Elliott Smith, duas facadas no peito

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Quem não conhece a história do cantor e compositor americano Elliott Smith pode se surpreender com o título do post, que nesse caso não traz nenhum tipo de figura de linguagem. Sem metáfora ou analogia, as facadas foram reais, uma delas no coração e tiraram a vida do artista aos 34 anos de idade. Isso aconteceu a quase treze anos atrás (21/10/2003), e muitas dúvidas sobre o caso, permanecem sem respostas até hoje.

Elliott nasceu em Omaha, Nebraska, mas viveu a maior parte de sua vida em Portland, onde começou seu interesse pela música, ainda muito criança. Aos nove anos de idade iniciou aulas de piano e violão, que deram o direcionamento para o que seria sua vocação para o resto da vida (apesar de ser formado em filosofia e ciências).

Com uma adolescência e início da vida adulta atribulada, ele vivia em permanente tormento, mergulhado em drogas pesadas e álcool. A ideia de suicídio era para ele quase uma ideia fixa (a qual ele nunca escondeu). Seus fantasmas internos e seus problemas com as drogas e solidão eram temas recorrentes em suas canções.

Elliott Smith lançou 5 discos em sua carreira e dois póstumos. O início de seu reconhecimento junto ao grande público foi em 1997, quando sua canção “Miss Misery” concorreu ao Oscar de Melhor Canção, como tema do filme de Gus Van Sant, “Good Will Hunting” (Gênio Indomável). A vencedora da noite desta premiação foi Celine Dion com a música tema do filme “Titanic”, “My Heart Will Go On”. No documentário “Heaven Adores You” de Nicholas Rossi, Elliott Smith comenta sobre o estranho momento em que se apresentou no Oscar dentro de um terno branco.

Documentário “Heaven Adores You” mostra de maneira intimista um pouco da vida de Elliott Smith

Em 2003, quando Elliott estava trabalhando na finalização de um novo disco e aparentemente fora das drogas, foi encontrado por sua namorada Jennifer Chiba na sala do apartamento em que morava, com uma faca de cozinha cravada em seu peito. Segundo Jennifer, isso aconteceu após uma briga do casal, onde ela se trancou no banheiro, mas ao ouvir um grito, saiu e viu a cena trágica. Ela retirou a faca do ferimento e chamou socorro.

A princípio o caso foi dado como suicídio, mas segundo os legistas que analisaram o corpo, pode ter acontecido um homicídio, pois é muito raro um suicídio com duas facadas no peito, além de existir alguns pequenos ferimentos que poderiam ser resultado de ações de defesa em hipotética luta corporal.

Mural em L.A. que serviu de fundo para capa do CD “Figure 8” e hoje é lugar de visitação para os fãs de Elliott Smith

Apesar da curta carreira, Elliott Smith é o tipo de artista que consegue atrair uma legião de fãs mesmo tendo partido a tantos anos. O painel que serviu para ilustrar a capa de seu disco “Figure 8”, que fica em um muro da cidade de Los Angeles, é até hoje local de peregrinações e recebe homenagens de pessoas de todas as partes do mundo.

Capa do CD “Figure 8” com o icônico mural ao fundo

No ano de 2000, em pleno lançamento do disco “Figure 8”, tive a sorte de assistir a um show completo e gratuito de Elliott Smith na Virgin Megastore, da Union Square, em Nova York (esta loja fechou em 2009). Esse disco nunca mais saiu de minha “playlist”. Era uma época na qual para mim, um dos maiores prazeres de ir para o exterior era passar horas garimpando novidades nessas imensas lojas de discos.

Neste mês de agosto Elliott e sua música triste estariam completando 43 anos.

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