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O amadurecimento precoce de meninos e meninas é cada vez mais comum na sociedade contemporânea. E pior, embora ainda não existam pesquisas que indiquem com precisão as consequências desse processo, especialistas são unânimes em afirmar que ele traz reflexos negativos na vida adulta. A boa notícia é que os pais – ou tios, como o Renan, que escreveu para contar que está preocupado com a possibilidade de o sobrinho de 9 anos estar queimando etapas – podem conter esse processo.

“Isso ocorre com mais frequência em famílias com filhos únicos. O convívio só com adultos pressiona a criança a seguir o ritmo deles e não o contrário, como seria esperado. Mas esse problema pode atingir também famílias com qualquer tipo de formação, já que sempre há estimulo para o amadurecimento da criança, seja social ou vindo da mídia”, analisa a professora Araci Asinelli da Luzi, doutora em Educação e docente da Universidade Federal do Paraná.

A professora compara a situação com a de bebês que deixam de engatinhar por falta de estímulo dos pais, que temem deixá-los no chão por causa de doenças. “Depois essa criança apresenta problemas na escrita ou na parte motora. O bebê precisa passar por todas as etapas – peixe (na barriga da mãe), réptil, mamífero e bípede – para ter um desenvolvimento normal.”

A hebiatra Luci Pfeiffer, presidente do Departamento de Segurança e coordenadora do Dedica (Defesa do Direito das Crianças e dos Adolescentes) da Sociedade Paranaense de Pediatria, diz que crianças de 9 anos (como é caso do sobrinho de Renan, que está amadurecendo rapidamente) podem se interessar por assuntos diversos, como internet e telefone celular. Mas esses não podem ser seus principais interesses. “Elas também devem brincar, jogar bola e fazer outras coisas da sua idade. Às vezes, porém, é difícil resistir à pressão dos amigos e da própria família que estimula namoros precoces, comprando até presente para que seja entregue para a namorada ou namorado. Eles estimulam e depois não gostam das conseqüências.”

A especialista diz que todas as etapas da infância precisam ser respeitadas para o desenvolvimento integral da criança, mas pondera, por outro lado, que esse processo todo é muito particular, variando de um indivíduo para outro.

Reversão do processo

Luci Pfeiffer diz que o primeiro passo, para se fazer um diagnóstico do problema, é identificar o que levou a criança a apresentar o comportamento mais maduro. “A criança geralmente se espelha em modelos, que podem ter ou não a aceitação dos pais. Por isso, a primeira medida deve ser, com os pais, descobrir em que a criança está se inspirando.” Se se julgar necessário, pode-se recorrer à ajuda de profissionais, como psicólogos.

Já a professora Araci lembra que os pais –muito envolvidos com a situação que estão – podem não perceber que a criança está apresentando um comportamento inadequado para sua idade. Quando isso acontece, é importante que um tio ou um parente próximo alerte os pais, até porque o trabalho conjunto de todos pode ajudar a conter esse processo. Ela sugere que esse trabalho inclua o direcionamento das atividades e passeios da criança para o perfil da sua idade. “Os pais devem partir para brincadeiras, passeios, literatura que mostrem para a criança que a infância é boa e que não deve ser atropelada.”

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