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Lula durante comício da campanha para presidente da República
Lula durante comício da campanha para presidente da República| Foto: Ricardo Stuckert/PT

O candidato a presidente pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, gastou R$ 607 mil com diárias e passagens para seguranças e assessores em viagens pelo Brasil e exterior no período pré-eleitoral e já na campanha oficial – todas pagas com a verba de ex-presidente. Os salários dos sete seguranças e assessores nesse período somaram mais 420 mil. Incluindo despesas com combustível, locação de veículos e telecomunicações, a conta para o contribuinte fechou em R$ 1,05 milhão.

As despesas dos seis ex-presidentes – José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique, Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer – somaram R$ 3,9 milhões até julho. Até janeiro deste ano, a gastança estava em R$ 75 milhões. A Lei 7.474/86 diz que os ex-presidentes têm direito aos serviços de quatro servidores para segurança e apoio pessoal, mais dois veículos oficiais blindados (R$ 108 mil cada) com motoristas – tudo pago pela Presidência da República.

Em 2002, passaram a contar também com dois assessores com cargos em comissão de Direção e Assessoramento Superiores (DAS) nível 5. Fazem parte da equipe de apoio a Lula um capitão reformado, 2 primeiros-tenentes da ativa, 3 segundos-sargentos e 1 servidor civil.

A ex-presidente Dilma já utilizou essa estrutura na sua tentativa de eleição para o Senado por Minas Gerais, em 2018. Sua equipe de apoio recebeu 350 diárias num total de R$ 100 mil, durante a campanha. A despesa total, incluindo passagens aéreas, chegou a R$ 153 mil, em valores atualizados. Dilma não foi eleita. Naquele ano, ela também fez um roteiro de 12 dias por Espanha e Estados Unidos, em defesa da liberdade de Lula, com despesas de R$ 204 mil aos cofres públicos.

Os candidatos à Presidência da República contam ainda com a segurança de agentes da Polícia Federal – cujos custos estão sob sigilo. Mas a principal fonte de financiamento da campanha de Lula é o Fundo Especial de Financiamento de Campanha, que destina dinheiro público aos candidatos nas eleições de 2022. Até agora, Lula já recebeu R$ 90 milhões – quase a totalidade originado do "Fundão". Despesas no valor de R$ 58 milhões já estão contatadas. O ranking de fornecedores é liderados pela M4 Comunicação e Propaganda, que faz a campanha de Lula, com R$ 26 milhões.

Lula sobe o tom: “Genocida, fascista”

Lula foi acompanhado pela equipe destinada a ex-presidentes em 16 capitais mais 10 cidades de médio porte. O roteiro para Manaus, Belém e São Luís, de 27 de agosto e 3 de setembro – custou um total de R$ 42 mil. Sete seguranças e assessores se alternaram nos eventos nas três capitais. Ao lado do senador Eduardo Braga (MDB), candidato ao governo do estado, e do senador Omar Aziz (PSD), ex-presidente da CPI da Covid, Lula lembrou o seu programa com maior apelo eleitoral: “Eu tenho noção do que foi acabar com a fome nesse país, reconhecido pela Organização das Nações Unidas”.

Em Belém, onde declarou apoio ao governador Helder Barbalho (MDB), Lula criticou a mudança do programa social Minha Casa Minha Vida para Casa Verde e Amarelo. “Que babaquice é essa de tudo ser verde amarelo? Casa Verde e Amarelo, Carteira de Trabalho Verde e Amarelo. Por causa dela, os empregos estão quase todos na informalidade. Os trabalhadores perderam seus direitos. É essa carteira de trabalho que nós queremos? Não”, afirmou.

Em São Luís, o ex-presidente subiu o tom contra o presidente Jair Bolsonaro. Disse que o atual presidente “não derramou uma lágrima” pelas vítimas da Covid. “Esse genocida não merece estar na presidência da República”. Afirmou que decidiu disputar a presidência para o país não ser “destruído pela “incompetência de um fascista”, “alguém que conta sete mentiras por dia”. Prometeu ainda revogar os decretos de Bolsonaro que ampliam prazos de sigilo sobre documentos. “Quem não deve não teme. Não deve esconder nem um dia. Ele está tentando esconder por 100 anos”.

