci pra estar errada. Afinal, como frisei algumas vezes, eu amo “Gilmore Girls”. Lorelai Gilmore ajudou a moldar meu caráter! E agora, eu acho mesmo que tudo foi um erro?

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(Música de suspense)

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A resposta é sim. Mas também não.

Eu entendi que “Um Ano para Recordar” (mais alguém achou horrorosa essa tradução para o português?) foi, mais do que um presente para os fãs, um presente para Amy Sherman-Palladino. Por “n” motivos a criadora e roteirista da série não participou da sétima temporada, e o desfecho não foi exatamente o ideal (apesar de não me incomodar de forma gritante, não). Na Netflix, Amy pôde consertar tudo. Ou, ao menos, teve essa possibilidade.

Pra começo (ou quase meio) de conversa, achei que o formato de estações não funcionou. O lapso temporal ficou esquisitíssimo e me dava um pouco de desespero não saber, com um mínimo de certeza, quantos dias ou meses se passaram entre cada situação.

Em “Inverno”, por exemplo, Rory – ah, e logo voltarei a ela com mais calma – comenta com Lorelai que em breve terá uma reunião com a [editora] Condé Nast, e no episódio seguinte diz, pela milionésima vez, que o encontro foi adiado. Quanta enrolação!

Já no final de “Primavera”, a mesma Rory desiste de sua vida de jornalista em Nova York para voltar para Stars Hollow. No capítulo seguinte, “Verão”, as pessoas – e gente próxima dela – ainda estão a cumprimentando pelo retorno. Não era pra Rory já ter visto todo mundo, não? Ou só colocaram essas situações nada convincentes pra deixar ultra-mega-super claro de que ela queria que a mudança se tratasse de uma condição temporária (“eu não voltei!”, ficava repetindo)? Teria sido tão melhor para o desenrolar da série e seus tão característicos diálogos rápidos se fossem episódios de, aproximadamente, 40 minutos. Mas entendo que foi uma decisão/exigência da Netflix etc etc etc.

Leia também: A nostalgia cegou os fãs de “Gilmore Girls”

No outro post eu também reclamei da “ressurreição” de todos os ex de Rory, e em um dos comentários alguém disse que justamente por se tratar de um revival a vontade dos fãs era a de rever todo mundo que foi importante na série. No ponto de trazer todo mundo, Amy realmente não errou. Pudemos ver, nem que por um breve momento, todos que marcaram “Gilmore Girls”. O grande problema foi que, para muitos personagens, a aparição passou a sensação de mera obrigação, com interações pobres e que nada acrescentaram à história. Jackson, por exemplo, aparece por cinco segundos em “Primavera” apenas para reforçar que Sookie não estava por lá. Já tínhamos entendido isso, Amy, obrigada.

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E por falar em Sookie… Amo, amo Melissa McCarthy, mas a cena entre Lorelai e a chef, na cozinha da pousada, me pareceu tão desconfortável. E por que ela não estava no casamento da madrugada de Lorelai? Se ela tinha voltado a Stars Hollow e elas continuavam sendo melhores amigas, como afirmaram algumas cenas antes, seria natural ela estar lá. Lane estava, Michel estava. Por que a melhor amiga da noiva não estaria? É óbvio que deve ter acontecido algum problema com a agenda de Melissa, que é, sem dúvidas, a atriz de maior sucesso desse elenco, mas pra história não convenceu, sabe? Quando vejo a uma série não quero ter que ficar pensando “ah, certamente o ator X deve ter tido algum problema na agenda pra não estar aí…”. Eu só quero ver a coisa toda fluir!

E já que o assunto são as reaparições, precisamos falar sobre os ex e também sobre a própria Rory. Logan e os amigos são um bando de playboys que parecem não fazer uma coisa positiva na vida – o que foi aquela cena vergonhosa de Colin no clube de tango, em “Outono”, fazendo um discurso de amor ao dinheiro, menosprezando o lugar e as pessoas que estavam lá?

E Rory não dá sinais de se incomodar com essa ostentação. Ela tem um discurso de viajar o mundo, contar histórias, levar uma vida simples, mas gosta é de extravagâncias. No fundo, sempre foi uma filhinha de mamãe que nunca teve que batalhar por nada na vida. A primeira vez em que precisou andar por conta própria, na profissão, fracassou. O inútil do namorado Paul que sempre era esquecido também só serviu pra mostrar que pessoa horrível Rory é. Aquilo era pra ser engraçado?

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O encontro com Dean no mercadinho Doose’s, apesar de simpático, pareceu pouco natural. E Jess, aguardado avidamente por todos (por mim!), foi tão mal aproveitado em cena… Teria sido tão maravilhoso o contraponto de um Jess maduro com o babaca e traidor do Logan!

Outra personagem injustiçada foi Lane. Além de aparecer pouco, passaram-se nove anos e ela ainda está lá, na cidade pequena, com sua banda de garagem… E Zach envelheceu tanto! As pessoas não precisam de muito pra viver, e Lane não parecia infeliz, mas, sinceramente, eu a teria deixado fazer voos mais altos.

Agora, pra não ser injusta e justificar o meu “e também não [ter sido um erro]” lá do meu veredicto, preciso dizer que “Um Ano para Recordar” teve pontos altos. O roteiro estava afiado como sempre, o enredo de Lorelai com Luke – não casados até, literalmente, o último minuto – foi totalmente verossímil, e Emily caiu muito bem como madame enlutada. Que atriz Emily Bishop é!

As aparições de Michel, o ranzinza gerente gay da pousada e amigo de Lorelai, também foram ótimas, assim como as cenas com Paris e Kirk. Se no começo de “Inverno” todo mundo ainda parecia ter alguma dificuldade para entrar em seus papéis, Liza Weil chegou quebrando tudo. Não pareceu nem por um segundo que tinha ficado quase uma década sem encarnar a personagem. O mesmo para Sean Gunn e seu Kirk, com a fofura da porquinha Petal – bicho de estimação mais apropriado pra ele não teria.

Menção honrosa também para a cena em que Lorelai conta para Emily em “Outono”, por telefone, qual foi o momento mais marcante que ela teve com Richard. Meus olhos marejaram, confesso.

Ufa! Pontos negativos e positivos à parte, “Um Ano para Recordar” está aí, não dá pra voltar atrás, não dá para desver. Agora, precisa mesmo de mais uma temporada, como vi muita gente pedindo devido à revelação de Rory, com as tais quatro palavras finais tão esperadas (“mãe, eu estou grávida”)? Não há mais o que acrescentar nas histórias de Emily e Lorelai, que foram concluídas de forma bem satisfatória, e mais uma temporada só seria justificável se fosse para acompanharmos o desfecho da gravidez da mimada Rory. Isso eu dispenso.

[e se você conseguiu ler esse post até o final, parabéns!]

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