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Caravana de deputados e senadores à COP 28 teve passagem de R$ 76 mil
| Foto: Reprodução/Arquivo Bandeira de Mello

A caravana de 22 deputados, 9 senadores e oito servidores à COP 28 custou R$ 1,2 milhão. As cinco passagens mais caras – todas de deputados, na classe executiva – tiveram valor médio de R$ 50 mil. A passagem de Fábio Macedo (Podemos-MA) chegou a R$ 76 mil – 10 vezes o preço da passagem mais barata para o mesmo evento. Com as diárias, a conta de Macedo fechou em R$ 87 mil. O valor médio das passagens, fora os gastões, ficou em 11 mil.

As despesas da Câmara chegaram a R$ 840 mil. As diárias e passagens dos quatro servidores que acompanharam o presidente da casa, Arthur Lira, somaram R$ 124 mil. O Senado gastou mais R$ 390 mil. Só as despesas dos dois assessores do vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rego, chegaram a R$ 58 mil. Dez senadores viajaram no avião presidencial, sem despesas com passagens. A Presidência não informa o custo operacional da aeronave oficial.

Lira fez voos de jatinho até São Paulo

Na comitiva da Câmara, a passagem do deputado Bandeira de Mello (PSB-RJ), ex-presidente do Flamengo, custou R$ 51,5 mil. A passagem de Carlos Henrique Gaguim (União-TO) chegou a 48 mil. Hyandra Moura (União-SE) pagou R$ 44 mil e Elcione Barbalho (MDB-PA) mais R$ 38 mil. Na outra ponta da lista, Túlio Gadelha (Rede-PR) gastou R$ 9,8 mil com passagem para Dubai e Renilce Nicodemos (MDB-PA), apenas R$ 7,6 mil.

Júlio Lopes (PP-R$) participou da World Nuclear Exhibition, em Paris, no final de novembro, e seguiu para a COP 28 em Dubai. Na classe econômica, gastou apenas R$ 9,4 mil em passagens. Os deputados receberam 115 diárias no valor total de R$ 296 mil e gastaram R$ 440 mil com passagens.

As despesas dos dois seguranças e dois assessores que acompanharam Lira a Dubai somaram mais R$ 124 mil. Lira viajou em jatinho da FAB de Brasília até São Paulo, no dia 4 de dezembro, e depois pegou voos de carreira. Os bilhetes de ida e volta para Dubai foram emitidos pela Embaixada dos Emirados Árabes no Brasil. A Câmara não informou o valor dessas passagens.

Recursos da “minha cota”

O deputado Carlos Gaguim, ex-governador do Tocantins, apresentou ao blog a sua justificativa para o valor da sua passagem: “Dos R$ 48 mil gastos com passagem, apenas R$ 11,6 mil foram custeados pela Câmara. Os R$ 36,5 restantes foram provenientes da minha cota parlamentar, verba da qual tenho direito e que foi economizada ao longo do período”. Essa cota paga despesas como passagens, escritório nos estados, locomoção e divulgação.

O blog argumentou que a Cota para o Exercício do Mandato (Cotão) também sai do orçamento da Câmara. Esse dinheiro resulta do pagamento de impostos pelo contribuinte. E perguntou se não seria um exagero pagar R$ 48 mil pela passagem. O deputado apresentou, então, outras justificativas, em nota enviada pela sua assessoria:

“Os voos de menor custo tinham uma duração superior a 36 horas. Como o deputado conseguiu economizar em sua cota ao longo do ano, pôde optar por uma viagem mais rápida e confortável”. Titular da Comissão de Meio Ambiente há mais de 10 ano, disse que “a única viagem que realiza é para participar das COPs ao redor do mundo”.

"Além disso, gostaria de ressaltar que a Câmara autorizou a compra da minha passagem com apenas 10 dias de antecedência, o que elevou consideravelmente o valor da passagem aérea. Para esse tipo de deslocamento, a compra antecipada reduz significativamente os custos. No meu caso, a necessidade iminente da viagem, devido a compromissos já firmados, justificou a compra com menor antecedência”, completou o deputado.

Descarbonização e modernização do futebol

A assessoria de Mello enviou ao blog documento da Câmara que autorizou o uso do Cotão para pagar a passagem na classe executiva. “Comunico que o Deputado poderá custear, por meio de sua Ceap, a importância correspondente à mudança de classe (upgrade)”. Segundo a sua assessoria, o deputado “utilizou uma parte da cota para pagar a diferença. Mas tudo licitamente, com a autorização da Câmara dos Deputados”.

Acrescentou que Mello “foi o primeiro gestor do Fundo Amazônia, lançado em 2008. Ele era diretor do Departamento do Meio Ambiente do BNDES na Época”. Na COP, participou de reuniões e painéis sobre descarbonização da economia e de maneiras de tornar o esporte mais sustentável, dentro da pauta que ele também trabalha no Parlamento através da Frente Parlamentar Pela Modernização do Futebol. O blog fez contato por e-mail e pelo WhatsApp com os demais deputados citados na reportagem. A maioria não respondeu.

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