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O goleiro colabora e o presidente faz um gol na pelada em Santos
O goleiro colabora e o presidente faz um gol na pelada em Santos| Foto: Marcos Correa/PR

O ex-presidente Jair Bolsonaro dizia que economizava dinheiro público com hospedagens em quarteis nas suas viagens pelo país. Mas seus cartões corporativos pagaram R$ 2,2 milhões a hotéis no Guarujá (SP), em São Francisco do Sul (SC) e em Salvador, nas suas férias e folgas custeadas pelo contribuinte. Com todas as despesas, incluindo diárias e passagens, essas viagens custaram R$ 11,5 milhões. O presidente Lula curtia o Guarujá e a praia da Base Naval de Aratu, próxima a Salvador.

O ex-presidente Jair Bolsonaro encerrou o mandato com um total de R$ 27,6 milhões gastos com cartões corporativos, sendo R$ 13,7 milhões com hospedagens. No seu primeiro mandato, as despesas de Lula somaram R$ 62 milhões. Os gastos de Dilma Rousseff, de 2011 a 2014, chegaram a R$ 43 milhões. Todos os valores da reportagem foram atualizados pela inflação do período.

No final de 2020, Bolsonaro gastou R$ 835 mil com a viagem para o Forte Marechal Luz, em São Francisco; mais R$ 1,4 milhão na viagem para Forte dos Andradas, no Guarujá; segundo informou a Presidência da República por meio da Lei de Acesso à Informação. O cartão do presidente pagou R$ 108 mil em hospedagem em São Francisco e R$ 211 mil no hotel Hotur, no Guarujá, onde o presidente nadou com apoiadores próximos à praia, durante um passeio de lancha. O então presidente torrou R$ 91 mil apenas na padaria La Plage, no Guarujá. O maior pagamento, no valor de R$ 30 mil, foi feito em janeiro de 2021. Em novembro de 2020, gastou mais R$ 23,7 mil na mesma padaria.

Ainda durante aquelas férias, foi questionado pela rádio Jovem Pan sobre os gastos da viagem a Santa Catarina, que teria custado R$ 900 mil. O presidente reagiu: “Eu estou aqui num quarto no quartel do Exército no Guarujá. Não tem despesa nenhuma aqui”. Disse que, se o valor fosse verdadeiro, seria um absurdo e iria pegar “no cangote de alguém”. Nos registros dos cartões, os valores são bem maiores. É comum em viagens presidenciais que a equipe de apoio fique hospedada em hotéis próximos.

Na viagem para São Francisco, em dezembro de 2020, o presidente foi acompanhado por uma equipe de segurança com 52 militares, incluindo 13 oficiais superiores, 20 sargentos e 8 praças. Só as diárias dos militares e assessores da Presidência custaram R$ 66 mil. Dali, seguiu para o Guarujá, em 28 de dezembro, com um séquito de 73 militares, incluindo 22 oficiais e 8 assessores da Presidência.

Naquela viagem, em 28 de dezembro, Bolsonaro participou de um jogo beneficente na Vila Belmiro, em Santos, organizado pelo ex-jogador Narciso. Com a camisa 10 de Pelé, Bolsonaro marcou um gol e desabou em campo, exausto.

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Os passeios no Guarujá

O forte está localizado no Morro do Monduba, uma área de preservação de Mata Atlântica, de acesso restrito, mas Bolsonaro prefere a agitação. Nos seus passeios pelo Guarujá, deu autógrafos e fez selfies com admiradores, sem preocupação com distanciamento social e sem usar as máscaras recomendados pelas autoridades sanitárias no período mais grave da pandemia da Covid-19. Em São Francisco, ele ficava hospedado no Forte Marechal Luz.

Bolsonaro já havia estado no Guarujá em outubro de 2020, aproveitando o feriado de Nossa Senhora Aparecida. A viagem custou R 515 mil. Os cartões pagaram 136 mil nos hotéis Hotur e Praia do Tombo. No final de outubro, retornou ao Guarujá para o feriado de Finados. A viagem custou R$ 600 mil, com R$ 153 mil destinado ao hotel Hotur.

