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Entrevista: Bruno Gouveia fala dos 34 anos de Biquíni Cavadão
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O Biquíni Cavadão celebra 34 anos de carreira e faz show único em Curitiba neste sábado (19/5), no Teatro Posivo, com início às 21:15 e realização da Prime. Bruno Gouveia, vocalista, conversou com o Música Urbana falando das mudanças do mercado fonográfico e revela próximos projetos – incluindo livro e disco novos. Ele dá dicas aos jovens músicos e ainda discute as diferenças entre sucesso e visibilidade. A entrevista exclusiva você confere aqui:

Mais de trinta anos de Biquíni Cavadão. Como surgiu esse nome um tanto inusitado?

O nome foi uma sugestão do Herbert Viana, grande amigo nosso, e ele até brincava que se não usássemos esse nome, ele usaria em uma banda dele. Ficamos com o nome por uma semana. A ideia era, na semana seguinte, achar outro. Mas o nome pegou e ficou. Porque é um nome que não tem nada a ver com a gente, que era meio nerd. Gostávamos por ele ser completamente “não julgar o livro pela capa”, sabe? Chamavam no palco o Biquíni Cavadão e subiam uns caras que não tinham nenhum conceito praiano, nossa primeira música era “Tédio”. Algo tão paradoxal, a gente achava legal.

Ficar 30 anos na estrada não é pra qualquer um. Você vive exclusivamente de música? Como era ganhar dinheiro com música há 25, 30 anos e como é hoje em um mercado que sofreu profundas mudanças? 

Em nenhum momento nosso rendimento principal deixou de ser a música. Nunca precisamos, graças a Deus, viver de outra coisa além da música. Desde o começo a gente foi autossuficiente. Fomos complementando isso com outras coisas que achávamos legal, não pela necessidade de completar o orçamento. Mas trabalhamos com outras coisas interessantes: produção musical, edição musical. Fizemos coisas fora da banda, mas não deixamos a banda. A gente está se adaptando, sempre nos dedicamos muito a essas situações de negócio. Vendemos nossos discos, fazemos nossos shows para serem legais de ser ver mais de uma vez, é uma forma de você lidar com o entretenimento, sabendo adaptar aquilo ao seu dia a dia.

Eu vejo muitos jovens que se inspiram em vocês, em bandas que têm essa história, que fez a vida toda envolvida com música, é importante ouvir esse depoimento.

É muito mais difícil hoje porque você precisa atender uma expectativa das pessoas. Você pode até vir com um disco legal, mas na hora do show você precisa de um show completo. A internet propiciou uma coisa legal, de poder lançar seu trabalho sem o gargalo da gravadora. Geralmente você esbarrava na gravadora, ficava anos esperando, quando a gravadora lançava você, aí vinha o trabalho pra valer, fazer todo mundo conhecer seu trabalho. Hoje você grava e coloca na internet. Mas também, todo mundo tem o foco naquilo. Às vezes, o cara viu, achou legal e não vai mais ouvir aquilo, além de uma compartilhada talvez. Isso é difícil pra quem está começando. Você não vai ver todas as séries que são lançadas, todos os filmes que foram lançados, e você não vai ouvir todas as músicas que estão sendo lançadas. Antes você tinha o critério do lançamento das gravadoras, que tinham um lançamento muito pequeno nos anos 80. Agora não tem mais esse gargalo, você se entope de tantas opções que não consegue absorver aquilo. Eu vejo bandas novas que querem tocar e a casa exige que ela fique tocando covers, porque senão o público vai lá e vai virar as costas pra ela. Há exceções, há públicos… Mas vai dificultando pra criar um trabalho só seu, com identidade. É um aprendizado para o próprio público também, como lidar com esse festival de opções. Existe uma solução interessante, que você pode fazer um bom relacionamento, pela internet por exemplo, criar núcleos e através deles criar autossuficiência.

Ao mesmo tempo em que democratizou o acesso, pulverizou demais.

O elemento maior é o censo crítico. Visibilidade não é sucesso. Hoje se mede isso pelo número de curtidas, de visualizações. Isso não é sucesso, isso é alcance. O sucesso é o que você acha daquilo que você viu. A televisão acha que tem muita visualização e vê isso como sucesso. É preciso entender um pouco mais esse processo pra não cair nessa armadilha.

O talento estaria em segundo plano?

É, a coisa mais importante é ter view, causar. O clipe chama a atenção, “você viu aquilo que o fulano lançou?”, e todo mundo está querendo ver aquilo, mas isso não quer dizer que, como música, é legal. Como buchicho, funcionou. Eu falo muito com as pessoas, se você não gosta de uma coisa, não compartilhe. Porque você está dando visualização, e isso é a medida do sucesso hoje. Parece que hoje há uma competição de quem consegue fazer algo pior, e quando você fala mal e critica, mais notoriedade você dá praquilo. É o “fale mal, mas fale de mim”, uma triste realidade.

Vocês lançaram no ano passado o “As Voltas Que o Mundo Dá”. Como está a recepção do público?

Quem é fã do Biquíni, tem falado muito com a gente que as canções, de alguma forma, atingiram o coração das pessoas. Fala sobre amores que destroem quando você acha que estavam mais coesos, ou o contrário, que surgem quando você menos esperava, quando se achava no fundo do poço. A gente conta essas histórias todas com relatos de vivências pessoais da banda, com um amadurecimento da banda até. E o disco teve um impacto muito positivo com os fãs. A gente não espera que isso tenha milhões de views. Estamos fazendo um trabalho com orgulho.

Como foi a estratégia para o lançamento do disco novo? Para que atingisse de maneira mais contundente o público?

