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Bandeira de Israel é queimada durante manifestação na Boca Maldita, em Curitiba, no dia 09 de janeiro de 2009. Entre os manifestantes havia membros do PCB, PSol e movimento estudantil, e pessoas com camisetas do Hamas e do Hezbollah.
Bandeira de Israel é queimada durante manifestação na Boca Maldita, em Curitiba, no dia 09 de janeiro de 2009. Entre os manifestantes havia membros do PCB, PSol e movimento estudantil, e pessoas com camisetas do Hamas e do Hezbollah.| Foto: MARCELO ELIAS/Gazeta do Povo

Esta semana o  mundo assistiu, chocado, à barbárie promovida pelo grupo terrorista Hamas em Israel. Imagens foram suficientemente divulgadas para que diversos analistas sérios confirmassem o massacre covarde de idosos, crianças, mulheres e população civil. O que desejo com este artigo é fornecer uma perspectiva diferente das demais análises geopolíticas, a fim de esclarecer as motivações e intenções de um movimento claramente alinhado a ideais globalistas, e que  tem recebido apoio aberto ou velado de governos de esquerda.

Há alguns anos a posição de Israel na região da Faixa de Gaza estava praticamente consolidada. O país está à frente de todos os vizinhos em termos de desenvolvimento, tecnologia e tem força empreendedora para empregar os palestinos, de forma que a qualidade de vida propiciou a criação de uma classe média na Faixa de Gaza. A situação estava aparentemente pacificada. Inegavelmente, o Hamas influencia grande parte dos muçulmanos, e como pretendem monopolizar o discurso, a eles não interessa que a imagem de Israel seja  a do provedor do estado palestino. Sem Israel, a Faixa de Gaza se tornaria apenas uma prisão a céu aberto, nas palavras dos próprios moradores.

Dentro das circunstâncias, havia ampla liberdade de migração e trânsito para que os palestinos pudessem trabalhar e também usufruir dos benefícios do Estado Isralense, incluindo combustíveis e acesso a energia e água. Essa paz não é do interesse do Hamas, pois sua intenção é promover o contrário: a extinção de Israel para que os palestinos sejam libertados, uma narrativa fracassada diante da realidade, pois a influência de Israel é positiva, cria uma classe média palestina e torna irrelevantes as narrativas de estado social pregado pelo Hamas. 

Vale lembrar que quando tais movimentos foram criados, nos anos 40, muitos deles pela KGB, da União Soviética, eles se assemelharam aos grupos de esquerda por adotarem as mesmas ideias e estratégias: todos são revolucionários, subversivos, corruptos e cerceadores da liberdade individual em nome de um coletivo manipulado. Seus líderes nem vivem nas regiões de conflito, a exemplo de Yasser Arafat. Muitos estão confortavelmente instalados em hotéis de luxo na Turquia, no Líbano ou na Europa. Grupos como o Hamas recebem doações internacionais de ajuda humanitária para serem desviadas na construção de túneis e tráfico de armas, dentre outros. 

Todos são revolucionários, subversivos, corruptos e cerceadores da liberdade individual em nome de um coletivo manipulado

Mas por que esse tipo de movimento radical ainda tem voz no século 21? O Hamas parece representar a crise de lideranças que ocorre sobretudo no Oriente Médio, formadas  por ditadores e assemelhados, que agem contra suas próprias populações, e não são tolerados no mundo civilizado. Embora os exemplos como esses também estejam presentes no Ocidente, há tons de cinza que devem ser considerados e hoje temos naquela região do Oriente situação praticamente irreversível, com pessoas sendo escravizadas, sem instituições consolidadas, sem eleições nem representatividade ou algo que seja próximo a um estado de direito. 

Nesse contexto, a primeira motivação do Hamas é tornar irrelevante o acordo firmado entre Israel e Arábia Saudita. Esse movimento não veio para promover o caos, simplesmente, mas para instituir uma escalada de barbárie que pode se estender a outros países, inclusive da Europa. 

Teoria da dependência - É importante ressaltar que esses e outros movimentos terroristas anti americanos têm a mesma origem marxista, e pretendem impedir que Estados Unidos e Europa tenham acesso a petróleo, recursos minerais e alimentação, um modelo que nada tem de novo, chamado Teoria da Dependência. Trata-se de fomentar a disrupção e o nacionalismo, em um primeiro momento, para romper com o Império Britânico, e depois para conter o capitalismo, em um claro modelo socialista, adaptado à cultura e à religião dessas localidades. Portanto, o comportamento desses grupos é similar, incluindo a influência de narcotraficantes, sua posição de se colocar como a única alternativa, negando qualquer outra que possa promover o bem-estar do palestino, aproxima-o do comunismo e de todos os partidos de esquerda. 

