Quem acompanha a movimentação em torno do Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM, certamente está preocupado e ressentido com as surpresas ocorridas neste ano de 2009 – e, qualquer notícia, independente do seu caráter oficial desestabiliza os ânimos nos maiores interessados no tema: os estudantes concluintes e egressos do ensino médio, sujeitos passivos até o dia da realização das provas.
Passinhos preocupantes – Reveja comigo, leitor, alguns passos ligados ao controvertido ENEM neste ano: a pressa na adoção das novas regras, a expectativa do MEC com relação à adesão das instituições universitárias, as inevitáveis providências dos cursinhos para ajustamento do calendário e revisão dos conteúdos, a reprogramação do número das questões da prova, as advertências dos professores com relação ao tempo destinado à resolução das questões, os ouvidos moucos de quem poderia diminuir a marcha acelerada e, finalmente, a fraude que abalou o crédito em quem tinha as rédeas da logística na aplicação do exame com objetivos classificatórios em formato de vestibular nacional.
Refletir sobre os temas do cotidiano, interagir com os leitores, orientar e incentivar a prática da escrita: objetivos do blog Na Mira do Leitor
A onda de descrédito cresce – Na conversa descontraída entre adultos, ligados ou não ao campo educacional comenta-se que os concursos públicos passam por uma fase nebulosa, com abundância de contradições, decorrentes da desonestidade e incompetências que vingam em todas as instâncias. Quer um exemplo? Assessorei tecnicamente um candidato inscrito em um concurso público, no RS; o jovem teve a sua redação corrigida “por cima”, o que lhe computou a nota 3,5 dentro de um quadro máximo de 10. Solicitou a revisão da prova e qual foi a nossa surpresa? A correção ignorou os requisitos da proposta e exigiu o que não estava determinado no comando. Uma infeliz amostra de correção mal feita, inadmissível em concurso público.
A impotência diante dos fatos – Todos os meus alunos estão inscritos no Enem, afinal o exame vale, em alguns casos aqui no Paraná, como passaporte integral na obtenção da tão sonhada vaga, mas nos que estão inscritos nos vestibulares que adotarão parcialmente a nota obtida na prova nacional, a sensação é de vulnerabilidade diante dos últimos acontecimentos – e a mais recente notícia aponta que Um em cada cinco candidatos recusa a nota do Enem no vestibular da UFPR, manchete da reportagem de Marcela Campos, na Gazeta do Povo de hoje, é ponto vital de reflexão sobre o estado conflitivo atualmente vivido pelos estudantes.
O exemplar aceno da prudência – Parabenizo as instituições que, diante da pressa do MEC, encontraram alternativas para pensar melhor e deixar para mais tarde a adesão ao rol de novidades que saíram do gabinete ministerial em educação. Ações de prevenção e prudência diante das eventualidades dos acidentes mostram sempre a qualidade dos que refletem antes de dizer o SIM, porque audácia e plano político exigem calculada medida de força, antes de envolver mais de 4 milhões de estudantes brasileiros, suas famílias e seus professores nesse projeto de avaliação nacional ambiciosamente precoce.
Quer treinar a escrita sobre as correlações do tema de hoje?
PROPOSTA 1 – O caráter competitivo do ENEM mudou a sua perspectiva. Explique objetivamente a afirmação em destaque, mas antes releia o excerto abaixo.
“Ontem troquei ideias com um amigo especialista em vestibulares concorridos e ele comentava que o antigo Enem não representava complicação entre os que a eles se submetiam, enquanto que no novo formato foi colocado o ingrediente explosivo da competição muito acirrada nos cursos de alta demanda. Raciocínio perfeito; concordei sem retrucar absolutamente nada- e você?”.
(O queijo, os gatos e os ratos, Na Mira do Leitor, 9 /10, RPC)
PROPOSTA 2 – Você precisou alterar algum compromisso ou acumulou algum tipo de prejuízo material para atender ao novo calendário, por exemplo, das provas do vestibular da UFPR, agora marcadas para 29 de novembro(1ª fase) e 12 e 13 de dezembro(2ª fase)? Comente.
PROPOSTA 3 – Aplausos, críticas e advertências são algumas ações decorrentes do merecimento. Redija um comentário argumentativo que inclua as ações acima em destaque à organização do ENEM; aproveite a reflexão obtida e envie o seu texto à coluna dos leitores de um jornal ou revista da sua preferência.
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Um adendo à postagem( 13h26m): li que a segunda aplicação do Enem custará R$ 131,9 milhões. O Diário Oficial da União divulga, segundo a Folha online , que o contrato será de R$99,96 milhões, enquanto a impressão dos cadernos custará R$31,9 milhões. Muito dinheiro, não é mesmo, leitor?
Até a próxima!
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