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Miguel e Tezza : intérpretes da crônica diária
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Não sei se você é afeito à leitura dos matutinos. Eu sou, embora eles provoquem emoções diversas em mim: da alegria à surpresa, da indignação à firmeza das ideias, mas hoje ao ler as colunas do Miguel Sanches Neto e do Cristovão Tezza, as demais notícias, sobretudo as mesmices da política profissional e as vilanias perderam a importância. Não hesite, prezado leitor, em apreciar o Quarto de filha e Cartas, blogs, e-mails, na Gazeta de hoje.

Ilustração: Felipe Lima

Na vida comum, dessas que fogem ao roteiro dos livros e do aprisionamento das emoções, não há alegria perene e nem tristeza que não termine – e o cronista encanta aos leitores quando puxa a cortina do anonimato e apresenta as nossas dores, as lamentações daqui e ali, os vivas triviais e as saudades do ontem e as novidades do hoje.

As observações descritivas do Miguel sobre os passos juvenis da filha fazem eco certeiro no que eu e milhares de pais avistamos, não apenas no quarto, mas nos demais cômodos da casa e na vida. Há uma conformação silenciosa dos mais velhos com os novos hábitos, pois eles demandam ajuste e diminuição de sofrimentos, sobretudo, dos urbanos, porque nas cidades do interior a manutenção dos costumes e a lenta demora na absorção das novidades é fato. Andar com minha filha ao lado e vê-la com os ouvidos tapados pelos fones, ligados ao celular é fogo; para mim, afeita o bate-papo, uma descortesia e um aviso de “não quero conversar agora”, mas para ela uma prática comum, generalizada entre os da sua idade. Tento aceitar, mas vivo dentro de um inconformismo maternal em ebulição, Miguel.

Daniel Castellano/Gazeta do Povo
O escritor Cristovão Tezza

Tenho certeza de que muitos leitores ficarão também aguardando que o Tezza compartilhe as suas observações sobre e-mails e blogs, porque esses gêneros estão conosco dia e noite, enquanto a carta- tema da crônica do premiado escritor – tende a se transformar realmente em peça histórica, sobretudo a manuscrita, mera exigência formal para dar conta de uma proposta de redação no vestibular ou no cumprimento de um requisito de anúncio de emprego. Meus jovens alunos, vestibulandos, estão ai para testemunhar e comentar dos exercícios que têm feito. Pedirei que escrevam uma carta manuscrita para você, Tezza; aguarde esse mimo histórico.


Carvalho plantado na inauguração do Passeio Público, em 1886. Morreu por falta de cuidados

OS CUIDADOS PARA NÃO ESQUECER – Minha filha, em noites de insônia e males diversos da adolescência, ainda bate à porta do meu quarto e pede um SOS; atendo-lhe os reclamos, porque sei que chegará o dia em que desejarei tê-la perto e restarão apenas as lembranças da sua presença física. Estará longe, envolvida com os seus interesses de adulta; é bom e saudável que seja assim, mas para estabelecer liames afetivos e aproveitar o tempo de convivência costumo, além dos proventos materiais, promover visita aos quardados queridos na minha caixa de fotografias, de cartas e sessões de registros em vídeos. É a parte que me cabe agora.

O amanhã? Aprendo com a lição nostálgica do acervo digitalizado do Cid Destefani e, sei que será dela e, eu, se viver consciente, sem os males da velhice galopante, encontrarei nos quardados das fotos digitais, dos vídeos, no blog que ela assina e nos textos que pretende escrever a feição familiar querida gravada para sempre.

A SUJEIÇÃO INVOLUNTÁRIA OU CONSENTIDA – Nossos pais nos mostraram não apenas as evidências da passagem do tempo e as atitudes que foram, por eles, obrigados a tomar. Hoje, aqui e ali, o ciclo se repete, mas parece que temos mais dificuldades para encará-lo de frente, de peito aberto. As lembranças do ontem, os mimos familiares, os incansáveis esforços que a nossa geração fez para criar, educar e entregar os filhos ao mundo sofre junto, em passo cadenciado e contínuo.

EMOÇÕES SEMELHANTES – Os cronistas do nossos ais e ufas, hoje exemplificados pelo Miguel e Tezza, estampam a vida e fazem eco aos sentimentos diversos, enquanto a maioria anônima enrola a viola no saco, respira e segue adiante aguardando o amanhã, cheio de outras novidades. A crônica diária, livre e solta, é a minha preferida leitura – e, você leitor, gosta dela?

QUER TREINAR A ESCRITA?

O tempo e as transformações nos costumes e no comportamento das pessoas tem sido tema presente na literatura e no cinema. Você já assistiu, por acaso, a excelente comédia Feitiço do Tempo ou o imbatível Felicidade não se compra? Já leu Cartas a um jovem poeta , de Rainer Maria Rilke, O Diário de Anne Frank ou Cartas de amor, de Fernando Pessoa? Você, tem alguma sugestão de filme ou leitura centrados na abordagem da temática do tempo para compartilhar conosco? Justifique a indicação.

Pensar no tempo, falar sobre ele e estabelecer sentidos para a sua representação na nossa vida é uma oportunidade imperdível. Aproveite para deixar o seu registro, porque com o advento nos novíssimos tempos o que escrevemos na internet ficá ilimitadamente registrado; deixar aqui a sua marca e assinalar a sua passagem por este 22 de setembro de 2009 é um convite. Vai encarar?

Até a próxima!

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