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Brasileiros são piores, melhores ou iguais quando se mudam para o exterior?
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Bailarinas trajadas com trajes supostamente referentes ao carnaval brasileiro, com plumas verdes e amarealas, na frente de um cassino

No exterior, muitos brasileiros acreditam que “melhoram” e se enchem de plumas éticas, morais e comportamentais (photo credit: OMG via photopin (license))

A treta da semana no Facebook – e em outros sites cheios de especialistas em tudo, como o Twitter – começou com o texto da médica Renata Velloso, em que revela que viver no exterior a tornou uma pessoa melhor. O que aparentemente não aconteceria se ela continuasse no Brasil, onde, por exemplo, sua filha deixou de entregar o trabalho de casa porque a babá não o colocou na mochila.

Eis um trecho:

Aqui também parece mais fácil e lógico ensinar valores corretos, como a importância de respeitar as regras e, principalmente, respeitar as outras pessoas. No Brasil, a gente chegava a duvidar se valia a pena ensinar as nossas filhas a fazer tudo certo se a maioria das pessoas faz tudo errado e onde quem tenta seguir as regras acaba passando por trouxa.

Para ler o texto completo: Por que os brasileiros são melhores quando estão no exterior.

A resposta mais compartilhada a esse texto foi do autor Rogério Tanganelli: Por que os brasileiros se “acham” melhores quando estão no exterior.

Um excerto:

O legal é o conselho de rever valores dado para quem vai ao exterior e não para quem fica no Brasil. Veja bem, no Brasil dividido pode Senzala, aqui no exterior não. Aí tem o texto da médica Velloso. Leia aqui. Ela conta uma série de aprendizados ao viver nos EUA, como a arte de lavar louça, cozinhar miojo e dizer para a filha que a empregada doméstica não é responsável por suas lições escolares e sim a própria menina. Eu fiquei impressionado quando ela disse que isso no Brasil era normal na classe média. Se soubesse disso antes teria ficado.  Ela ainda conta a incrível descoberta das filhas que aprenderam nos EUA a arrumar a própria cama, a lavar a própria louça e tirar a mesa do jantar.  Bom, a minha mãe do interior de Minas era americana e não sabia.

Sei bem que muitos dos que leem este texto, de fato, tem camas que não se arrumam sozinhas e que precisam cuidar de ajeitá-las ou optar por deixá-las desarrumadas mesmo.

Lembro de um esclarecedor debate que tive com minha mãe na minha adolescência.

Argumentei que não precisaria arrumar a cama pois à noite eu a desarrumaria de qualquer maneira.

– Então depois de ir no banheiro, não precisa se limpar. Vai sujar tudo de volta mesmo…

In the face.

Aprendi minha lição. Acho.

Como texto complementar, mas fundamental, além dos dois links acima, sugiro a leitura de A relação direta entre você limpar o próprio banheiro e poder abrir um Mac sem medo no ônibus.

O autor explica como o fato de as pessoas serem responsáveis por suas próprias tarefas, sem serviçais, sem divisão entre trabalhadores da “senzala” (ainda que remunerados) e sinhozinhos torna a sociedade mais justa e menos violenta. Se as coisas por aqui fossem um pouco diferentes, possivelmente, nem estaríamos discutindo coisas infrutíferas como a redução da maioridade penal ou rearmamento da população com pessoas que, segundo o raciocínio divertido da minha mãe, mal sabem limpar o bumbum.

Olha o raciocínio do autor, que interessante:

O curioso é que aqueles brasileiros que queixam-se amargamente de limpar o próprio banheiro, elogiam incansavelmente a possibilidade de andar à noite sem medo pelas ruas, sem enxergar a relação entre as duas coisas. Violência social não é fruto de pobreza. Violência social é fruto de desigualdade social. A sociedade holandesa é relativamente pacífica não porque é rica, não porque é “primeiro mundo”, não porque os holandeses tenham alguma superioridade moral, cultural ou genética sobre os brasileiros, mas porque a sociedade deles tem pouca desigualdade. Há uma relação direta entre a classe média holandesa limpar seu próprio banheiro e poder abrir um Mac Book de 1400 euros no ônibus sem medo.

Acredito que desta treta toda, o que texto que vale a pena ler é este mesmo: A relação direta entre você limpar o próprio banheiro e poder abrir um Mac sem medo no ônibus.

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