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O Despertar interno – autoconhecimento
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Desde que nascemos somos induzidos a acreditar que o destino já está traçado – como, então, escapar da hipnótica narração de mundo que nos é fornecida e incutida? E vamos assim, desde pequeninos arranhando a tela do mundo, tentando escrever nossa própria história em cima de um script já delineado e calcado em verdades trespassadas, medíocres e hipócritas, em emoções negativas, convicções e ideias de segunda classe que nos são impostas como corretas e, sem sombra de dúvida, acabam por escrever o “destino” de nossas vidas.

O mundo real transborda de emoções negativas e ilusórias que ocupam cada canto escuro, cada sótão da vida do ser, alimentando o fantasma que nos perseguirá em cada gesto, atitude e forma de ser. É preciso mudar. Para haver mudanças, a primeira que se faz necessária é a nossa própria, transmutando nossas convicções, paradigmas, crenças religiosas, a própria Psicologia. É preciso retirar do âmago do ser a tirania de uma mentalidade conflituosa.

O pensamento distorcido da humanidade é a pior de todas as doenças, um mal cuja cura é difícil de se encontrar, pois que a cura está dentro de cada ser, no autoconhecimento, na busca das próprias sombras e dos cantos escuros onde essas sombras encontraram morada e lá fincaram suas raízes. Hoje escapam através dos preconceitos e da insatisfação que atormenta a humanidade e que geram as guerras, os conflitos, as discrepâncias e a irascibilidade.

A humanidade vive uma verdadeira escravidão do ser – um ser pensado e não pensante. É levado como manada e a raiz de todos os sofrimentos do mundo, da pobreza, das guerras, dos vícios, da criminalidade, nada mais é que o pensar, sentir e perceber negativamente. Projetamos um mundo decadente e sem perspectivas – recriar esse mundo só será possível através do autorrenascimento, de uma viagem de volta à essência e à integridade do ser.

A reconquista da própria integridade é a maior de todas as aventuras humanas, a maior vitória a ser conquistada e também a mais difícil. Para que isto ocorra será necessário passar a limpo todas as mentiras, retirar todas as máscaras que nos recobrem e rasgar as fantasias que criamos para nós mesmos. O homem é criado para ser dependente – dependente do seu próprio medo de existir e esta é a máscara que colocamos para esconder a ausência de liberdade de ser pensante, permitindo-se ser pensado, portanto somos o único obstáculo para nós mesmos. Afinal, já nascemos ‘destinados’, ‘programados’, ‘pré-destinados’, ‘pré-programados’.

A busca interna para evoluirmos deve ser constante, requer determinação e disciplina e não admite meio termo – ou nos jogamos por inteiro ou nos perdemos pelos meandros dos fantasmas que nos assombram e obrigam a utilizar as tais máscaras que criamos para sobreviver e que nos permitem acreditar que somos infelizes por culpa do externo.

Quando enveredamos nesta busca nos vemos frente a um abismo – um vazio total onde temos que descartar superstições, crenças limitantes, velhos truques etc. – diante do qual só nos resta mudar nossa percepção trocando as lentes com as quais víamos o mundo. Através de novas lentes, este novo olhar nos mostrará que o mundo nada mais é que a projeção de nós mesmos e que todo sofrimento é decorrente da nossa incapacidade de sonhar e de transgredir e de AGIR para provocar as mudanças que queremos.

Estas mudanças somente ocorrerão a partir da transformação de cada ser individualmente, pois o mundo pode ser comparado a uma massa de modelar – tomará a forma que decidirmos dar. O mundo existe a partir do nosso projeto de como ele é percebido e pensado. Somos nosso próprio céu e inferno.

Dentro de cada um de nós há um lugar onde pensamentos, sensações, percepções, emoções, ações e acontecimentos são registrados para sempre, formando sombras e imagens que darão suporte para as nossas máscaras. Criamos um personagem para nós mesmos – para sermos aceitos pelo outro e, com isso, adotamos comportamentos repetitivos, moldando-nos conforme as necessidades. Nasce assim um tipo imagético, uma versão ‘melhorada’ daquilo que acreditamos…

Passamos a vida inteira ouvindo e introjetando que devemos ser pessoas boas, capazes de perdoar… o próprio Evangelho diz que devemos dar a outra face. Como dar a outra face se a alma está corrompida por falsos valores, pela necessidade de aplauso, por sombras nefastas, por verdades moralistas e sem sentido nenhum para a integridade do ser? Como perdoar o outro se ainda não encontrei o perdão para mim mesmo? Somente é possível perdoar-se através da autocorreção. Quando, por meio da autocorreção, perdoarmos a nós mesmos, estaremos prontos para ‘dar a outra face’.

Por Pedra Bucci

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