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Em algum momento o homem foi inventado (photo credit: <a href="http://www.flickr.com/photos/124327652@N02/14266602018">Dollinger Steel Fiftieth Anniversary Guests (AC604-1A-016-033)</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://www.flickr.com/commons/usage/">(license)</a>)
Em algum momento o homem foi inventado (photo credit: Dollinger Steel Fiftieth Anniversary Guests (AC604-1A-016-033) via photopin (license))| Foto:
Três homens de camisa, gravata e calça social, estão conversando animadamente e aparentam ter por volta de 50 anos

Em algum momento o homem foi inventado (photo credit: Dollinger Steel Fiftieth Anniversary Guests (AC604-1A-016-033) via photopin (license))

O homem – palavra que aqui designa essa figura inventada em algum momento da História e que ora vemos nas ruas indistintamente e que parecem ter sempre existido, embora nunca tenha existido de fato.

Inventado do barro, nasceu pelado, já de gravata, eventualmente falando sobre futebol e batendo no peito.

O homem está sempre resguardando sua homenidade.

O homem tem medo de chorar.

O homem tem medo de sentir.

O homem tem medo até mesmo de tocar outro homem, porque aí o homem desmorona, o que toca e o tocado.

Basicamente, o homem tem medo.

Embora homem não possa ter medo para ser, de fato, homem.

Mas, de fato, de fato, o homem, esse que vemos nas ruas, não existe.

Ele foi inventado por si mesmo para oprimir pessoas com ou sem testículos, sem ou com útero.

Variando a intensidade de opressão de acordo com o modo como a pessoa se relaciona com esses tecidos íntimos, como os aceita.

E, principalmente, variando a intensidade de opressão de acordo com como cada uma dessas possibilidades de tecidos íntimos demonstra seu medo do homem através do comportamento.

Posso dizer com orgulho: não sou homem o suficiente.

Não quero ser homem o suficiente para oprimir embora, às vezes, oprima pois nasci num mundo onde se acredita que o homem existe.

Jamais serei, no entanto, homem o suficiente.

Porque o homem não existe.

O homem é o bicho papão dos homens adultos.

Porque se você não for homem o suficiente, o homem te pega.

O homem, esse que pensamos ver nas ruas, assim como o bicho papão, não existe.

É uma história que contaram a você, o homem.

Você nunca consegue ser homem.

O homem é uma piada.

Uma piada de exame de próstata.

O homem não se sustenta com um dedo enfiado em suas intimidades.

Nem sob o mais relapso escrutínio: nenhum homem tem todas as ferramentas necessárias, os itens de fábrica e os acessórios e o cheiro de carro novo que um homem deve ter para ser homem.

O homem, minhas amigas, subiu no telhado.

E pensa que um nó de gravata bem feito vai salvá-lo da queda.

O homem será, um dia, apenas a marca de giz que registra onde o corpo caiu.

Uma pessoa, curiosa, vai perguntar: o que tinha aqui?

O corpo do homem, a outra responderá.

Mas, dizem, sequer tocou o chão.

Tocar o chão é desígnio de coisas que existem.

E o homem, não devemos deixar de observar, jamais existiu.

Não existe.

Jamais existirá.

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