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Em quem você confia para se informar sobre coronavírus?
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Durante a pandemia que vivemos, as necessidades de informação mudam. O tipo de informação que as pessoas consomem, o nível de precisão, a tolerância a opiniões não embasadas e a capacidade de se divertir com polêmicas são alteradas em virtude da realidade objetiva. A Universidade de Oxford e a Reuters deram a esse fenômeno o nome de "infodemia", uma pandemia de informação em que parece haver um só tema no mundo: coronavírus.

A grande questão do cidadão comum é como navegar a "infodemia". Se as informações sobre coronavírus brotam de todos os cantos, o cidadão precisa decidir em quais confiar porque é dessa forma que orientará as ações decisivas para atravessar esse período caótico.

Num projeto conjunto, Reuters e Universidade de Oxford ouviram pessoas na Argentina, Alemanha, Coreia do Sul, Espanha, Estados Unidos e Reino Unido para entender como têm escolhido suas fontes de informação sobre coronavírus e em quem confiam. As entrevistas foram feitas entre o final de março e o início de abril e a tabulação foi divulgada hoje, pela internet.

A maioria das pessoas tem consumido notícias principalmente online. O único país onde se consome mais televisão que informação na internet é a Alemanha. O conteúdo consumido online varia bastante e vai desde noticiários tradicionais até troca de mensagens em grupos de whatsapp. Chama atenção uma nova modalidade de informação que são as lives de cientistas e epidemiologistas. O levantamento aponta como destaques o dr. Christian Drosten, virologista chefe do Hospital Universitário de Pesquisa Charité, em Berlim, e o dr. Fernando Simón, diretor do Centro de Emergência de Saúde da Espanha.

Informações de políticos, de tios do zap ou até compartilhamentos de conhecidos estão em baixa. Até as informações de organizações internacionais causam desconfiança. As fontes mais confiáveis são, pela ordem: imprensa tradicional, cientistas/médicos/especialistas em saúde, governo nacional e organizações nacionais de saúde.

Com exceção da Coreia do Sul, onde as plataformas de redes sociais mais famosas são diferentes das ocidentais, nos demais países vemos um papel importante de Google, Facebook, YouTube e Twitter para os cidadãos na busca por informações sobre coronavírus.

Parece que em todo canto que a gente olha está acontecendo uma live? É isso mesmo. Se a gente já fazia piada antes sobre como os jovens esqueciam o mundo para viver em mídias sociais, podemos dizer que, durante este período, foram oficialmente abduzidos. O gráfico mostra o aumento do uso de Instagram, Snapchat e Tik Tok entre os jovens de 18 a 24 anos. Na Argentina, que tem comportamento social mais parecido com o brasileiro, o uso do Instagram, onde lives se proliferam, aumentou 49%.

Os 6 países pesquisados têm culturas bastante diferentes, mas chama a atenção o fato de as pessoas estão se voltando para amigos e família quando buscam confiança. Nas redes em que é possível fazer parte de grupos de discussão, Facebook e Whatsapp, as pessoas preferem debater coronavírus em grupos de família e amigos, fazem menos em grupos de desconhecidos, que são os principais focos conhecidos de fake news.

Na pesquisa, os Estados Unidos comprovam o espírito liberal de sua fundação. Muito embora o Estado seja fundamental na gestão da crise, as pessoas confiam mais na ciência, empresas privadas e profissionais de mídia tradicional e naqueles cuja biografia conhecem. A escala foi feita dando notas de 1 a 10 em quanto as notícias vindas de determinadas fontes eram confiáveis.

A única discrepância entre o comportamento dos cidadãos por país foi encontrada quando se perguntou qual eles acham que tem sido a maior fonte de desinformação e fake news durante a pandemia. As respostas foram diferentes:

No Reino Unido, os grandes desinformadores são os desconhecidos e, no segundo posto empatam os políticos, imprensa e governo.

Nos Estados Unidos, políticos e governo são vistos como as principais fontes de fake news.

Na Alemanha, os principais desinformadores são os desconhecidos, seguidos pelos políticos.

Na Espanha e Coreia do Sul, os principais desinformadores são os políticos, seguidos pelos desconhecidos.

Na Argentina, os principais desingormadores são os desconhecidos, seguidos pela imprensa e pelos conhecidos.

Em todos os 6 países, a maioria avalia que nem imprensa nem governo exageraram a pandemia que as informações fornecidas pela mídia e pelas comunicações governamentais ajudaram a entender o que está acontecendo e o que cada um pode fazer para se proteger contra a pandemia.

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