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Geração Pamonha x Geração Café Expresso
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A reflexão sobre a Geração Pamonha apresentada nas palestras de Mario Cortella é fabulosa.

Baseada em suas vivências no interior do Paraná, faz uma referência ao processo de produção da pamonha: planta-se o milho, cuida-se da plantação, colhe-se o milho. Chama-se a família toda para o dia da produção da pamonha. Abrem-se as espigas, rala-se o milho, embalam-se as porções, cozinham-se as iguarias e compartilha-se com os pares.

O que conta nessa reflexão toda não é a pamonha em si, mas a dimensão do processo que a envolve e que nos permite entender a temporalidade da vida. Além disso analisa a dinâmica das relações sociais que privilegia a convivência familiar, o encontro, o diálogo e a construção coletiva.

Sou de uma geração que entende este modo de vida onde tudo tem um tempo para acontecer no melhor estilo “da semeadura a colheita”, que entende a necessidade da convivência para construção de laços de amor e respeito. Que valoriza a empatia, o bate-papo, que compreende o valor inestimável de um café com o “bolo da vó”.

Entendo também que muitas coisas na vida demandam tempo para acontecer. A formatura, a promoção na empresa, um convite para sair, a construção da casa, a reforma do apartamento e assim por diante.

No entanto, a geração contemporânea vive um contraponto exacerbado a esta realidade.

Carinhosamente chamados de Geração Café Expresso que, seguindo a analogia da requintada iguaria onde em 30 segundos é possível se degustar um café quentinho e forte, busca o imediatismo em tudo, em todos e para tudo.

Visual Hunt

 

Claro que não se pode generalizar, mas as relações humanas, as refeições, os projetos de trabalho, a reeducação alimentar para perda de peso, o luto, o fortalecimento muscular na academia enfim, tudo é, na acepção da palavra, “expresso”. Tudo tem que ser rápido. E se assim não for, não serve.

Muitos filhos das tecnologias contemporâneas, que se autoimpõem um ritmo alucinado de informações e comunicação, desconhecem ou tem pouca vivência do “processo pamonha” de ser e viver. São filhos do agora. Não compreendem o tempo de maturação de todas as coisas.

O natural é que houvesse um choque geracional. Mas muitos filhos da pamonha, vêm se rendendo aos encantos do Café Expresso. A agilidade nos enfeitiça. A pretensa sensação de controle nos seduz. A emoção do domínio do tempo nos fascina. As facilidades nos extasiam.

Não tenho a menor pretensão de trazer a solução para tamanho dilema, até porque também sofro de “certos encantamentos”.

O que me parece relevante é a discussão do assunto e principalmente, a ressurreição de momentos pamonha.

Preocupa-me sobremaneira o fato de nossos filhos nunca terem curtido um piquenique, um acampamento, uma confraternização familiar ao melhor estilo “pamonha”.

Que graças a você, possam nascer mais “sementes de pamonha”, lançadas neste texto, diretamente no seu coração.

Proponha-se a oportunizar estas vivências aos seus grupos sociais, de modo a permitir que, ao menos, conheçam estas práticas comunitárias ancestrais, equilibrando um pouco essa competição tão desigual.

E ai, topa o desafio?

Um abraço amarelinho, molinho e doce para você e quem ama!

Dani

Por Danielle Lourenço

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