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O AMOR ESTÁ NO AR
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“ Nele está o bem que todo espírito deseja. Nele, o repouso a que todo mundo aspira. Nele está o amor;nele, o prazer também. Nele, ó, minha alma guiada ao mais alto céu! Você poderá reconhecer nele a ideia da beleza que neste mundo eu adoro.” Joachim du Bellay, L’Olive, 1549.

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Falar de amor é um território ainda a ser reexplorado, a sociedade moderna despiu a roupagem sentimental pelo trivial e desencanto do amor, valorizou o prazer simples dos órgãos, mecanizando-o, deformou a paixão e está matando o amor.

O amor na sociedade moderna se afastou da beleza, a magia do amor se transformou em banalidades, um fiasco entre corpos, onde o encontro de ambos se converte num capital narcísico de necessidades vulgares, máquinas de frustrações.

Nesta permuta de corpos insaciáveis o Eros impulso se travestiu de Eros tirano, transformando a alma num eterno vazio, com bem descreveu Fedro no Banquete de Platão há 2500 anos atrás.

Na escuta da clínica transitamos sobre esta busca narcísica de encontrar a  metade da laranja, do encontro do amor, onde o sujeito se perde rolando de cama em cama, doando seu corpo ( a sociedade moderna e a mídia preconiza ) que assim o encontrará. Perde-se o lúdico da sedução e o vazio se instala e o ser transforma-se em objeto descartável.

Esta colocação não é tão somente em relação a mulheres, na escuta da clínica são sentimentos de ambos os sexos e sem falso puritanismo, é colocado a trabalho o vazio da busca incessante e frustrante nas relações. As noitadas de sexo, prazer e muitas vezes drogas, a frustrante realidade da solidão. Uma busca sofrida que causa o horror do comprometimento definitivo do eu de hoje com o eu de amanhã.

O amor sempre causa medo, medo da perda, que o objeto amado se vá e a imensidão da dor amorosa é enigmática.Como se reencontrar sem a metade da laranja perdida, mas será que a perdemos ou ela não era o encaixe.

Aristófanes em O Banquete nos ensina que os deuses quando criaram a humanidade eram esferas com 4 pés, 4 mãos e duas cabeças, eram completos e como seres completos eram soberbos e orgulhosos e com esta força e poder os humanos se rebelaram contra os deuses. Zeus como forma de punição os dividiu. Apolo com pena desta amputação se encarregou de virar seus rostos para o lugar do corte como forma de sempre lembrar que somos seres faltantes e assim se tornarem mais humildes. Mutilados de uma metade de si mesmo, só nos restou a procura incessante pela outra metade.

E, aí, quando encontramos é o amor, mas para dividir a vida em comum num relacionamento, há que se ter humildade, ceder muitas vezes, pois são duas metades cada qual com sua história, sua vivência, suas dores na alma, amores perdidos, alegrias vividas.

Nas relações onde o vencedor é o amor, a paz da alma se instala, a confiança reina recíproca, o jogo é de igual para igual, não há perdedores e o equilíbrio é a base.

Enfim, o amor é o intermediário entre o divino e o humano e um Deus faz a ponte.

E para fechar cito o filósofo Kierkegaard … ASSIM, AMAR A HUMANIDADE, NÃO IMPEDE ALGUÉM DE TER SUAS PREFERÊNCIAS… NÃO SEJAMOS EXCESSIVAMENTE ESPIRITUALIZADOS..

E o amor que permaneça no ar.

Por Pedra Bucci

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