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Foto: Arquivo/Agência Brasil
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Eis que na última segunda-feira, portanto em pleno rescaldo da apuração dos votos no 1° turno das eleições presidenciais, Fernando Haddad e Jair Bolsonaro vieram a público declarar fidelidade à Constituição. Ambos o fizeram durante o Jornal Nacional, instigados pelos âncoras William Bonner e Renata Vasconcellos, o que acabou rendendo grande repercussão e demonstrações de um indisfarçável alívio por parte de setores da imprensa e da sociedade. É ou não é sintomático?

O fato talvez seja ainda mais admirável se levarmos em conta que Bonner e Renata não sacaram o tema de uma cartola qualquer. Bem ao contrário, foram provocados pelo vice de Jair Bolsonaro, general Hamilton Mourão, e pelo próprio candidato petista, Fernando Haddad. Enquanto o primeiro ventilou a hipótese de uma nova Constituição a ser formada sem os representantes do povo, o segundo defendeu a formação de uma Assembleia Constituinte.

A não ser que ocorra um fato histórico, afinal nunca o candidato mais votado no primeiro turno deixou de ser eleito, tudo indica que Boslonaro será proclamado presidente da República. Ainda que caiba um tostão de parcimônia, uma vez que do outro lado está o PT, maior e mais popular partido do país, apoiado em peso pela esquerda. Entretanto, confirmada a lógica ou parida a zebra, o eleitor não deve se iludir: mais do que uma disputa política, estamos assistindo a dois polos prenhes de autoritarismo.

Além de ameaças à Carta, já são inúmeros os exemplos de discursos incompatíveis com a ordem democrática em ambos os lados do pátio. Não é preciso uma busca muito elaborada para constatar as insanidades defendidas nos últimos anos pelo candidato do PSL, sua prole e claque de fanáticos. Quanto ao PT, só alguém recém-desperto do coma pode alegar ignorância em relação aos atropelos institucionais do partido para se manter no poder e o apoio oficial a regimes de força como as ditaduras cubana e venezuelana.

Tal realidade, a de que ambos representam uma ameaça à nossa democracia, só poderia ser maculada por um sentimento visceral como o antipetismo. A ojeriza pelo retorno à baila do Partido dos Trabalhadores é tanta que o cidadão comum prefere até dar o benefício da dúvida a quem não morde a língua antes de defender o indefensável.

Não cabe diminuir a decisão da maioria. É assim que funcionam os regimes democráticos. Pórém, devo admitir, torço para que durante os próximos anos sejamos capazes de, passado o torpor pelo sufrágio, exigir respeito a valores tão caros à maioria do mundo civilizado.

Insisto, seja qual for o resultado a ser conhecido dia 28.

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