No ano seguinte, 2021, passou o Carnaval em São Francisco, em viagem que custou R$ 804 mil, com R$ 150 mil destinado a hotéis locais. No final de 2021, as despesas com a viagem para Guarujá e São Francisco somaram R$ 2,3 milhões. O hotel Hotur recebeu 215 mil, o hotel Zibamba, de São Francisco, levou R$ 122 mil. Bolsonaro retornou ao Guarujá em fevereiro e abril deste ano, gerando despesas de mais R$ 1,4 milhão. O Hotur levou mais R$ 334 mil. Durante o mandato de Bolsonaro, esse hotel recebeu um total de R$ 1,7 milhão.

Lula também curtia o Guarujá

Nos primeiros mandados como presidente da República, de 2003 a 2010, Luiz Inácio Lula da Silva também curtia férias e folgas no Guarujá, onde ficava hospedado no Forte dos Andradas, ou na Base Naval de Aratu, próxima a Salvador. Assim como Bolsonaro, pagava com cartões corporativos hospedagem e alimentação dos integrantes da sua equipe de apoio – seguranças e assessores, quase a totalidade de militares.

No início de janeiro de 2006, Lula foi para a praia privativa da Marinha. Gastou R$ 24,6 mil no Fiesta Hotel, mais R$ 2,3 mil no supermercado Bom Preço, em Camaçari, próximo da base naval. Após quase quatro meses de campanha eleitoral, o presidente Lula e a mulher, Marisa Letícia, foram descansar na Base de Aratu. No primeiro dia, o presidente e a primeira-dama aproveitaram o sol na manhã para tomar banho na praia de Inema. O presidente gastou R4 19,5 mil no Fiesta Bahia Hotel e mais R$ 763 no Hotel da Trânsito da Marinha em Inema.

Em 5 de janeiro de 2007, Lula chegou ao Forte dos Andradas para passar dez dias de férias, acompanhado de Marisa Letícia. A hospedagem no hotel Ilha de Santo Amaro custou R$ 97 mil. As compras da padaria La Plage, mais R$ 8,7 mil. O presidente gostou do Forte no Guarujá e retornou ao litoral paulista em fevereiro, onde passou o fim de semana de Carnaval. A hospedagem no Ilha de Santo Amaro ficou por R$ 59 mil.

Despesas altas com padaria e cachaçaria

No Carnaval de 2008, após nove dias de descanso, o presidente Lula e a sua mulher deixaram ontem o Forte dos Andrada e partiram para Brasília. Daquela vez, a conta da hospedagem foi mais pesada – R$ 125 mil pagos ao Ilha de Santo Amaro. As “comprinhas” na padaria La Plage somaram mais R$ 21 mil.

No ano seguinte, Lula retornou à Base de Aratu, onde permaneceu de 2 a 9 de janeiro, daquela vez acompanhado de Marisa Letícia e mais 12 pessoas. Ele foi flagrado pela imprensa na praia de Inema, dentro da área exclusiva da Marinha. A hospedagem no Bahia Stella Hotel ficou em R$ 54 mil. As compras no supermercado Bom Preço somaram R$ 4 mil.

No final de 2009, Lula fez um programa duplo. Primeiro, foi para a Base de Aratu, onde descansou por seis dias. Num dos passeios, foi fotografado carregando uma caixa de isopor na cabeça. A despesa com hospedagem chegou a R$ 78 mil. No dia 6 de janeiro, ele seguiu da base naval para a Base Aérea de Salvador em helicóptero. De Salvador, voou para o Guarujá, onde descansou por 5 dias. Mais R$ 78 mil gastos em hospedagem no hotel Praia do Tombo. Entre as despesas com “alimentação”, ficaram registrados R$ 4,8 mil na Hortifrut Guarujá, R$ 6 mil na padaria La Plage e R$ 9,4 mil no DSM Restaurante e Cachaçaria. Não é possível comparar as despesas totais entre as viagens de Bolsonaro e Lula porque os critérios de cálculo eram diferentes nos governos Lula e Dilma.

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