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O queijo, os ratos e os gatos
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Ontem troquei ideias com um amigo especialista em vestibulares concorridos e ele comentava que o antigo Enem não representava complicação entre os que a eles se submetiam, enquanto que no novo formato foi colocado o ingrediente explosivo da competição muito acirrada nos cursos de alta demanda. Raciocínio perfeito; concordei sem retrucar absolutamente nada – e você?

Muitos estudantes sabem desse componente e, embora não atinem aos meandros do novo caráter do exame, sentem o poder que ele carrega, daí a decepção e o avolumar de sentimentos contraditórios com relação à oportunidade oferecida e à submissão ao esquema, quando as universidades selecionadas por eles aderiram integralmente ao exame nacional como forma de ingresso.

Daniel Castellano    Arquivo Gazeta do Povo
Aos que apreciam o queijo é sempre uma tentação avistar as várias espécies

Ainda no último dia 2 de outubro o jornal Folha de S. Paulo publicou integralmente o comentário que enviei à seção dos leitores e, abaixo reproduzo o texto para que você possa avaliá-lo, uma vez que considero imprescindível que um professor de redação dê exemplos práticos do seu ofício com a leitura e a escrita à toda sociedade. Acompanhe:

A pressa na implementação das mudanças no Enem teve uma das suas mais devastadoras consequências: o vazamento das questões da prova.

A fragilidade da segurança do exame mostra a vulnerabilidade dos concursos públicos, e a repercussão desse fato deve preocupar a todos. Segundo nota da Folha, o prejuízo pode ser de R$34 milhões. E agora? O Enem vai se transformar num ‘simulado’ bem caro? As irresponsabilidades serão suavizadas? Mais de 4 milhões de estudantes precisam de uma explicação convincente para o crime ocorrido, e a eles se juntam milhares de pais e professores. Será indesculpável não identificar e punir severamente os culpados.

Minha sugestão é que se deixe para aplicar o Enem no próximo ano, porque assim o calendário das universidades e a vida estudantil não sofrerão outro ataque.

Aqui em Curitiba a Gazeta do Povo publicou comentários dos leitores; hoje, por exemplo, o Felipe Martins Greiner adverte que: O adiamento do Enem foi prejudicial em diversos sentidos. Primeiro porque quem estava realmente preparado ganhou mais um motivo para ficar nervoso. Segundo porque a nova data vai coincidir com outros vestibulares. E mais: desestabiliza emocionalmente os reais competidores por uma vaga no vestibular. Ainda no dia 2 o colega professor Jacir J. Venturi assinou o excelente texto A montanha pariu um rato( Você leu? Aproveite para examiná-lo com mais vagar agora). Que tal acompanhar também o trecho de uma das cartas que recebi, via e-mail, de um outro amigo, que milita no magistério há muito tempo? Acompanhe e confira a ótima ideia que ele compartilha:

Doralice,
Li e gostei muito da sua carta no Painel do Leitor. Você viu, no dia
seguinte, a carta de outro leitor, fã do novo e apressado ENEM? Quanto ao
desastre, ele era muito provável. Houve um excesso de confiança do MEC na
experiência anterior do INEP com o ENEM. Ouvi, em diversas ocasiões, uma
delas em reunião a que compareci em Brasília, o Ministro dizer que o
MEC/INEP tinha total competência para aplicar o novo ENEM, mesmo com a
adesão de todas as universidades federais. Quem milita na organização e
aplicação de vestibulares conhece do que são capazes aqueles que querem
fraudar o exame. O correto seria começar com uma experiência piloto, com
poucas universidades, e expandir depois, com base na experiência
adquirida.

O assunto, extremamente polêmico, ainda demanda reflexões; confira a reportagem UFPR aguarda 15 dias para ver se usa a nota do Enem , de Pollianna Milan e agências, na Gazeta do Povo.

O certo é que as armadilhas do poder carregam sempre as suas contradições; é preciso avistá-las antes que um aventureiro delas tenha o comando para fins criminosos. Segundo informações da imprensa agora uma força-tarefa ajudará a fortalecer a aplicação do exame, marcado para os primeiros dias de dezembro. Não tenho dúvidas de que o queijo estava visivelmente tentador e os ratos encontraram um modo de saboreá-lo, mesmo sob a vigilância capenga dos gatos de plantão. Vamos ver se com a ajuda dos cachorros a nova reserva de queijo estará sob maior proteção.


Vai ai uma batatinha frita?

Quer treinar a escrita com o tema de hoje?

Crianças e jovens não resistem aos doces e guloseimas; você já presenciou certamente em filmes ou na vida real as manobras que eles fazem para furtar um docinho ou passar o dedo no glacê de um bolo ou torta confeitada. Até os adultos não resistem ao cheiro e à visão de uma batatinha frita ou um bolinho de bacalhau; metem a mão e, sob a concessão ou reprimenda de quem os prepara, surrupiam a gostosura. A tentação, o deleite e a leniência da punição são os deflagadores indutivos do furto. Alguns resistem, mas outros, infelizmente, caem na tentação.

Valterci Santos/Gazeta do Povo
Vestibulandos na Praça Carlos Gomes: edição especial da Gazeta do Povo anunciou resultado da primeira fase

A prova do Enem representa um passaporte à entrada na universidade desejada; ajuda poderosamente a empurrar a porta cada vez mais estreita das instituições credibilizadas pela seriedade acadêmica encontrada e a absorção dos seus formandos pelo mercado de trabalho. Egressos da escola pública ou da rede privada auferem benefícios se desse exame participam, mas…

Fazer o quê? Continue o parágrafo acima negritado e treine a redação denominada de continuidade de texto, no qual é imprescindível acompanhar o raciocínio e o alcance temático, assim como o nível da linguagem empregada pelo produtor do texto.

Até a próxima!

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