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Presidente Lula e ministro Paulo Pimenta durante sua posse para a Secretaria de apoio à reconstrução do Rio Grande do Sul
Presidente Lula e ministro Paulo Pimenta durante sua posse para a Secretaria de apoio à reconstrução do Rio Grande do Sul| Foto: Ricardo Stuckert/PR

No momento trágico por que passa o Rio Grande do Sul a palavra de ordem deveria ser união. União para salvar, união para pensar, união para trabalhar, união para reconstruir. Escrevo que deveria ser este o mote, pois é exatamente o que a maior parte do povo gaúcho e brasileiro tem externado e se esforçado para fazer valer. O exemplo que deveria vir de cima, porém, não é este.

A aptidão de Lula para fazer comício político até mesmo nos eventos mais inapropriados é conhecida. Já os limites éticos para suas falas inescrupulosas, por outro lado, são testados e superados a cada dia que passa. O presidente, que já fez palanque político até mesmo no velório de sua esposa, Marisa Letícia, na última quarta-feira (15) decidiu pisotear a memória das já mais de 150 vítimas fatais das enchentes no Rio Grande do Sul ao fazer do encontro com autoridades e governador do estado em São Leopoldo um evento festivo e de campanha política. Um desrespeito com quem está chorando suas perdas; com quem está abrigado em ginásios; com quem está ajudando a reerguer o estado voluntariamente.

A depender de Lula, Pimenta e os representantes da legenda na política brasileira, a regra será sempre a divisão e a destruição.

A gente tenta, se esforça, foca no trabalho e busca não criticar. Mas é impossível ignorar a desfaçatez do PT diante da tragédia. Paulo Pimenta, até então ministro da Comunicação do governo, foi empossado no evento petista como espécie de interventor federal no Rio Grande do Sul. A Medida Provisória assinada em ato próprio foi erguida por Lula e Pimenta como troféu a ser celebrado com a plateia. Esta, por sua vez, não economizava palavras de ordem diante de um constrangido Eduardo Leite, governador democraticamente eleito do Rio Grande do Sul a cada minuto que passava mais deslocado no evento – e, a depender do PT, também de sua cadeira no Piratini.

O ministro presidente do STF, Luís Roberto Barroso, disse em fake news gritante que era “do Judiciário, não da política” para justificar a observação que faria a seguir: a de que o presidente e o governador do estado estavam no mesmo evento, o que significaria “um novo patamar civilizacional”. O que escapou à observação de Sua Excelência é que os presidentes da Câmara e do Senado, estes sim representantes das Casas do Povo e dos estados do Brasil, portanto da pluralidade e da federação, cancelaram na véspera suas presenças ao evento. Bobos, não são: antevendo a pantomima política em que o PT transformaria um evento que deveria ser da maior sobriedade, preferiram deixar Lula e sua patuleia fazerem a macabra festa sozinhos.

Nem cito aqui as frases embaraçosas proferidas por Lula. Mais constrangedor foi o que sua bancada de deputados na Câmara faria naquela mesma noite de quarta-feira em Brasília. Apresentada em plenário emenda de minha autoria que anistiava a dívida do Rio Grande do Sul com a União em vez de suspendê-la como previa o PLP 85/2024, a bancada petista inteira do estado contrariou a posição historicamente defendida pelo PT de que a dívida era injusta e já havia sido paga para, na melhor oportunidade de suas vidas para enterrá-la, votar contra a proposta e manter o estado atolado financeiramente muito além da lama que sobrará das fortes chuvas cujos danos causados já atingem 92% dos municípios gaúchos.

União e reconstrução é o lema do governo federal. Pelo visto, só vale para os brasileiros se os petistas não participarem desses esforços. A depender de Lula, Pimenta e os representantes da legenda na política brasileira, a regra será sempre a divisão e a destruição. No momento em que mais é preciso deixar as diferenças de lado para reconstruir o Rio Grande, é triste e notável que o exemplo na prática não venha justamente de quem propõe esse objetivo em palavras.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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