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As propostas políticas que pretendem atender às necessidades da população incluem invariavelmente a saúde, a educação, a segurança, as condições de trabalho, moradia e lazer. São os chamados serviços essenciais, mas até que ponto é levado ao pé da letra esse caráter de essencialidade, tanto pelos que pretendem atendê-la e tanto por nós, beneficiários diretos desses serviços?

Uma estranheza

Devo ser uma dessas pessoas estranhas, pois a mim incomoda a inexistência de um sistema de cobrança eficiente desse caráter essencial, principalmente numa sociedade que se caracteriza como organizada e de direito.

Serviços essenciais à segurança do cidadão lamentavelmente apenas são reconhecidos pela comunidade, quando em época de catástrofes e acidentes de maior impacto. Bombeiros, policiais, professores, médicos, chaveiros, farmacêuticos, motoristas, varredores de rua e outros tantos profissionais são chamados à responsabilidade quando o alvo das suas especificidades é analisado. Por que isso acontece? Ora, porque são essenciais.

Quem de nós?

* Reclama quando o lixo, a poda das árvores e os entulhos não são recolhidos, uma vez que pagamos as taxas devidas?

* Interpela as autoridades competentes quando os resultados pífios ligados à educação anunciam a desqualificação do ensino básico?

* Ajuíza a necessidade de atendimento à saúde do idoso e da criança?

* Exige a prestação das contas de uma prefeitura, de um estado?

* Estabelece prazos, após a eleição, para o cumprimento das promessas de campanha política?

Sempre na mira

Não sou funcionária de ninguém. Sou autônoma e sei o quanto custa ganhar cada real “vendendo” as minhas aulas e corrigindo textos. Com o que ganho pago os débitos mensais da moradia, dos jornais que leio, da escola da minha filha e com esse montante adquiro os produtos de primeiríssima necessidade no supermercado. Pago os tributos públicos, mas não consegui até hoje usufruir de um atendimento em postos da saúde pública. Sempre que necessário preciso desembolsar o dinheiro para pagar um médico particular, pois , na minha idade , não consigo arcar com as despesas de um bom convênio de saúde. Sou refém da rede particular de ensino, da saúde e da segurança, pois o Estado, embora prometa esses serviços não os oferece condignamente ao cidadão.

Antigamente…

Em outros tempos, há três ou quatro décadas, a situação era outra. Tínhamos certezas e confiávamos mais na palavra empenhada; hoje, bem diferente desses tempos, a incerteza é a nossa maior companheira. Não temos certeza se estamos seguros dentro da nossa própria casa.

A quem reclamar?

Não sei mais…
Tenho reclamado no meu direito de assinante de jornal, de revista, de responsável por uma adolescente na escola particular, de um produto vencido no supermercado e de outras irresponsabilidades ou incidentes de fábrica, mas há outras queixas que não tenho a quem reclamar mais. Crise de valores, desrespeito aos idosos, desfaçatez diante do sossego individual, insegurança e outras tão significativas quanto à essencialidade dos serviços assinalados no primeiro parágrafo, já não tenho mais a quem reclamar.
Tenho sentido falta de pessoas atentas e dispostas a fazer valer os nossos direitos. Vejo muita gente acomodada, quieta no seu canto e deixando a responsabilidade que é nossa nas mãos alheias. Isto não pode mais continuar.

Sonhos coletivos

Gosto de participar de um sonho coletivo. O preparo de uma festa ou mesmo um mutirão de limpeza são bons exemplos do espírito coletivo que preside em todos nessas ocasiões. É muito fácil consegui-lo, basta que tenhamos a meta, bem visível racionalmente clara – e todos os obstáculos são afastados, tudo conspira a favor do sucesso da realização do sonho. Temos sempre muito claro o que queremos e o que não queremos, também.

Faltam sonhos coletivos para nós, esta é que é a verdade. Faltam braços e mentes embaladas por idéias que revolucionem e afastem o comodismo nosso de todos os dias. Eu, por exemplo, tenho abrigado um sonho coletivo: que a Gazeta do Povo atenda ao público infantil e logo, logo crie um suplemento a esse público. A Gazetinha é hoje um poderoso emblema juvenil, mas infelizmente não atende às crianças menores.

Gostaria também de ver a escola pública recuperada, assentada na qualidade e na oportunidade justa. Não gosto do sistema de cotas, nem da adoção de livros didáticos, nem na política que preside a temporada de alunos, nem da acomodação docente. Tenho sido crítica implacável da idéia de democratização universitária, uma vez que a universidade é lugar de estudo sério, dedicado, mas a maioria dos que estão lá parece não pensar assim, pois apenas têm sonhos individuais.

E…você, meu prezado leitor, o que pensa sobre o assunto?

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