Nós temos hoje em dia, mais ou menos, um milhão de seguidores – entre Instagram, Twitter, Facebook, tudo o mais. No nosso canal do YouTube, colocamos todas as músicas para ouvir gratuitamente. Fizemos os lyric videos e o making of, para assistir, ver a proposta musical, com a letra em destaque, e depois acompanhando a gente contando os detalhes, como a gente fez, o porquê a gente fez. Mostrando o processo de transformação da música. E show, acima de tudo. Subir no palco, claro com os grandes sucessos, e com as músicas do disco novo. O show não é local pra você mostrar um monte de música inédita. Se você for no show do Paul McCartney e ele resolver mostrar todo o álbum novo dele, você vai achar chato, mesmo sendo o Paul McCartney. A gente tenta equilibrar, dar atenção para o novo disco, mas falar do nosso trabalho como um todo. A longevidade do Biquíni é porque a gente sempre foi uma banda de show, temos orgulho de conhecer o país inteiro.

Vocês funcionam muito bem nas gravações ao vivo.

Isso foi um aprendizado, a gente começou com 18 anos, e foi aprendendo na marra, com os erros. Sempre nos preocupando com as composições, de mostrar pras pessoas.

 Vocês eram realmente muito garotos quando começaram. Como foi viver o auge do rock brasileiro, garotos ainda?

Tudo aconteceu tão rápido que a gente não tinha ideia do que tava acontecendo. A gente não sabia o que fazer com aquilo. Enquanto isso tinham artistas que ralaram a década de 70 inteira pra ganhar destaque. E aquilo caiu muito no nosso colo e falamos “e agora, o que a gente faz com isso? Será que a gente sobrevive?”. A gente jamais imaginaria que 34 anos depois, ia ter a banda, fazendo turnê. Terminei de escrever uma autobiografia que sai agora no fim do ano, e me falaram “você tem ideia do que você viveu? Você tem ideia? Você participou disso… você saía com o Renato Russo!”. E pra mim não era “Oh, o Renato Russo”, era um cara engraçado que estava ali, sabe?

Que notícia legal essa de você lançar sua autobiografia, fantástico! Como será o nome?
Ainda estou discutindo isso com o pessoal, mas o nome que eu quero colocar seria “É Impossível Esquecer o Que Vivi”. É um título provisório.

E algum disco em vista?

A gente vai entrar em estúdio dia 21. Vamos gravar um disco só com músicas de Herbert Viana. Ainda não fizemos as músicas, então não vamos apresentar. Ainda sem título.

Como vocês chegaram no Liminha (Arnolpho Lima Filho, produtor musical de “As Voltas Que o Mundo Dá”)?

Depois de muitos anos, sempre se desencontrando, aconteceu. Quando completamos 30 anos, pensamos em lançar um disco só de inéditas, e falei “Eu gostaria de tentar algo diferente, que a gente nunca fez”. Começamos a fazer em 2016, ficou pronto no fim do ano e lançamos em 2017. Estamos amadurecendo ainda outros projetos com ele.

Pra finalizar, quem é a Dani (música do disco “Ao Vivo” de 2005)?

(risos) A Dani foi uma mina que a gente conheceu em um bar do Rio de Janeiro. O Coelho e um amigo estavam cantando, ele perguntou pra ela “qual seu nome?” e ela “Dani”, ele disse “vou cantar uma música pra você”. Começou como brincadeira, Coelho trouxe pra mim, eu disse “mais uma mulher? A gente já tem Janaína, Camila…”. Mas quando ouvi a letra, falei “vamos gravar!”. Incluímos mais uns versos e bombou. Mas essa é uma Dani, a outra é a jornalista Dani Monteiro, que ouviu a música e queria no programa dela.

Serviço:

Os ingressos estão disponíveis e variam de R$60,00 (meia-entrada) a R$200,00 (inteira), de acordo com o setor. Plateia Vermelha – R$200,00 (inteira) e R$105,00 (meia-entrada) / Plateia Azul – R$190,00 (inteira) e R$100,00 (meia-entrada)/ Plateia Amarelo – R$180,00 (inteira) e R$95,00 (meia-entrada)/ Plateia Roxo – R$170,00 (inteira) e R$90,00 (meia-entrada)/ Plateia Laranja – R$150,00 (inteira) e R$80,00 (meia-entrada)/ Plateia Rosa – R$130,00 (inteira) e R$70,00 (meia-entrada)/ Plateia Verde – R$110,00 (inteira) e R$60,00 (meia-entrada). A meia-entrada é válida para estudantes, pessoas acima de 60 anos, professores, doadores de sangue e portadores de necessidades especiais (PNE) e de câncer.  PROMOÇÃO 1 +1Na compra de 01 bilhete, o cliente ganha outro no mesmo setor.  Promoções não cumulativas com descontos previstos por Lei. ***Valores sujeitos a alteração sem aviso prévio. ****Já está incluso o valor de R$10,00 de acréscimo por bilhete referente à taxa de administração Disk Ingressos. É obrigatória a apresentação do documento previsto em lei que comprove a condição do beneficiário, na compra do ingresso e na entrada do teatro. Os ingressos podem ser adquiridos através do Disk Ingressos (Loja Palladium – de segunda a sexta, das 11h às 23h, aos sábados, das 10h às 22h, e aos domingos, das 14h às 20h, –  e quiosques instalados nos shoppings Mueller, Estação e São José – de segunda a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos, das 14h às 20h)Call-center Disk Ingressos (41) 33150808 (de segunda a sexta, das 9h às 22h, e aos domingos, das 9h às 18h), na bilheteria do teatro Positivo (de segunda a sexta, das 9h às 21h, e aos sábados, das 9hs às 18hs), na bilheteria do teatro Guaíra (de terça a sábado, das 12h às 21h)  e pelo portal www.diskingressos.com.br.

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