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Até um robô sabe que este governo começou mal.
Até um robô sabe que este governo começou mal.| Foto: Unsplash

Perguntei ao ChatGPT o que devemos fazer para estabilizar o Brasil e a resposta foi surpreendente, diante das muitas críticas ao sistema que temos visto na mídia. O chatbot propõe trabalhar cinco pontos distintos: combater a corrupção, reforçar instituições da democracia, promover consenso político, aumentar a participação popular e melhorar as condições econômicas. Eu acrescentaria um sexto a essa lista: resistir aos grupos de interesse.

É evidente que nenhum desses pontos faz parte do plano da gangue nomeada pelo atual governo. Cada ponto sugerido pelo ChatGPT foi seguido de generalidades que se aplicariam a qualquer país, mas podem no mínimo balizar uma discussão no Brasil. Vamos, portanto, especificá-los com um pouco da nossa realidade.

Combater a Corrupção

Historicamente, a corrupção é um dos principais problemas políticos do Brasil e desde o primeiro governo Lula essa prática tem crescido a níveis insustentáveis. Tivemos grandes avanços com a operação Lava Jato, mas agora essa velha conhecida voltou – e com força total. Vários ministros do atual governo têm inquéritos abertos por improbidade administrativa, muitos presos por corrupção foram soltos antecipadamente e o próprio presidente foi julgado culpado e condenado por essa prática criminosa. Por isso fica claro que o atual governo não fará nada contra a corrupção, ao contrário, já demonstrou abertamente que voltará a usá-la para governar.

Reforçar Instituições democráticas

O comentário do ChatGPT acrescentou que reformas reforçariam a independência de poderes e a isenção da mídia tradicional seria a salvaguarda dos freios e contrapesos ao poder executivo. Exatamente o contrário do que o governo está fazendo, ao cooptar – leia-se: comprar – os canais de mídia tradicional, voltar a aparelhar todas instituições de Estado e querer controlar o Poder Legislativo. O judiciário, que já estava alinhado antes da eleição, agora está em par com o executivo, trabalhando também no tráfico de influência e corrupção de deputados e senadores “manés”. Toda medida do Executivo atual visa apenas fortalecer seu poder central em detrimento da federação e dos direitos fundamentais do cidadão. Sim, o governo trabalha para reforçar uma ditadura e não o estado de direito.

Promover consenso político

Este foi outro comentário adequado do chatbot, porque geralmente a paralisia política vem da polarização que envolve a divergência extrema de opinião da sociedade, dos partidos políticos e dos agentes de Estado. Importante lembrar que o atual governo ganhou com pequena margem de votos; e, se somados os brancos e nulos aos de Bolsonaro, a maioria não votou no atual governo, que insiste em não dialogar com esses eleitores. Trata-se de mais uma demonstração de que o atual ocupante do Palácio do Planalto não quer encontrar pontos em comum com a sociedade; ao contrário, está com sede de vingança e sem base política para efetivar sua sanha persecutória. Uma minoria com poder querendo atacar uma maioria sem poder é muito desestabilizador e nada sustentável.

Aumentar Participação Popular

O atual governo quer promover responsabilidade e transparência? Não. Vai promover recall de mandato e referendo popular sobre decisões chave? Não. É favorável a candidaturas independentes? Não. Defende a liberdade de expressão e é contra a censura? Não. Esse governo federal tem medo da opinião pública, pois sabe muito bem que não é popular, nem consegue mobilizar a população para nada. Com a cumplicidade da mídia tradicional, os ocupantes do poder farão o possível para convencer os desavisados de que sua opressão é pela liberdade e sua ditadura, pela democracia.

Melhorar a Economia

Até agora, o governo tem tomado medidas no sentido oposto. Rompeu o teto fiscal, aumentou impostos, fragilizou a propriedade privada com ações do MST, decretou que não quer privatizar nada, trabalha para reforçar sindicatos e ampliar leis trabalhistas. Pretende também fazer uma reforma tributária que acaba com a federação e onera empresários e consumidores ainda mais. Esse Executivo não aceita o aprendizado do governo anterior, o qual entendeu que a redução de gastos é um caminho para reduzir alíquotas e assim arrecadar mais com aumento da atividade econômica. O resultado mais provável das medidas do governo é a instabilidade fiscal, inflação, alta de juros, fechamento de indústrias, desemprego e recessão, efeitos já visíveis com poucos dias de governo.

Resistência aos grupos de interesse

Seria esperar demais do ChatGPT levantar esse ponto, portanto eu o faço. Depois da Lava Jato, ficamos conhecendo os conluios do PT com diversos grandes empreiteiros e banqueiros do Brasil. Isso voltou, mas depois de vinte anos surgiram fatores agravantes: a interferência de grupos internacionais. O atual governo já sinalizou que vai atender a todos eles: União Europeia quer mais controle sobre nossa Amazônia; a China quer dominar nosso agronegócio e mineração; a ONU quer comandar nossas leis; o Foro de São Paulo, ou Grupo de Puebla, comandar nossa agenda política; e os EUA, controlar nossa capacidade de defesa. O Brasil está vulnerável a todos esses interesses e é impossível estabilizar nosso sistema político sem criar defesas contra tais influências estrangeiras. Hoje, inversamente, estamos dando poder a um governo entreguista.

O ChatGPT é uma ferramenta melhor que o Google para formar opinião politica? Não. Testei o sistema com várias perguntas e notei que as respostas são genéricas, não oferecem contraponto e, em alguns casos, não estavam atualizadas para fornecer informação de qualidade. O Google, por sua vez, supostamente não toma posição, mas a sugestão, por enquanto, de uma lista de opiniões e argumentos diferentes é mais garantia de isenção. Algumas poucas vezes o ChatGPT acertou sem necessidade de acréscimo ou ressalva, mas trata-se de pontos acadêmicos universalmente aceitos.

Esse novo sistema pode servir como base de informações e dar algum retorno para o público, mesmo sendo fruto de opinião leiga. É um ponto de partida para refinar pesquisas e respostas a questões políticas, apesar de estas serem genéricas e enviesadas em favor da ala progressista. No entanto, no caso do atual governo do Brasil, é muito difícil errar na avaliação: estamos no caminho errado, óbvio até para um robô da internet.

Conteúdo editado por:Bruna Frascolla Bloise
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