Do ponto de vista da oposição, o cenário está dado: Joe Biden figura como única alternativa moderada. Os demais postulantes ao momentâneo status de anti-Trump se mostram tão influenciáveis e adeptos ao progressismo militante que fica difícil estabelecer diferenças entre eles. Não há de ser por acaso que a senadora por Massachusetts, Elizabeth Warren, começa a subir nas pesquisas e passa a ser a maior ameaça a Biden. A esquerda americana não resiste a alguém que ventile sua autoproclamada moralidade superior.
Mora aí a sorte de Donald Trump. Só mesmo a obtusidade dos rivais, ironicamente simbolizados por um jumento, pode superar a sua audácia, desrespeito pelas instituições e sanha pelo poder.
Pois a denúncia surgida nos últimos dias, dando conta de um pedido de favor feito por ele ao presidente ucraniano para que Biden e seu filho fossem investigados, tem potencial, inclusive, para dar um fim em sua boa fortuna.
“Eu gostaria que você me fizesse um favor”. Foi esta a frase dita pelo presidente americano, sendo que antes ele tratou de elencar as benevolências praticadas por sua administração à Ucrânia. Trump pode se empenhar o quanto quiser no malabarismo retórico — e isso faz parte do jogo —, mas só mesmo ele e seus apoiadores ferrenhos serão capazes de tergiversar a respeito da gravidade de suas palavras.
Para piorar as coisas, outros dois fatores jogam contra o discurso de Trump, que desde o início da semana tenta minimizar o peso do seu diálogo com Volodymyr Zelenski: a demora de Nancy Pelosi em dar início ao processo de impeachment e o relatório Mueller.
A relutância de Pelosi, pressionada durante meses pela ala mais ruidosa do Partido Democrata, acaba trazendo um quê de legitimidade ao movimento. Reforça a ideia de que, desta vez, não havia mesmo outro caminho possível.
Já o conteúdo do relatório, longe de inconclusivo como gosta de vender o presidente e os republicanos, mas claro no sentido de que, sim, houve um grau de promiscuidade inaceitável nas últimas eleições entre a campanha de Trump e os russos, reforça a denúncia atual.
Ainda há muito que acontecer. A denúncia não deve encontrar maiores problemas para passar na Câmara, dominada pelos democratas e onde uma maioria simples é exigida. Já no Senado a banda toca diferente (são necessários 67 votos dentre 100, sendo que 53 deles são de republicanos). Contudo o presidente dobrou a aposta e recente pesquisa mostra que 43% são a favor do seu afastamento.
Não foi a primeira vez que Trump apelou para a ajuda de um governo estrangeiro em uma corrida eleitoral.
Só que agora pode não levar a melhor.
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