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O Brasil vai crescer para onde?
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Os dados indicam que 2020 pode ser um ano da virada no emprego após a crise econômica em que o Brasil mergulhou a partir de 2014. Poucas coisas mexem mais com a dinâmica das famílias e, consequentemente, de toda a nossa sociedade do que a facilidade para conseguir trabalho. Para a maioria da população, é do trabalho que vêm o pão de cada dia, o futuro dos filhos, a capacidade de sonhar.

Pesquisa do ManpowerGroup Brasil mostra que 16% dos empresários pretendem contratar no ano que vem, fazendo de 2020 o ano que começa com a melhor perspectiva desde 2015.

O levantamento, que é feito no mundo todo, mostra o Brasil como o 14o país mais otimista com relação às contratações, com alta de 9%, feita já a ponderação entre os que pretendem contratar, demitir e manter a equipe da mesma forma no primeiro trimestre do ano que vem.

Os números obviamente são a média de cada país, não querem dizer que todas as empresas e todos os setores da economia têm a mesma projeção. Aqui no Brasil há uma grande diferença de expectativa dependendo do ramo e do porte da empresa.

"A pesquisa apresenta a melhor expectativa para um início de ano no Brasil desde 2015, impulsionada pelos indicadores dos setores de Agricultura, Pesca & Mineração e de Serviços. A cautela ainda predomina, com 75% dos empregadores não pretendendo fazer mudanças no quadro de funcionários no próximo trimestre. O cenário de otimismo segue se configurando, especialmente, dentre as empresas de grande porte pesquisadas", explica o CEO da ManpowerGroup Brasil, Nilson Pereira.

Obviamente ficamos felizes com todo crescimento de emprego. Ficaremos felizes mais vezes e com mais consistência quando conseguirmos, como sociedade e nação, ajudar a moldar e planejar esse crescimento. O primeiro passo, que jamais demos, é o de priorizar a educação. Os políticos realmente não vêem motivo para isso porque a sociedade é muito mais sensibilizada e movimentada por outras pautas.

O futuro do Brasil sempre foi um clichê vazio, nunca tivemos um planejamento sério como política de Estado. O navio se desloca, às vezes mais rápido e às vezes mais lento, sem que nenhum dos passageiros sequer cogite questionar como está posicionado o leme.

Levantamentos como este não nos possibilitam planejar, mas já trazem o benefício de tornar possível projetar e analisar de que forma estamos crescendo, quem está crescendo e o que podemos esperar para a realidade das famílias brasileiras, ancoradas no emprego. Levando em conta as expectativas para o ano que vem, pequenas empresas estão em baixa - e elas são as responsáveis pela maioria dos postos de trabalho. Já as grandes empresas estão em alta. Quanto maior a empresa, melhor a expectativa para o início do ano que vem.

O setor que lidera a expectativa de contratar é o que gera produtos finais com baixo valor agregado, ligado ao setor primário da economia: agricultura, pesca e mineração. O segundo setor é o de serviços, que engloba uma gama enorme de ramos profissionais. Na contramão, os que menos têm perspectivas de contratar são os setores da educação, administração pública e construção.

As diferenças regionais também ficam claras a partir do estudo. Foram entrevistados 815 empregadores e o maior percentual de quem pretende abrir vagas no primeiro trimeste está concentrado na região sudeste do Brasil. O estado mais otimista é Minas Gerais, seguido por um estado do sul, o Paraná - único fora do sudeste na lista dos mais otimistas. Os números do Rio de Janeiro parecem discretos, mas são importantes quando colocados em perspectiva: o estado teve uma melhora de expectativa de 10 pontos percentuais com relação ao primeiro trimestre do ano passado.

No geral, a visão em perspectiva mostra um empresariado menos pessimista e mais cauteloso. O número dos que pretendem reduzir o quadro de funcionários caiu 3 pontos percentuais. Já aqueles que pretendem aguardar a melhoria do cenário econômico para decidir qual expectativa ter com relação a postos de trabalho aumentaram 5 pontos percentuais com relação ao último levantamento.

É importante deixar claro que a pesquisa fala, a rigor, de trabalho, não de emprego. Não se apura que tipo de vagas se pretende criar, com que faixa salarial, se são temporárias ou não e de que tipo de contrato de trabalho estamos falando. Uma mesma empresa do agro, por exemplo, tanto pode precisar de veterinários especializados quanto de trabalhadores braçais sem formação técnica. Ela informa apenas se pretende contratar alguém, sem especificar a demanda.

O desenho do futuro do emprego é feito de duas formas: com estruturação da educação e política econômica. Aqui, temos um retrato que mostra apenas o efeito da segunda parte e não apenas de um governo, mas o saldo que temos de governos diferentes. O que nos foi entregue é um fortalecimento das grandes empresas e dos setores de agricultura, pecuária, pesca e serviços. Também estamos recebendo o enfraquecimento da pequena empresa e dos setores de construção, educação e administração pública.

É esse o futuro que queremos? Talvez nem saibamos, acostumados que fomos a imaginar que o Brasil é o país do futuro. O debate político tem sido movido a fígado e altas temperaturas. O debate que importa à maioria da população é aquele que define o nosso amanhã.

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