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“Em terra de cego quem tem um  olho é…”
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Na minha época de escolar algumas estratégias de ensino e estímulo à expressividade oral e capacidade de exposição eram muito bem-vindas. Destas tirei o melhor e também, quando me formei professora levei os provérbios, suas explicações e aplicações para a sala de aula – e não tenho qualquer dúvida, prezado leitor, de que esses ditos populares continuam fazendo sucesso.

OBRIGADA BENETT! – O cartunista Benett trouxe hoje a ilustração que eu precisava para puxar esta conversa com você, independente da sua vinculação aos vestibulares ou compromisso iminente com o vestibular ou Enem. A primeira fase do vestibular da UFPR, marcada para amanhã está ai na porteira do tempo – e, será basicamente interpretativa, portanto, quem nela lograr êxito caminhará com maior responsabilidade e empenho em direção à segunda, centrada na produção de cinco textos escolhidos na variada tipologia da composição escrita.

Benett , GP, 28/ 11/ 2009
Com talento e humor o cartunista Benett propõe reflexões atemporais ao leitor

A GRANDE RESPONSABILIDADE– O leitor ou o estudante precisa mostrar a si, ao corretor e ao mundo de que sabe ler e perceber as injunções presentes em uma frase, ilustração, imagem fotográfica, infográfico, entrevista, poema ou texto de tamanho variado. Bem interpretar será sempre um show de sucessos na vida de uma pessoa – e se o leitor souber traduzir objetivamente em palavras o que lê, vê ou sente melhor ainda.

VEJA EXEMPLOS:

A questão da pluralidade das ideias – Não é fácil aceitar o contrário das nossas concepções. Sem dúvida é um movimento doloroso avistar impropérios, xingamentos, maledicências e outras vilanias orquestradas por mentes doentias ou atreladas a uma manivela política, financeira ou obediência corporativista, mas é preciso saber distinguir as contingências e a (des)vinculação aos critérios éticos. Eu leio de tudo e acostumo meus alunos a diversificarem as suas leituras para melhor selecioná-las, a partir das comparações, dos objetivos, da qualidade das fontes e, principalmente da importância que têm esses informes para as suas vidas.

Vinculações partidárias, religiosas ou futebolísticas – Nenhum discurso ou conversa, seja formal ou informal é desvinculado de uma opção filosófica, política ou ética; é preciso aprender a identificá-las e lhes oferecer a devida importãncia, quando necessário. Devo à professora Eni Pulcinelli Orlandi, bamba da Análise do Discurso na Unicamp, as informações e o apetite voraz que hoje, na condição de ex-aluna, carrego sobre o tema – e sugiro a todo profissional, sobretudo aos que lidam com a palavra, o adentramento a esses informes altamente importantes na comunicação humana. Eu geralmente busco compreender as ideias das pessoas, suas intenções e contribuições à coletividade e não ofereço a mínima para o partido político delas, embora saiba identificar essas marcas vinculantes no discurso. Acontece assim com a religião, o futebol, que formam com a política uma trinca sempre acirrada de áreas polêmicas. A gente leva um tempo na vida até compreender que é preciso sempre separar um pouco as coisas para não fazer ajuizamentos precipitados.

O TREINO DO PENSAMENTO – Treinar o pensamento lógico e não apenas exigir dos milhares de estudantes a submissão consentida, embora frustrante, na resolução de questões que não apontam nenhum sentido prático ao discurso recheado de informes multidisciplinares, ajuda a preparar o terreno aos desafios interpretativos do mundo e seleciona indiscutivelemente os exímios leitores na vida cotidiana.

SUGESTÕES PARA EXERCITAR – e quem sabe puxar uma boa conversa sobre as vantagens de saber interpretar bem e respeitar a pluralidade das ideias? Afinal somos diferentes, porque nossas contingências sociais, culturais, religiosas e éticas deixam marcas poderosas sempre que abrimos a boca ou deixamos os nossos dedos dançarem freneticamente sobre o teclado do computador para emitir uma idéia, um comentário sobre qualquer assunto.

QUE TAL ASSOCIAR um fato aos provérbios abaixo? Exemplifique e compare valendo-se de objetivas descrições; argumente justificando claramente as associações feitas, sob o comando da lógica, não apenas decorrente da febre emocional que costuma atacar a todos que se vêem contrariados nos seus princípios, sem antes avaliar se vale a pena contestar qualquer bobagem ou feliz e inovadora contribuição que de fato dinamiza a reflexão, acresce sentidos e aponta novas direções saudáveis ao pensamento humano.

Quem com ferro fere, com ferro será ferido.

A pressa é a inimiga da perfeição.

Quando um não quer, dois não brigam.

Antes calar que mal falar.

Cada cabeça, cada sentença.

Casa de ferreiro, espeto de pau.

Devagar se vai ao longe.

Falar é fácil, fazer é que é difícil.

O barato sai caro.

PARA SORRIR E DESCONTRAIR com alguns contraprovérbios:

” Os últimos serão desclassificados.”

” Quem ama o feio é cego.”

” Quem cedo madruga fica com sono o dia inteiro.”

” Quem não arrisca é porque não tem caneta.” – >Quer ler outros? Divirta-se e compartilhe a hilária interpretação aqui.

DICAS para quem gostar do assunto:

> Novas tendências em a Análise do Discurso, de Dominique Maingueneau.

> Os limites do sentido: um estudo histórico e enunciativo da linguagem, de Eduardo Guimarães.

> Elementos de análise do discurso, de José Luiz Fiorin.

> Provérbios e máximas; coletânea de provérbios, de Josué Rodrigues de Souza.

Arquivo celular      Doralice   Araújo
Visita aos museus de Curitiba não é” programa de velho”, mas de quem é um aprendiz voraz da cultura – Comece pelo Museu Oscar Niemeyer, no Centro Cívico

PERGUNTA e dicas para o sábado: Você já foi ao Museu Oscar Niemeyer agora em novembro? Não perca a exposição de Vik Muniz; simplesmente imperdível. No domingo passado fui examiná-la e voltei encantada com o engenho e arte ali expostos ao público. Agora vou ao cinema, porque gostei da análise do Paulo Camargo sobre O Solista, que é estreia na tela grande. Vamos nessa, leitor?

Até a próxima!

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