Com certeza, o Hamas não vai conseguir destituir o Estado de Israel e nem destruir seu povo, indo na contramão dos princípios de Maquiavel, que justificava a invasão de um país por outro para dominar seu território ou seu governo. Então, para que invadir Israel? Para fazer terrorismo e gerar reações, em uma escalada mundial. As poucas manifestações de apoio que ocorrem no Ocidente são isoladas e partem de radicais, que não representam a população. Essa escalada é o ponto principal. Sem ela, os terroristas não conseguem cumprir seu principal objetivo, acuar Israel. Sem dúvidas, o contra-ataque será implacável e infelizmente ainda ocorrerão muitas mortes, mas é bem provável que estejamos testemunhando o suicídio político do Hamas. Sem a repercussão em cadeia, não haverá sucesso para esse grupo, inclusive entre os muçulmanos. A reação de Israel é inédita e não há prognóstico de retrocesso dos combatentes israelenses. 

Paz na região? Outro ponto para a reflexão do leitor é analisar em que momento da História houve clima de paz no Oriente Médio. Paradoxalmente, foi quando ninguém reivindicava territórios, nem judeus, cristãos ou palestinos, mas no Império Otomano,  que estava à parte desses conflitos, uma vez que tinha caráter multicultural, plurilinguístico e monetariamente diversificado. Havia um governo central, mas com uma liderança civil local independente. Talvez fosse bom começar a pensar nessa solução para resolver os problemas da região, com a presença de um interlocutor que tenha credibilidade e representatividade. Mesmo essa estratégia apresenta dificuldade, uma vez que há cada vez menos países que possam representar o Estado de Direito e mediar acordos com credibilidade. 

Então, para que invadir Israel? Para fazer terrorismo e gerar reações, em uma escalada mundial

O Hamas criou um funil e ao mesmo tempo uma isca. Um funil bélico e uma isca para adesão do Ocidente, todo o cuidado é pouco para não cair nessas armadilhas, porque com certa popularidade no mundo árabe, suas ideias têm sido chanceladas pela imprensa e obtido apoio de governos que podem se mobilizar para eventuais ataques. Também não está descartada a possibilidade de surgir uma situação de conflito bélico global, caso haja essa escalada mundial,  chegando à Ásia, em especial à China, afetando o mercado financeiro mundial.

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Nesse sentido, a imprensa tem prestado desserviço aqui e em âmbito mundial. Virou chapa branca e cúmplice de assassinos, terroristas, globalistas e está totalmente dependente, depois que a comunicação pessoa-a-pessoa esvaziou o pouco prestígio que alguns veículos ainda tinham. Hoje, com a perda de leitores, de credibilidade e tendo contra si a opinião pública, conglomerados de comunicação não valem um centavo, são insustentáveis e atuam como capangas de governos e corporações. Seu papel de manipular informações e distorcer a linguagem, ao substituir expressões como “terroristas do Hamas” por “combatentes do Hamas”; ou mesmo sua postura obtusa de atribuir suas ações ao espectro de direita, fazem corar quem tem o mínimo de informação ou vergonha na cara. 

Fica uma questão para a velha mídia: o que o Hamas tem que fazer, que ainda não fez, para ser considerado um grupo terrorista? O que os editores da Folha, da Globo e de outros veículos internacionais têm a declarar diante da barbárie perpetrada por esses estupradores, sequestradores e assassinos?  

Democracia para poucos - O cientista político Samuel Huntington, em seu livro “A Terceira Onda”, afirmava que havia limites para a democratização, isto é, nem todos os países chegariam a ser estados de direito, com liberdades individuais definidas em constituição, democracia representativa ou direta, e mesmo aqueles que chegaram a esse ponto democrátco podem ter colapsos. No final do século 20 houve uma expansão de nações que atingiram esse estado demcrático e depois uma retração à ditadura e à falta de liberdade. Nem todos os países voltaram a se recuperar dessa retração, e a cada onda, era menor o número de países que voltavam ao estado de direito. Também há fatores que impedem ou limitam essa dinâmica, e o islamismo é um deles, pois constitui um obstáculo no diálogo com o Ocidente, mesmo assim, esses limites devem ser respeitados. A questão a ser respondida é se será possível validar outros modelos de estado que não sejam democráticos.

De qualquer modo, nossa expectativa é de que os conflitos cessem a partir da indignação de todos os líderes mundiais, inclusive do Brasil, e que Israel tenha sucesso em combater e vencer  o terrorismo.

Conteúdo editado por:Jônatas Dias Lima
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