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As despesas do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), com 91 voos em jatinhos da Força Aérea Brasileira (FAB) somaram R$ R$ 2,2 milhões até meados de setembro. Somando com os nove voos do vice-presidente no exercício do cargo, Altineu Cortes (PL-RJ), são R$ 2,4 milhões. Em comparação, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), ficou nos R$ 990 mil.
Dez voos dos presidentes, somando R$ 162 mil, tinham apenas 2 ou 3 passageiros, no chamado “Uber aéreo”. Mais 13 voos tinham 4 ou 5 passageiros – somando R$ 244 mil. Alcolumbre aderiu à mordomia. Ele pegou um jatinho oficial em São Paulo em 12 de julho, às 9h30, numa manhã de sábado, com apenas três passageiros a bordo.
De 13 a 15 de junho, no período das festas juninas, Hugo Motta fez um roteiro pelo Nordeste. Voou de Brasília a Petrolina em 13 de junho. No voo de Petrolina a Salvador, havia três passageiros. De Salvador a Brasília, no dia 14, eram quatro. Ele foi a Brasília, num sábado, para debater com Lula e alguns ministros a votação do pacote fiscal do governo, principalmente a questão do IOF, mas retornou a Salvador no mesmo dia, com três passageiros. De Salvador, voou para Petrolina, com apenas dois passageiros. Em 2 de junho, Motta voou de Brasília a São Paulo com apenas dois passageiros. Todas as despesas estão de acordo com as leis e as normas do Congresso – aprovadas por deputados e senadores.
Dez voos dos presidentes, somando R$ 162 mil, tinham apenas 2 ou 3 passageiros, no chamado “Uber aéreo”
“Defesa da sustentabilidade fiscal”, diz Motta
No início de julho, o presidente da Câmara voou de jatinho para o Fórum Jurídico de Lisboa – um evento organizado pela Faculdade de Direito de Lisboa, com o apoio do ministro do STF Gilmar Mendes. O Fórum abordou temas relacionados à “Era Inteligente e suas implicações”. Na abertura do Fórum, Motta ressaltou “a defesa da eficiência e da sustentabilidade fiscal do Estado brasileiro”. O deslocamento do jatinho oficial custou R$ 237 mil. As diárias, mais R$ 14 mil. Cada diária custa R$ 3,1 mil – dois salários mínimos.
Em maio, Motta já havia voado a Nova York nas asas da FAB para reuniões com investidores, empresários e políticos, em eventos como o Council of the Americas, o Diálogos Esfera New York, o Lide Brazil Forum, o Fórum Veja Brazil Insights, o Citi ISO Datagro New York Sugar & Ethanol Conference, a ser organizado pelo Citibank em conjunto com a International Sugar, e o Summit Valor Econômico Brazil. O jatinho oficial custou R$ 223 mil. O presidente recebeu mais dois salários mínimos em diárias.
Motta também esteve no encontro com o representante permanente do Brasil junto à Organização das Nações Unidas em Genebra, embaixador Tovar da Silva Nunes, e da 6.ª Conferência Mundial de Presidentes de Parlamentos, de 27 a 30 de julho. Gastou R$ 28,3 mil com passagem na classe executiva, mais R$ 3,1 mil com diárias. Bem mais barato que as viagens em jatinho.
Os voos para casa
Os voos dos presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF) são regulamentados pelo Decreto Presidencial 10.267/2020. O decreto deixa expresso que os presidentes dos três poderes e o vice-presidente da República têm esse direito. “Presume-se motivo de segurança o deslocamento ao local de residência permanente dessas autoridades”, diz o texto.
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Hugo Motta fez 17 voos de João Pessoa para Brasília em jatos da FAB, a um custo de R$ 440 mil – média de R$ 26 mil por voo. Fez mais dez viagens diretas de Brasília para João Pessoa, no valor total de R$ 284 mil – média de R$ 28 mil por voo. Houve ainda alguns voos de João Pessoa para outras cidades, como Rio e São Paulo; assim como voos de outras cidades para a capital da Paraíba – todos com Motta a bordo. O presidente da Câmara também fez cinco voos diretos para Patos (a capital do Sertão da Paraíba) e cinco viagens a partir de Patos.
Vice abusa do “Uber” aéreo
Em 10 de abril, quinta-feira, Altineu Côrtes partiu de Brasília para o Rio de Janeiro em jatinho da FAB, às 18h30, sem agenda oficial. Eram apenas dois passageiros. Na manhã da segunda-feira, Côrtes voou em outro jatinho do Rio para São José dos Campos com três passageiros a bordo.
No início da tarde, voou para Brasília com quatro passageiros. Na terça-feira, voou de Brasília para São José dos Campos, às 18h40, com cinco passageiros em jatinho da FAB. No mesmo dia, às 21 horas, voou de São José para o Rio de Janeiro com dois passageiros a bordo. A coluna perguntou ao deputado qual o motivo das viagens a São José dos Campos. Não houve resposta.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos





