Falar e escrever são situações diferentes na linguagem humana, embora ambas privilegiem objetivos comunicacionais. Jovens estudantes costumam viver embaraços na travessia dessas modalidades e hoje quero refletir, especialmente sobre a escrita – e faça o primeiro comentário quem já se atrapalhou bem na horinha de colocar as idéias no papel ou na tela do computador.
Nunca será demais lembrar aos inseguros que a oralidade tem seus próprios recursos tais como o tom de voz, os gestos e as inflexões próprias da fala, enquanto a escrita exige outros recursos, aprendidos na boa escola. É necessário, assim, saber utilizar os recursos da oralidade e os textuais para vencer as exigências próprias de funcionamento de cada modalidade lingüística.
Fazer um roteiro para escrever bem é imprescindível
No caso específico da escrita é imprescindível ficar sempre atento a um trio de exigências, tais como: intenções, tipo de interlocutor e nível da linguagem a ser utilizado. Veja meu querido leitor o caso do texto jornalístico, sempre focado na reportagem dos fatos para proporcionar ao interlocutor do jornal a qualidade da informação. É extremamente objetivo e destituído de impressões pessoais e os recursos da escrita mobilizam, a cada frase, período ou parágrafo, as condições de apreensão informativa pelo interlocutor. Dê uma olhada no texto abaixo, publicado na Gazeta do Povo, do dia 19 de agosto e confira na prática o que explicitei acima:
” Um dos dez finalistas do Prêmio Victor Civita – Professor Nota 10 é paranaense. Trata-se do professor de matemática Ademir Pereira Leite, do Colégio Estadual Adaile Maria Leite de Maringá. Ele concorre com o projeto “O Cálculo Mental e os Registros Escritos em Portfólio”, que desenvolve desde 2006. Foram registradas mais de cinco mil inscrições no Brasil para o prêmio.
A festa de premiação será no dia 13 de outubro em São Paulo e vai oferecer R$ 10 mil ao Educador do Ano de 2008. No evento o professor paranaense terá de defender seu trabalho, que consiste em estimular o aluno a desenvolver estratégias próprias para a resolução dos exercícios apresentados em sala de aula. Os estudantes ainda arquivam as atividades desenvolvidas com a metodologia descoberta por eles mesmos com as observações feitas pelo professor.
“É muito gratificante e representa, principalmente, o reconhecimento do meu trabalho”, disse Leite à Agência Estadual de Notícias (AEN). Com relação ao cálculo mental, é recomendada para séries iniciais do ensino fundamental, de preferência até a 6ª série, informou o professor.
Recomendo não apenas aos meus alunos os cuidados abaixo-relacionados, mas também aos que se valendo da palavra escrita desejam auferir o devido crédito ao que veiculam com a redação das suas idéias. Eu mesma, apesar de todo cuidado, escorrego na desatenção vez por outra – é a pressa costumeira de todos , dirá você, também – , mas o importante é reconhecer a possibilidade de correção e de ajuste, sobretudo quando nos utilizamos de um rascunho, feito a lápis/caneta, na escrita manuscrita e com ajuda do Word na escrita digital. Confira os procedimentos que costumam desencadear maior êxito:
> Fazer um roteiro que inclua: o que(referência ao tema da redação), para quem( interlocutor/ leitor) e como( modo de elaborar: idéias próprias, empréstimo de citações, dados numéricos, inclusão de imagens, etc.).
>Visualizar o interlocutor do texto e ajustar o nível da linguagem a ser utilizada( internauta, corretor, cliente, criança, jovem, etc.).
> Elaborar um rascunho (também chamado de borrão).
> Privilegiar gabaritada articulação dos recursos textuais (legibilidade, vocabulário, concordância, objetividade, ortografia, entre outros elementos de apoio à escrita).
> Ler e reler o rascunho para fazer os ajustamentos necessários – e se as condições de tempo permitirem pedir ajuda a alguém diante das incertezas da escrita (a um professor/ amigo/ familiar, na redação manuscrita e também ao nem sempre confiável, infelizmente, corretor ortográfico, na escrita digital).
> Organizar a versão final do texto, sem desconsiderar a excelência entre forma& conteúdo.
Todos que trabalham com a palavra escrita têm obrigações imprescindíveis com a redação gabaritada. No caso dos vestibulandos é uma condição de acesso, pois a redação é peça fundamental na conquista da vaga na universidade pretendida – e negligenciar qualquer passo na elaboração do texto solicitado pela banca colocará em xeque as intenções da comunicação eficiente.
Sugestão de escrita, principalmente aos inscritos no ENEM e vestibulares:
O tema do nepotismo voltou às páginas dos jornais. A Gazeta do Povo indica na sua Primeira Página que ” A decisão do supremo Tribunal Federal(STF) contra o nepotismo nos três poderes deixou brechas, permitindo que o tema continue sujeito a diferentes interpretações. Os próprios ministros admitem que os efeitos práticos estarão sujeitos a futuros julgamentos de casos concretos. A imprevisibilidade ocorre principalmente quanto ao Legislativo. No caso do governo paranaense, pelo menos, sete parentes devem deixar os cargos.” e a Folha de S. Paulo informa que: ” Ao aprovar sua décima terceira súmula vinculante, que veta contratação de parentes nos três Poderes, o STF definiu que a medida atingirá familiares até o terceiro grau. O tribunal vetou o nepotismo cruzado, em que um servidor contrata parentes de outro. O ministro Ricardo Lewandowski afirmou, porém, que “a realidade é tão multifacetada que é necessário analisar caso a caso”. A sua tarefa é indagar, através de uma carta, aos candidados aos cargos públicos( prefeitos e vereadores) se concordam com a medida restritiva de oferecimento dos cargos públicos aos seus parentes. Encaminhe a carta à seção dos leitores dos jornais acima indicados. Limite-se a 7 linhas e não esqueça do vocativo Senhor editor, logo no início da carta.
Para consolidar ainda mais as informações sobre o Nepotismo e escrita examine com vagar o que escreve o meu colega de portal, o André Gonçalves, no Conexão Brasília. Não deixe também de apreciar os traços certeiros e cadenciados do talentoso cartunista Paixão, que empresta ao texto a sua leitura crítica extremamente bem sucedida – e se ainda tiver fôlego para buscar uma terceira opinião sobre o assunto clique no blogue Certas Palavras, do jornalista Célio Martins .
Até a qualquer horinha!
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