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Essa é a grande dúvida que assombra praticamente todos os eleitores da direita, cujo número só cresce desde 2014. Há muita incerteza sobre se Jair Bolsonaro ou seu indicado poderão representar a direita no próximo pleito de 2026. Nesse vácuo, vemos diversas alternativas se apresentando como candidatos da direita e buscando os votos desse eleitorado.
No entanto, essas novas opções contam com apoio massivo dos pilares do Sistema: partidos do Centrão, membros do Judiciário, mídia tradicional e estrategistas da esquerda.
Questionamos: por quê? A resposta é simples: esses candidatos vêm para dar continuidade ao Sistema. Para obter amplo apoio de todos esses componentes, certamente não promoverão e implantarão reformas profundas de que o Brasil tanto necessita. Mexer com os pilares do Sistema é proibido, e talvez esse seja o acordo tácito — ou até negociado — que existe entre eles.
Na verdade, o Sistema, como toda cobra, precisa trocar a pele de tempos em tempos. Precisa dar cara nova ao velho regime para sobreviver. Os candidatos permitidos pelo Sistema trazem consigo uma roupagem diferente e podem até fazer mudanças visíveis, como retirar a esquerda do governo, melhorar a segurança pública e a economia. Para muitos da ala da direita, isso já basta. Mas, acredite, no contexto do real problema, isso é mero verniz.
A velha esquerda sabe que acabou
Na Europa, ela não existe mais como força política relevante. No século 20, ideias de estatização, sindicalização, reforço de leis trabalhistas e taxação crescente ainda estavam em voga.
Hoje, não há mais aderência a esses antigos ideais de esquerda; todos eles morreram. Lá, representam menos de 10% do eleitorado, em média. Aqui, a tendência é semelhante. O atual governo do Brasil sempre perde quando resolve implementar qualquer uma dessas propostas defuntas.
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A tal nova esquerda também não durou muito
A Guerra Fria, de 1945 a 1989, foi o embate entre o modelo político e econômico ocidental e o modelo fascista soviético. Ambos competiam por influência mundial. Com a queda do Muro de Berlim, em 1989, registra-se não a vitória do Ocidente, mas a falência da velha esquerda soviética. É aí que se reforça a vertente da nova esquerda, no final do século 20, sob a forma de globalismo.
Esse modelo progressista, calcado em movimentos identitários, causas ambientais e direitos de minorias, se distinguia pela criação de mecanismos de convencimento da opinião pública.
Foi muito influente, inclusive em segmentos conservadores, a ponto de George Bush, do Partido Republicano, ter publicado um memorando sobre a Nova Ordem Mundial a ser criada no rescaldo da queda do Muro de Berlim.
A nova diretriz era reforçar a ONU e todos os seus conselhos, assim como outras agências supranacionais, como a OEA e a União Europeia.
A nova esquerda se uniu com um fim sinistro e uma agenda muito clara, a 2030, com 17 eixos ideológicos. Em uma primeira leitura, parecia uma proposta aceitável, mas sua implementação implica total e extrema regulamentação e centralização por parte dessas entidades supranacionais e não eleitas.
Novas ideias como a DEI — Diversidade, Equidade e Inclusão — surgem no diálogo de políticas públicas não para pacificar conflitos sociais, mas para ampliá-los até gerar caos político, econômico e social no Ocidente. Vale lembrar que essas propostas da DEI são reforçadas pelo sistema financeiro e pela mídia; ambos são os primeiros eixos a serem integrados em uma espécie de cartel mundial de controle.
Na sequência, surgem as medidas de ESG — Ecologia, Sustentabilidade e Governança. A ideia é que empresas que solicitarem financiamento ao cartel financeiro mundial precisem aderir tanto ao ESG quanto ao DEI como condições sine qua non para obterem aprovação.
