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Vendas via e-commerce não param de subir na China:  ninguém vai às lojas físicas.
Vendas via e-commerce não param de subir na China: ninguém vai às lojas físicas.| Foto: Divulgação/JingDong

A rápida ascensão das empresas chinesas e a transformação da economia do país em referência de inovação tornaram obrigatório a todos que acompanham o mundo da tecnologia manter um olhar atento sobre a China.

Desde o ano-novo chinês, no final de janeiro, a economia offline do país demonstrou desaceleração (pelo óbvio motivo de que as pessoas não podem ir a seus trabalhos), ao passo que os modelos de negócio digitais se expandiram (ainda) mais velozmente, pressionados pela crise sanitária no país, que forçou as pessoas a usarem mais serviços digitais, evitando contato pessoal em lojas offline.

Agora, a consultoria Abacus e o jornal South China Morning Post, publicação controlada pelo grupo Alibaba, publicaram a versão 2020 do mais importante relatório sobre o estado da economia digital do país. Os números confirmam que o crescimento da internet chinesa continua vigoroso.

A China, diz o relatório, mantém a maior população mundial online, com 829 milhões de pessoas conectadas, das quais 583 milhões usam pagamento móvel regularmente. Apenas este último número é maior do que toda a população dos Estados Unidos, segundo maior mercado em volume de pagamentos móveis. A análise toma como critério de “pessoa online” aquela que acessou a internet ao menos uma vez nos últimos 30 dias. Se o critério for ter um login ou um dispositivo digital acessível, então, o número de chineses conectados chega a 1,1 bilhão.

O estudo mostra ainda a ascensão de um novo trio de empresas líderes no setor digital chinês. A tradicional tríade Baidu, Alibaba e Tencent, conhecida pela sigla BAT, agora encontra rivais que lhe fazem sombra, o trio TMD. A sigla é referência às empresas Toutiao, aplicação líder em notícias digitais; Meituan, super app de serviços com delivery de comida ou venda de ingressos para filmes e shows; e Didi, o equivalente ao Uber na China.

A pesquisa, feita a partir de entrevistas com os executivos-chefes das principais empresas de internet do país, além da coleta de dados de agências governamentais chinesas, indica quatro grandes tendências para o futuro digital chinês. Veja quais são elas.

1. Agora, o Ocidente copia a China

Inovações digitais que surgiram na China têm cada vez mais influenciado o desenvolvimento de serviços online no ocidente. A Amazon, por exemplo, passou a realizar lives comandadas por influenciadores promovendo produtos de sua plataforma. A técnica é uma cópia do que o Tao Bao, serviço do Alibaba, já faz há dois anos. No Japão, por exemplo, o app Line, equivalente ao WhatsApp, passou a integrar serviços como pagamentos móveis, carteira digital, transmissões de vídeo para celular e distribuição de conteúdo como notícias e entretenimento. A técnica é uma cópia do que o WeChat, da Tencent, faz há alguns anos.

2. 5G já é uma realidade

Na China, o acesso a redes 5G já é uma realidade em uma dezena de cidades, beneficiando um total de 167 milhões de usuários. Entre as vantagens da tecnologia estão a maior velocidade de tráfego de dados móveis, menor custo de manutenção e a viabilização de serviços avançados como telemedicina e a gestão de robôs e veículos autônomos. Empresas chinesas, como a Huawei, lideram o registro de patentes 5G. Ao todo, a China detém 3,4 mil patentes reconhecidas desta tecnologia. Os Estados Unidos 1,3 mil.

3. Uso massivo de inteligência artificial

O uso em massa de algoritmos de AI já pode ser percebido nas ruas da China, como nas estações de metrô em que se paga a tarifa por reconhecimento facial; nas lojas autônomas da Jing Dong, onde se prova roupas via avatares virtuais; e em hotéis como o FlyZoo, do grupo Alibaba, em que todos os serviços, do check-in ao check-out, são realizados via biometria e troca de informações de nosso corpo com dispositivos conectados.

4. Crédito social se torna realidade

O controverso sistema em que cada cidadão é avaliado por meio de uma pontuação, em testes no país desde 2014, agora torna-se uma realidade. Pagar contas com atraso, sofrer condenações na Justiça, tornar-se inadimplente, dirigir bêbado ou simplesmente gastar tempo demais em jogos online faz os cidadãos chineses receberem más pontuações.

Até 2020, a China pretende integrar estas avaliações realizadas por diferentes serviços e criar um sistema nacional que premie bons cidadãos e puna pessoas com mau comportamento, como ser multado por jogar papel no chão. As punições, fora da esfera criminal, não pretendem prender ninguém, mas impedir pessoas com má reputação de usar os trens-bala chineses ou viajar de avião dentro do país. De acordo com o relatório, atualmente 13,5 milhões de pessoas são avaliadas como não suficientemente confiáveis.

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