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Quando se matricula uma criança na escola seja pública ou privada, o que se deseja é que lhe seja oferecido o básico: aprender a ler com desenvoltura, escrever com clareza e adequação na própria língua, além de transitar com eficiência entre as operações matemáticas elementares. São essas competências que guiarão toda a história escolar de êxito dos nossos filhos e de milhares de brasileiros espalhados pelo território nacional – infelizmente cheio de contrastes e de oportunidades nem sempre justas para todos.

Alguns parâmetros, por exemplo, com relação aos métodos de alfabetização vigentes em contextos diferenciados nas escolas, não chegam ao público leigo. No entanto, para quem acompanha essa pendenga insuportável sobre a educação básica reconhece a necessidade de revisão, por parte do Ministério da Educação e Cultura, de três pontos vitais: primeiro, as diretrizes curriculares ligadas à alfabetização; segundo, o reexame da formação dos professores e, finalmente, a oferta de melhores condições de trabalho aos mediadores do ensino.

Nossas crianças, especialmente as da escola pública precisam, antes de qualquer situação, receber o tratamento justo, condizente às suas necessidades. A imposição de regras de uma sociedade de renda mal distribuída não tem oferecido as condições e oportunidades para que todas aprendam a ler e a escrever, mas este fato parece escapar dos olhos dos encimados nos palanques, dos gabinetes de Brasília e da redoma distanciada da realidade de sala de aula. Inclusão digital e outras modernidades parecem tão absurdas quando observamos que nem o lápis ou a caneta são capazes de substituir o traçado das garatujas ou trechos ininteligíveis encontrados nos cadernos das nossas crianças.

Não é este ou aquele método de alfabetização que arregimentará a melhoria do padrão da leitura, da escrita e do domínio das quatro operações de cálculo matemático por parte das crianças brasileiras. Será, sem dúvida, um conjunto de fatores, extremamente articulados na técnica, na determinação e objetivos de cidadania responsável que redimensionará a triste realidade contemporânea, especialmente nas escolas públicas, desassistidas, órfãs de programas de gerências sérias, comprometidas integralmente em diminuir a evasão e a reprovação – e cabe- nos, sem perda de tempo ou comodismo, o papel de fiscalizadores dessa discussão e possibilidades.

Quem de nós cobra das autoridades a utilização exemplar das verbas destinadas à educação básica? Quem já visitou nos dias de hoje uma escola pública de ensino fundamental? Quem de nós já expressou indignação com os maus tratos, para não mencionar outros sérios problemas, da aparência dos prédios onde funcionam as nossas escolas “do governo”? Quer um exemplo? Examinemos a aparência do Instituto de Educação do Paraná – aquele imponente prédio central, de arquitetura nobre, hoje sujeita às avarias do tempo e descuidos da administração pública. Confira, reflita comigo e apresente uma contestação, caso esta professora, esteja equivocada. Se o externo vai mal como não estarão as condições internas dessa tradicional escola paranaense? É o que me questiono ao passar em frente aquele prédio majestoso, de onde sai ruidoso alarido de escolares em plena rotina diária desta Curitiba tão querida?

Quero fazer, sim!

Tenho um projeto audacioso de fotografar os estabelecimentos educacionais da cidade e fazer um contraste entre as construções mais antigas e as modernas. Sabe qual o meu objetivo? Fazer uma analogia entre a importância dada à educação pública pelas administrações anteriores e as mais recentes – e não apenas quanto à aparência física das escolas, mas também com relação ao seu interior com salas grandes ou pequenas, mobiliário ajustado, condições de trabalho dignas ao professor, área de convívio externo adequadas para as nossas crianças, entre outros aspectos de igual importância à educação.

Permanente indignação – e você?

A minha indignação com os rumos da educação elementar cresce a cada dia, pois atendo escolares de todas as idades, matriculados nas diversas instituições educacionais desta Curitiba – e lamento dizer que poucos transitam com desenvoltura diante da leitura, da escrita e da autonomia com a adição, a subtração, a multiplicação e a divisão, imprescindíveis à vida em sociedade. Lamento avivar a questão, mas a crise educacional ligada ao ensino básico atravessa os muros, as grades das escolas e o interior das salas de aulas das também conceituadas instituições particulares. Para mim ela se revela na ausência de prontidão e inconsciência dos escolares que chegam para qualificar o grau de interpretação e expressão escrita na própria língua.

Uma experiência que deu certo

No domingo, dia 23/9, os leitores tomaram conhecimento na Gazeta do Povo sobre a acintosa permissão da ideologização dos livros didáticos. Eu não me surpreendo mais com os desatinos das autoridades dos gabinetes no MEC, porém você sabe aquele velho ditado que afirma “Quem não tem cão caça com gato”? Pois bem, há muito já insatisfeita com o uso de livros didáticos de qualidade duvidosa estabeleci um programa pessoal: aproveitar o que tenho diariamente nas mãos. Sabe o que fiz? Tomei uma edição de jornal. Peguei uma dessas edições de domingo, geralmente farta em notícias, muitas imagens, uma quantidade maior de cadernos e coloquei a cabeça para funcionar. Com ela organizei um método simples e barato e montei um apoio para qualificar as condições de leitura e escrita de uma criança, jovem ou adulto, a partir de edições domingueiras de um jornal de boa qualidade editorial.

O custo é quase zero – e deu certo! Meus pequenos jovens e adultos leitores, geralmente antes do término da série de oficinas que ofereço, saem lendo melhor e escrevendo com desenvoltura na própria língua de origem. Usufruir dessa satisfação de mão dupla exigiu, na verdade, uma cabeça boa e uma experiência docente assentada na lógica e na vivência da menina pobre que estudou a vida inteirinha na escola pública, da universitária determinada, da leitora autônoma e da professora “desencanada“ – sem pressões ou idéias corporativistas – e que aprende a todo o momento discernir verdade da mentira.

Um convite: escreva um comentário!

Muitos leitores, desses que passam pelo blog sem comentar nada por escrito, talvez achem esta professora uma presunçosa disfarçada em boazinha – e na linguagem juvenil talvez “se metidando“, mas quem tem filhos na escola e compra ou recebe material didático descartável terá a oportunidade de expressar suas impressões não sobre a professora, mas, por favor, sobre o tema desta postagem.

Até qualquer hora!

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