Pois bem, todas essas novas ideias também estão ruindo. E, com elas, vai por terra a aderência das narrativas da nova esquerda, assim como sua viabilidade política. Infelizmente, tanto a velha quanto a nova esquerda deixaram uma criação: o “deep state”, ou seja, o próprio Estado.
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Dois modelos, ambos socialistas
São esses os dois grandes movimentos da esquerda — a arcaica, stalinista e ditatorial; e a nova esquerda, globalista e identitária — que estão representados no “Sistema” brasileiro.
O Sistema é a combinação de interesses corporativistas que controlam o Estado com os oligarcas que controlam a economia. O candidato mais viável é aquele que não se opõe a conviver com ambos, notadamente representantes do Centrão ou da Esquerda
Por isso, o Sistema vê necessidade de limitar e expurgar todos os conservadores e liberais surgidos nos últimos 10 anos no Brasil. Isso explica por que grandes empresários financiam líderes socialistas e evitam líderes conservadores.
O mesmo ocorre no resto do Ocidente; líderes antissistema têm sido perseguidos com rigor, pois têm respaldo da força popular, que quer dar um “basta” ao Sistema. Ou seja, hoje a população entende quem está no controle e percebe que não é ela.
Vai rolar o acordão?
Para acomodar a situação, o pessoal do Centro já tem um acordo tácito com as instituições para não fazer grandes reformas e não alterar os sistemas de poder. Além disso, o Centrão detém, como grupo, os maiores recursos de fundo eleitoral e tempo de televisão.
Então, por que é importante ter um candidato da direita mesmo em desvantagem? Para representar a agenda antissistema da direita.
Na dinâmica europeia, em que os sistemas políticos são abertos — ou seja, onde existem mais mecanismos de proteção da sociedade —, uma real direita floresce e refloresce: conservadora, cristã, militarista e até monarquista. Uma direita de fato que brota do seio da opinião pública como a única opção contra o Sistema.
Os ciclos eleitorais europeus, apesar de registrarem a resiliência do Centrão em vários países, também mostram a implosão da esquerda e um aumento exponencial da direita.
Para que esses aumentos ocorram, é necessário que existam candidatos com uma agenda única e clara de mudança em políticas públicas e reforma do Sistema. Por isso, a direita europeia não faz parte de acordões. Ela sabe que, se ficar subordinada a um acordão, suas propostas ficam diluídas pelos interesses dos demais partidos do Centrão e trairão a população, que quer reformar o sistema.
Ruptura ou “Deixa Disso”
No Brasil, a cultura de não gerar conflito e evitar ruptura ainda existe. É a turma do “deixa disso” que ainda tem representação política no Centrão. Eles sobrevivem da percepção errada do eleitor confuso, que acredita que a direita é quem gera confusão. Mas, na verdade, quem gera o conflito é o Sistema.
O sistema espúrio criado pela esquerda, com a bênção do Centrão, rouba o país, não deixa a população em paz e não quer rivais ou questionamentos; esses fatores é que geram conflitos. Enquanto houver eleitor confuso, o Centrão existe.
Teatro das Tesouras 2.0
Vale ressaltar que, em uma corrida eleitoral, o pleito é sempre binário: um candidato do sistema, outro contra o sistema. De 1988 até 2014, havia a dinâmica do teatro das tesouras, que criou uma falsa oposição entre os partidos de esquerda.
Até aquele momento, todos os partidos eram de esquerda, e PT e PSDB lideravam as discussões de políticas públicas. Mas a diferença entre um e outro eram apenas vírgulas no texto dos projetos de lei. Ambos visavam ao socialismo e contribuíram para a criação do Estado totalitário que vivemos hoje.
Por isso, precisamos de um candidato antissistema. Caso contrário, o contraponto ao candidato do Centrão será o candidato da esquerda, e estaremos de volta à simbiose do teatro das tesouras. E, pior, estaremos dando sobrevida política a uma esquerda moribunda, ressuscitada artificialmente, de pele nova, mas com o mesmo veneno.




