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Foto: Antônio More/Gazeta do Povo
Foto: Antônio More/Gazeta do Povo| Foto:

“Vagabunda”, “idiota” e “ignorante”. Para completar, um desafiador “chora agora!”. E, então, questionamentos inconfundíveis: “Você gostaria de ser tratada desse jeito? Que a sua mãe fosse tratada assim? Que a sua filha fosse tratada dessa forma? Você gostaria de ter um presidente que trata as mulheres como Bolsonaro trata?”. O vídeo mais recente da campanha do candidato tucano Geraldo Alckmin é mesmo avassalador. Assim como o primeiro, em que balas estraçalham livros, bolsas de sangue, melões e toda sorte de elementos que simbolizam agendas fundamentais para o País, terminando com uma sucinta afirmação: “Não é na bala que se resolve”.

São tão impactantes os filmes que chegaram a suscitar o clássico debate: até que ponto é útil a tática de desconstrução de um candidato? E a partir de qual momento ela corre o risco de prejudicar o próprio postulante?

Tive essa conversa no sábado com dois sujeitos que têm bastante discernimento e não hesitaram em erguer sobrancelhas quando assistiram aos anúncios. “Não sei se o povão compra isso aí”, disse um. “Forte, não é?”, argumentou o outro, em claro tom de reprovação. Um deles era o Marcos Lisboa, que ao reforçar a necessidade de construir alianças e manter o diálogo para evitar um absoluto descalabro em 2019, sacramentou: “tudo o que eu não quero é aquela campanha horrorosa que aconteceu em 2014”.

Como de costume, é claro que me sinto constrangido a concordar com o Marcos. De fato, a última eleição elevou o sarrafo no quesito desonestidade intelectual e agressividade. Especialmente contra a candidata Marina Silva. Contudo, não comungo dos temores expressados pelos demais.

E a razão é simples: ao contrário de 2014, quando mentiras deslavadas foram difundidas em nome de um projeto de poder, desta vez não se está fazendo nada além de usar as próprias palavras de um candidato contra ele mesmo.

Eis a verdade: se Jair Bolsonaro enfrenta um grande adversário, além de um político experiente como Alckmin e sua robusta base de apoio, sem falar em Lula ainda mexendo os seus pauzinhos e outra raposa velha como Ciro Gomes, noves fora uma Marina Silva bem menos reticente do que o usual, é costumeira sua habilidade em agredir os bons costumes e a história.

Ou, por outra, se devemos concordar que a campanha de Alckmin subiu o tom, ao mesmo tempo, não cabe negar que a dita-cuja apenas se utiliza da retórica defendida com orgulho por Bolsonaro e seus seguidores. Onde está o pecado então?

Marcos está certo. A campanha odiosa feita em 2014 não pode se repetir, sob pena de afundarmos ainda mais o Brasil pela falta de diálogo.

Vale ressaltar, porém, que a realidade é diferente.

A Bolsonaro, o que lhe cabe.

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