Chamamento: “Temos que ir pra Rua”

No dia 29 de julho, Lula esteve na convenção do PSB que aprovou a coligação com a federação PT/PV/PCdoB, no hotel Meliá, em Brasília. As despesas com a equipe de apoio somaram R$ 66 mil, sendo R$ 42 mil com passagens par seguranças e assessores. Naquele evento, defendeu uma mudança na relação do presidente da República com as Forças Armadas. “Uma relação em que cada um cumpra a sua função, e não ter um presidente que trata as Forças Armadas como se fosse um objeto na mão dele”.

Criticou também a reunião do presidente com embaixadores: “Nunca imaginei que veríamos um presidente cometendo a idiotice chamar os embaixadores de 70 países para mentir e vender uma ideia falsa de que a democracia corre risco por causa das urnas eletrônicas”. E chamou seus eleitores para a rua: “Daqui pra frente é tudo em lugar aberto. Temos que ir pra rua pra mostrar que o povo brasileiro quer democracia de verdade. Não podemos ceder a esse fanfarrão”.

No dia 21 de julho, esteve em Recife, Garanhuns e Serra Talhada, em Pernambuco. O deslocamento dos sete integrantes da equipe de apoio custou R$ 34 mil. Em Recife, Lula disse que o voto favorável de petistas à PEC que permitiu ao governo ampliar benefícios sociais às vésperas da eleição foi "um ato de humanidade". Mas fez um alerta: "Se Bolsonaro pensa que vai ganhar o voto do povo dando isso por três meses, terá uma grande lição. O povo vai pegar o dinheiro e não vai votar nele".

“Tomado pelo ódio, fanatismo”

Lula fez ato público no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em 12 de julho. As despesas com os seguranças e assessores pagos pela Presidência somaram R$ 22 mil. Lula lamentou a escalada de violência política que culminou com o assassinato do guarda municipal de Foz do Iguaçu (PR) Marcelo Arruda. Disse que estão tentando fazer da campanha eleitoral “uma guerra”. “Nós não precisamos brigar. A nossa arma é a nossa tranquilidade. Não temos que aceitar provocação”, disse Lula. Afirmou, ainda, que o homem que atirou em Marcelo estava tomado pelo “ódio, loucura, fanatismo e sectarismo”.

E retomou o tema Covid: “Se o Bolsonaro quiser visitar as pessoas pelas quais ele é responsável pelas mortes, ele vai ter muita viagem. Porque ele não chorou uma lágrima pelas mais de 600 mil vítimas da Covid. Nunca se preocupou em visitar uma criança órfã, e são muitas. Nunca se preocupou em visitar uma viúva que perdeu o seu marido”. Disse que Bolsonaro tem um “comportamento desumano, do mal”.

Palanque no México

A viagem de Lula ao México serviu com o mais um palanque pré-eleitoral para Lula. Em discurso na Câmara dos Deputados daquele país, em 3 de março, o ex-presidente destacou resultados da política de inclusão social de seu governo, que “retirou 36 milhões de pessoas da extrema pobreza, ampliou e democratizou o acesso ao ensino superior”, segundo nota publicada na página do Instituto Lula”. As despesas com diárias e passagens de seguranças e assessores somaram R$ 96 mil.

Ele também aproveitou a viagem para criticar o atual governo: “Assistimos hoje à volta de flagelos como desemprego, fome, destruição dos direitos trabalhistas, devastação do meio ambiente, desrespeito aos direitos humanos e às minorias, ataques à democracia. As consequências da ascensão da extrema direita no Brasil são os cerca de 650 mil mortos pela Covid, os 14 milhões de desempregados, e os 116 milhões de brasileiros que sofrem algum grau de insegurança alimentar. Pessoas que só conseguem comer uma vez por dia. E pessoas que simplesmente não têm o que comer”.

O blog fez contato com a assessoria de Lula e lembrou que o ex-Presidente fez dezenas de viagens na pré-campanha e também no período oficial de campanha acompanhado por seguranças e assessores pagos pela Presidência da República, conforme a Lei 7.474/1986. Questionou, então, se essa despesa paga pela Presidência, incluindo diárias, passagens e o salário dos servidores, não fere a Lei Eleitoral. Não houve resposta até a publicação da reportagem.

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