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O menino e a árvore
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Gil foi um filho muito desejado. Seus pais esperaram ansiosamente por sua chegada e ele era muito amado por todos.
Quando completou 5 anos de idade, seu pai lhe deu um presente inusitado. Uma muda de árvore.
Homem sábio, conversou demoradamente com o filho enquanto plantavam a muda no lugar mais bonito do jardim. Explicou que a árvore seria sua companheira de brincadeiras na infância, que na adolescência poderia oferecer abrigo seguro nos momentos de introspecção e admirável amiga na fase adulta, ofertando sombra e frutos frescos.


É certo que Gil não compreendeu a dimensão daqueles ensinamentos, mas sentia que aquele havia sido um presente especial. Uma árvore só sua!
Os anos foram passando e Gil e sua árvore cresciam em graça e saúde. A amizade entre eles também se solidificou. Gil conseguia até jogar bola com sua grande amiga!
Certo dia porém, Gil observou sua árvore ao longe e percebeu que ela havia entroncado e crescido muito. Mais que ele… E pensou: “Como assim mais alta que eu? Ela vai chegar cada vez mais perto do céu e eu não! Isso pode acabar com nossa amizade, pois a distância se estabelecerá entre nós!”
Neste dia, ele sequer apareceu no jardim.
A árvore, acostumada com as visitas diárias, ficou aflita em busca de notícias… Esforçava-se para balançar ao vento, a fim de avistar a movimentação da casa, mas nada descobriu…
Triste, considerou que sua única alternativa seria esperar…
Gil por sua vez, foi em busca de uma solução! Ligou seu computador e se pôs a buscar respostas na internet. E assim, entendeu ter descoberto a forma perfeita de corrigir aquela situação.
E pensou consigo mesmo:” Não vou permitir que cresça e se afaste mim. Eu te amo demais para permitir isso!”.
Buscou uma machadinha nas coisas do pai e partiu em direção à amada amiga.
Ela sorriu ao vê-lo se aproximar. Mas o sorriso foi se desmanchando ao perceber o que ele carregava nas mãos…
“Gil, o que é isto?” ela perguntou alarmada!
“Eu te amo amiga! Muito! Tanto que não vou permitir que nada nos afaste ou separe! Você está maior que eu e vai crescer ainda mais! Esta distância toda vai afetar a nossa amizade! Não posso deixar isso acontecer e por isso, vou podar você igual os chineses que inventaram o bonsai!”
A árvore chorou… um misto de ternura e tristeza por entender o tamanho daquele “amodor”… um sentimento que se aparece com amor mas que na verdade é um “mix” de grandes dores: a posse, o ciúme, a insegurança e o temor da perda.
Suspirou e falou: “ Gil, você pode me cortar inteirinha… ceifar meus galhos e folhas… Mas a natureza me regenerara e renascerei ainda maior. Não nasci para ser um bonsai. Nasci para as alturas.
Queria que entendesse que o amor desconhece distâncias e diferenças, porque este amor nos torna um só! Assim, quando você quiser chegar perto das nuvens, basta subir pelos meus galhos e seremos um observando o céu.
Saiba que eu caminho pelas ruas barulhentas com você, rio das travessuras que você faz na escola e aprecio contigo o bolo de laranja de sua mãe, porque quando você compartilha comigo suas vivências, eu as vivo e aprendo junto contigo.
E essa é a verdadeira essência do amor, dois universos que coabitam em harmonia e graça, complementando a vida de ambos.
Se quisermos, seremos sempre um do outro!”
Gil largou a machadinha e abraçou sua amiga fortemente. Quanto havia aprendido naquele momento!
Amar é deixar crescer e expandir! É respeitar as diferenças e aprender com a saudável convivência! Amar é confiar na força do amor, certo que não há perda nem dor!
E pela primeira vez, subiu os galhos com agilidade, acomodou-se nos braços da amiga e passaram a tarde toda conversando e brincando de adivinhar os desenhos que o vento esculpia nas nuvens…

 

Fonte: Visual Hunt

Por Dani Lourenço

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